Região sul de Foz sofre quase 20 apagões em apenas 6 horas
Por Tribuna Foz dia em Notícias
"LUZ PARA POUCOS"
Região sul de Foz sofre quase 20 apagões em apenas 6 horas
Para quem sofreu pela falta de luz, a pergunta é direta e simples. Até quando Foz do Iguaçu terá que suportar viver à mercê da “Luz para Poucos”?
A Companhia Paranaense de Energia, a tão falada Copel, antes orgulho paranaense, hoje parece ter abraçado um novo slogan não oficial: “Luz para Poucos”. E nenhum lugar sente isso com mais força do que a região sul de Foz do Iguaçu, especialmente o Bairro Porto Meira, que neste último sábado, 29, e madrugada de domingo, 30 de novembro de 2025, foi submetido a um verdadeiro calvário elétrico.
Quase 20 apagões em menos de 6 horas. Um recorde negativo digno de uma companhia em franca decadência.
Os cortes começaram por volta das 20h e se estenderam madrugada adentro, deixando famílias no escuro, interrompendo o trabalho de comerciantes e devastando eletrodomésticos, alimentos armazenados e a paciência de quem ainda tenta acreditar no serviço prestado. O pior? Não é a primeira vez. No ano passado, a Copel teve a audácia de culpar “gambás” pelos apagões, uma justificativa tão ridícula que já virou piada em grupos de moradores. Mas a piada perde a graça quando a conta de luz chega sempre em dia, enquanto a energia falta com uma frequência humilhante. Será que desta vez, quem foi eletrocutado foram uma ninhada de gambas?
O impacto dessa instabilidade é direto e devastador. Um comerciante da região, cansado de contabilizar prejuízos, desabafou: “Temos que denunciar. Não sei se é para a ANEEL ou para o Ministério Público, mas temos direito a uma resposta da Copel.”
E ele não está sozinho. Cada apagão é um golpe na rotina de milhares de pessoas que dependem de energia estável para trabalhar, estudar, preservar alimentos, realizar tratamentos de saúde ou simplesmente viver com dignidade.
A situação fica ainda mais revoltante quando se observa o cenário estadual e nacional. Segundo o Sindelpar (sindicato dos Eletricitários do Paraná), citando dados da própria ANEEL, a Copel ocupa hoje a antepenúltima colocação entre todas as concessionárias de energia do Brasil. Sim, pior até que a Enel, conhecida pelos vexames no estado de São Paulo. Copel, uma vergonha histórica para uma companhia que, por décadas, foi referência de qualidade.
E os dados não param por aí. Reportagem do Plural expôs uma queda vertiginosa da Copel nos últimos anos. De acordo com o ranking anual da ANEEL:
Em 2021, a Copel era a 10ª colocada.
Em 2022, despencou para a 22ª.
Em 2023, após a privatização, caiu ainda mais, para a 25ª posição.
Em 2024, afundou definitivamente para a 29ª colocação, ficando à frente apenas da CEE (RS) e da Equatorial (GO). Isso significa que, hoje, a Copel é uma das três piores concessionárias de energia do país.
O índice que mede essa vergonha é o Desempenho Global de Continuidade (DGC), baseado na duração (DEC) e na frequência (FEC) das interrupções. E, claro, o DGC da Copel subiu de 0,86 para 0,92. Um crescimento que, nesse caso, não significa evolução, mas agravamento da precariedade.
Enquanto isso, a população sofre. Sofre no calor, no escuro, no prejuízo. Sofre com uma companhia que cobra caro, entrega pouco e culpa gambás. Sofre com um governo estadual omisso, que permite que a privatização tenha transformado a Copel em uma sombra do que já foi.
Cada apagão na região sul é mais que falta de energia: é falta de respeito, falta de investimento, falta de compromisso. É o retrato de uma empresa que virou símbolo de incompetência e abandono.
Para quem sofreu pela falta de luz, a pergunta é direta e simples. Até quando Foz do Iguaçu terá que suportar viver à mercê da “Luz para Poucos”?
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 425, Página 12, de autoria do Jornalista Enrique Alliana
