Conversa vaza na internet e escancara possível "rachadinha" entre Luciano Alves e Beto Preto
Por Tribuna Foz dia em Notícias

TURMA DO BARULHO
Conversa vaza na internet e escancara possível "rachadinha" entre Luciano Alves e Beto Preto
O áudio secreto vazou nos grupos e revela a possibilidade de um acordo espúrio entre o deputado e o secretário estadual da Saúde
Se a política brasileira fosse uma série da Netflix, o deputado federal Luciano Alves seria aquele personagem secundário que vira protagonista pela quantidade de confusão que arruma. Desta vez, o roteiro saiu do controle com um vazamento de áudio digno de uma novela mexicana.
A protagonista do momento é Leticia Mezzomo, chefe de gabinete do parlamentar, que em uma conversa nada discreta, deixou escapar um suposto esquema de rachadinhas que, se confirmado, pode derrubar castelos - e carreiras.
No áudio que circula com a velocidade de um meme nas redes, Leticia desabafa:
"Luciano: se o 'Jefinho' contou pra alguém do salário dele, tá? Porque os caras tão falando: até o salário do 'Jefinho'... Daí o Carlos vem dizer que eu estou devolvendo... Você precisa ouvir e ver o que eles dizem... que você não vai falar pro Beto Preto, que é 40% pra você e 60% pro Beto, e acabou... Olha, VOCÊ TÁ PROIBIDO DE FALAR COM O BETO, ENTENDEU?"
40% pra um, 60% pro outro
Sim, você leu certo: 40% pra um, 60% pro outro. Não estamos falando de sociedade empresarial, e sim de divisão de verbas públicas - se for verdade, é o bom e velho "rachid", prática que virou gíria para corrupção institucionalizada.
O "Beto" mencionado no áudio é ninguém menos que Beto Preto, deputado federal e atual secretário estadual de Saúde, nomeado pelo governador Ratinho Jr. Com sua saída para o executivo estadual, a cadeira na Câmara ficou vaga e... surpresa! Luciano Alves assumiu como primeiro suplente. Que sorte, não é mesmo?
Mas como toda boa trama política, o que era apenas boato agora ganha voz - literalmente. Durante muito tempo, corria pelos corredores da política paranaense a suspeita de que havia um esquema de rachadinhas entre Luciano Alves e Beto Preto, envolvendo salários de assessores, verbas de combustível, correio, passagens aéreas e "outras cositas más". Até agora, tudo no terreno da especulação. Mas com o vazamento do áudio, o escândalo salta da ficção para a dura realidade.
O Ministério Público e o Conselho de Ética da Câmara já são pressionados nos bastidores a abrir investigação. E não é para menos. Caso o áudio seja validado, trata-se de um flagrante de um esquema criminoso que pode sujar a imagem não apenas de dois parlamentares, mas arranhar a reputação de uma Casa já carcomida pela desconfiança popular.
Ratinho Jr na fita
E quanto ao governador Ratinho Jr? Aspirante à presidência da república, pode se ver obrigado a exonerar Beto Preto para evitar que o escândalo respingue em seu projeto político. Um tiro no pé - ou melhor, um rachid no coração do governo.
Se isso acontecer, Luciano Alves volta ao banco de reservas da política nacional e retoma sua carreira de "blogueiro de boteco", como era conhecido em tempos de campanha, quando se destacava mais por suas polêmicas em redes sociais e confusões em público do que por propostas sólidas.
Saiba o que é a famosa "rachadinha"
Diante de mais essa palhaçada, cabe uma reflexão final - e uma explicação, para os desavisados. Rachadinha, caros leitores, não é aquela coisa que a mulher tem e que os homens perseguem com fervor. Trata-se, na verdade, de uma prática abjeta, que consiste na devolução de parte dos salários ou verbas públicas por assessores a seus superiores. Um roubo institucionalizado, feito por dentro, sorrateiramente, e que mina a já combalida confiança no serviço público.
Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, muitos seguem rindo - ou melhor, se escandalizando - com as estripulias de Luciano Alves. Um personagem que parece ter saído de um episódio de "Os Trapalhões", mas cujos atos têm impacto real, danoso e vergonhoso sobre o erário e sobre a imagem da política brasileira. Aguardamos os próximos capítulos. Spoiler: vem investigação por aí.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 411, página 16, de autoria do Jornalista Enrique Alliana