General Silva e Luna teria se dobrado e loteado a prefeitura com vereadores?

Vereador Edmilson Aparecido Passos, o "Galhardo" teria indicado dois diretores para a Secretaria de Obras do governo do General Silva e Luna

Enrique Alliana - Jornalista

O prefeito eleito de Foz do Iguaçu, General Silva e Luna, tem sido alvo de uma série de especulações e acusações desde a sua eleição. A principal dúvida que paira sobre a sua administração é se ele, de fato, teria feito um “loteamento” dos cargos da prefeitura, cargos este indicados por vereadores, suplentes e até vereadores derrotados para ocupar posições importantes dentro do Executivo municipal. Essa situação será esclarecida no dia 1º de janeiro de 2025, quando o novo governo tomará posse, mas as evidências e indícios apontam para a veracidade dessa prática.

Uma foto que circula nas redes sociais mostra uma lista de nomes indicados para ocupar cargos na Secretaria de Obras da cidade, um dos setores mais importantes da administração municipal. O conteúdo da lista levanta ainda mais suspeitas sobre o suposto loteamento. Na relação de nomeações, figura como Secretária de Obras a engenheira civil Thaís Ramos Ribeiro Escobar já confirmado pelo próprio general. A lista também revela uma série de diretorias, todas ocupadas por engenheiros e profissionais ligados à área de infraestrutura.

Os nomes indicados para a Secretaria de Obras e as diretorias são:

Diretor de Obras: Engenheiro Civil Gabriel Simoneto;

Diretor de Iluminação Pública, Controle de Frotas e Manutenção de Equipamentos: Engenheiro Civil Fábio Cardoso Neves;

Diretor de Saneamento e Infraestrutura: Engenheiro Civil Carlos Hauenstein;

Diretor de Pavimentação: Engenheiro Civil Valdir Lavínic;

Diretor de Meio Ambiente: Engenheiro Ambiental Felipe Samways;

Assessoria Técnica: Engenheira Ambiental Franciele Guilhardi;

Assessor: Engenheiro Civil Gabriela Pacheco;

Assessor: Engenheiro Ambiental Douglas Raphael.

Indicados pelo Vereador Galhardo

Entre os nomeados, Felipe Samways e Franciele Guilhardi, são conhecidos por serem assessores do vereador Edmilson Aparecido Passos, também conhecido como "Galhardo", atual vereador da cidade. Galhardo, por sua vez, é investigado pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) por possíveis envolvimentos com práticas de "rachadinha" dentro da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu. A indicação de Samways e Guilhardi, ambos ligados a Galhardo, levanta questões sobre a relação estreita entre o Legislativo e o Executivo no novo governo.

Indicativo

Essa situação é um indicativo claro de que o General Silva e Luna, em sua gestão, pode ter feito uma série de concessões políticas ao Legislativo, o que, na prática, é conhecido como “loteamento” dos cargos comissionados. A nomeação de pessoas ligadas a vereadores e suplentes para cargos importantes da administração pública pode ser vista como uma forma de garantir apoio político para o novo governo, mas também gera um desconforto entre os cidadãos, que podem questionar a ética e a transparência dessa prática.

Além disso, rumores afirmam que vereadores não eleitos e suplentes teriam direito de indicar, cada um, pelo menos dois diretores para a gestão municipal. Alguns falam que até quatro diretores seriam indicados diretamente pelos vereadores eleitos para cargos chave da prefeitura. Porém, até o momento, essas informações são apenas especulações e, de fato, só será possível comprovar essa prática após a posse de Silva e Luna, em janeiro de 2025.

Se tudo isso se confirmar, a expectativa é que o General Silva e Luna perca parte da imagem de "linha dura" que construiu durante a campanha, sendo acusado de ceder a pressões políticas e realizar um governo baseado em interesses pessoais e partidários. Essa postura contradiz a ideia de um governo de combate à corrupção e à má gestão pública, algo que muitos eleitores esperavam do ex-general.

Em um cenário como esse, a falta de transparência na nomeação de cargos e a clara presença de influências políticas nas escolhas para o Executivo podem prejudicar a confiança da população na nova administração. Para muitos, o “loteamento” pode ser um sinal de que o novo governo está mais preocupado em garantir apoio político e cargos para aliados do que em promover uma gestão eficiente e livre de influências externas.

Fica a pergunta: o General Silva e Luna, que se elegeu com o discurso de ser uma figura dura, capaz de combater as velhas práticas políticas, realmente se dobrou aos interesses de vereadores e suplentes, estabelecendo um sistema de favorecimento para garantir sua governabilidade? Essa questão será respondida, em boa parte, após a posse e o desenrolar das primeiras ações do novo governo, mas, até lá, a cidade de Foz do Iguaçu permanece atenta aos rumos da administração pública e aos possíveis impactos dessa prática de “loteamento”.