Operação na Argentina derruba acesso de milhares de brasileiros a gatonet

Uma operação contra pirataria na Argentina tirou acesso de milhares de brasileiros a serviços de gatonet neste fim de semana. Não há números oficiais de pessoas afetadas, porém há centenas de reclamações em redes sociais e sites especializados sobre a indisponibilidade.

O que aconteceu

Operação foi realizada no fim de agosto, mas serviços começaram a cair neste fim de semana. De acordo com a Alianza, associação da indústria audiovisual que combate à pirataria na América Latina, processo corre em segredo de Justiça e principal tese é que desativação ocorre conforme Ministério Público da Argentina avança nas investigações contra organização.

Foram desativados dezenas de serviços que vêm em tv boxes piratas. Desses, os mais famosos são o My Family Cinema e o Eppi Cinema - que funcionam como espécie de "Netflix pirata" - e o TV Express, que libera centenas de canais de TV de forma ilegal.

Redes sociais e sites especializados mencionam reclamações de clientes com apps fora do ar. "Do nada, meu app [TV Express] sofreu atualização e hoje parou de funcionar, e meu contrato só vence em março", diz uma das pessoas no ReclameAqui. Sobre o MyFamily Cinema, uma pessoa diz que "plano de 1 ano foi pago e fiquei sem o serviço de um dia para o outro. O que fazer?".

"Devido a questões de direitos autorais, esta marca deve encerrar permanentemente seus serviços. Agradecemos sinceramente pela sua confiança e apoio ao longo dos anos. Esperamos que nosso produto tenha proporcionado boas lembranças para você e sua família. Desejamos tudo de melhor na descoberta de novos aplicativos que enriqueçam sua vida digital".

Vários serviços de pirataria foram afetados presentes em tv boxes de marcas, como BTV e Duosat. Além dos já citados, a operação derrubou acesso a plataformas como Weiv TV, Cinefly, Red Play, Duna TV, Boto TV, Break TV, VTV, Blue TV, Super TV Premium, HOT, ONpix, PLUSTV, Mix, Venga TV, ALA TV, Pulse TV, Football Zone, Nossa TV, MegaTV+, Cineduo, Megamax+, GTV, Nebuplus e Onda TV.

Argentina era centro de marketing da pirataria

Investigação na Argentina achou "centro de comando" de serviços piratas na região. Operação foi realizada em setembro e o principal mercado é o brasileiro. Segundo Jorge Bacaloni, presidente da Alianza, escritório em Buenos Aires cuidava do marketing e vendas de pirataria para o mundo inteiro, enquanto a administração, finanças e TI ficam na China.

Ao todo, havia 6,2 milhões de assinantes no mundo - desses, 4,6 milhões são brasileiros. No auge, diz a associação, o grupo chegou a ter 8 milhões de clientes. Estima-se que o grupo movimenta entre US$ 150 milhões (cerca de R$ 800 milhões) e US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) anualmente.

Como funciona a pirataria

TV boxes piratas contam com versão Android modificada com apps de conteúdo ilegal. Na maioria das vezes, aplicativos acessam conteúdo de streaming e TV por assinatura mediante ao pagamento de uma taxa, que pode ser mensal, semestral ou anual.

Pelo fato de os serviços serem pago, muitos consumidores acreditam estar usando serviços legais. Inclusive, registram queixas em páginas como o ReclameAqui e até já procuraram a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) para relatar problemas.

Apesar da indisponibilidade, piratas, na maioria das vezes, conseguem contornar bloqueios. Em reportagem do UOL Prime, abordamos a dificuldade de barrar o gatonet. A principal questão é que organizações atualizam aparelho, que redireciona acesso a outros servidores para normalizar o serviço.

Fonte: Uol