Tribuna Foz - Tribuna Foz

Após desembarque do governo, centrão prepara plano para escantear Bolsonaro

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Após desembarque do governo, centrão prepara plano para escantear Bolsonaro
  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Google Plus00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

Após desembarque do governo, centrão prepara plano para escantear Bolsonaro

Parte considerável do centrão cristalizou um movimento político na semana que passou. Alinhado à direita nos últimos anos, o bloco não caminha mais ao lado de Jair Bolsonaro (PL). A intenção é ocupar o espaço deixado pelo ex-presidente.

O que aconteceu

Forças políticas estão se reposicionando para a provável condenação de Bolsonaro pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Como sempre, o centrão não agiu unido. Mas caciques de Republicanos, União Brasil e PP mostraram a direção que pretendem tomar para conquistar o Planalto nas próximas eleições.

Dois fatos ocorridos na última semana indicam o caminho escolhido. Dentro do ecossistema politico de Brasília, os acontecimentos abaixo rivalizaram em atenção com o julgamento de Bolsonaro.

Articulação de Tarcísio de Freitas pela anistia;

Desembarque de União Brasil e PP do governo Lula.

O movimento do centrão foi percebido pelos bolsonaristas. O deputado Cabo Gilberto (PL-PB) afirma que a tentativa do bloco é legítima porque buscar liderar um campo político é algo natural e esperado. Mas não vê futuro. Ele projeta a derrocada da tentativa do centrão em emplacar um nome fora do bolsonarismo e o retorno à órbita de influência do ex-presidente.

A esquerda também percebeu. O líder de um partido disse que viu como consequência o surgimento de uma terceira força no Congresso Nacional. À ala dos apoiadores de Tarcísio se somou à conhecida polarização entre parlamentares bolsonaristas e lulistas.

A movimentação fez Tarcísio virar alvo do PT. Líder do partido na Câmara, o deputado Lindbergh Farias (RJ) criticou a iniciativa do governador de São Paulo em tentar perdão aos manifestantes que destruíram as sedes dos Três Poderes.

Novo dono da direita

Uma aliança mudou o equilíbrio de forças da política nacional. União Brasil e PP se juntaram para formar a maior federação do Brasil. Chamada de União Progressista, ela tem a maior bancada de deputados, a maior bancada de senadores e oito governadores.

A federação é fiadora da candidatura de Tarcísio. O sucesso do governador de São Paulo numa eventual corrida presidencial é o instrumento usado pelo centrão para mudar o eixo da direita —comandada por Bolsonaro desde 2018.

Um elemento que escancara a tentativa de ruptura é a data de definição do candidato da direita a presidente. Bolsonaro e seus filhos insistem em manter o ex-presidente como nome da oposição até o março de 2026, o que permite à família comandar o processo.

O centrão quer antecipar a escolha. O argumento é que a construção de alianças exige tempo para negociações porque é preciso definir o nome a vice-presidente e as chapas que concorrem aos governos e ao Senado.

Essa liderança do processo ficaria com o centrão. Por meio de demonstrações coordenadas de alinhamento nas últimas semanas, Tarcísio e o bloco sinalizaram a disposição de selar uma aliança.

Não há garantia de sucesso. Esquerda e bolsonaristas ressaltam que Tarcísio é cria política de Bolsonaro e pode ser visto como traidor. Se souber negociar, o ex-presidente pode obter muitas concessões e preservar parte de seu capital político e capacidade de influenciar a direita.

Além disso, nem todo o centrão embarcou na canoa de Tarcísio. Entre os que não estão no projeto está o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tem atuado em consonância com o presidete Lula.

Protagonismo no Executivo

O centrão, nos moldes que existem hoje, surgiu em 2014 e é a maior força do Congresso Nacional. Esquerda e direita não têm força suficiente para aprovar projetos, e o lado que o bloco escolhe é vencedor nas votações.

Os presidentes do Senado e da Câmara têm sido do centrão. Esta posição dá ao bloco o poder de escolher quando e quais propostas serão votadas.

Mas o centrão quase sempre foi satélite de presidentes. Quando o bloco nem tinha este nome, compôs com o governo federal na primeira passagem de Lula pelo Planalto. A situação continuou na era Dilma Rousseff (PT).

Houve maior protagonismo do centrão na gestão Michel Temer (MDB). O bloco deu os votos necessários para o impeachment de Dilma e soube cobrar a fatura.

A ascensão de Bolsonaro tirou poder do centrão. A composição para o bloco apoiar o ex-presidente foi finalizada somente no segundo semestre de 2021.

A gestão Lula 3 tem o PT ocupando os principais postos. O centrão tem ministérios, mas não é capaz de ditar os rumos do governo federal. Além disso, a iniciativa de patrocinar Tarcísio para presidente fez União Brasil e PP anunciarem que vão entregar o cargos.

Republicanos, MDB e PSD, outros partidos do centrão, permanecem com postos no governo. Não estar unido em uma movimentação política é outra característica do bloco. O tamanho e interesses divergentes levam a cisões, mas os caciques conseguem impor sua vontade e determinar para qual direção o centrão vai.

Tarcísio é a bola da vez. Lula é o inimigo. Bolsonaro não será abandonado, mas não é prioridade.

Fonte: Uol

  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Google Plus00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp