Governo argentino libera comércio a vender produtos e serviços em dólar
Por Tribuna Foz dia em Notícias
Governo argentino libera comércio a vender produtos e serviços em dólar
Uma das promessas do presidente Javier Milei era dolarizar a economia argentina. Após um ano de governo, o Ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou que a partir de hoje (17/01/2025) o preço de bens e serviços poderá ser cobrado em dólar americano ou em outra moeda estrangeira.
Ainda segundo o Ministro da Economia da Argentina, a norma prevê que os estabelecimentos comerciais indiquem o preço por unidade e que ele seja compatível com o que será cobrado nos caixas das lojas. A iniciativa acompanha os regulamentos que permitem o pagamento com cartão de débito em dólar, autorizados pelo governo no mês passado.
Muitas dúvidas, no entanto, surgiram entre os argentinos, que passaram a se perguntar se os estabelecimentos podem se recusar a receber em peso argentino na hora do pagamento e se os comerciantes podem cobrar apenas em moeda estrangeira, sem a obrigação de cobrar em moeda nacional.
De acordo com o Ministro da Economia, o preço será exposto em pesos argentinos e em dólar, e outras moedas estrangeiras, e o consumidor vai escolher a moeda com a qual quer pagar.
"O cartão de débito vai debitar diretamente os pesos ou dólares de sua conta. Será o mesmo cartão para as duas moedas, ou seja, não haverá operação de câmbio. Claro que a pessoa terá que ter dólares na conta. Também poderá pagar via QR ou em parcelas", explicou o Ministro Caputo, em sua conta no X.
Nas redes sociais, uma onda de manifestações, desde pessoas apoiando a medida do governo até as que criticaram a determinação, já que a Argentina não tem dólares. "Pode cobrar o produto em dólar, mas os argentinos ganham em peso", ironizou um argentino.
O governo argentino esclareceu que a medida deve expor "o valor líquido dos produtos, sem a incidência dos impostos que impactam os preços, que devem ser acompanhados da legenda 'preço sem impostos nacionais'".
A iniciativa é opcional e não obrigatória. "É opcional, não imperativo. Quem quiser, poderá exibir o preço das coisas em dólares, junto com os pesos. A moeda legal é o peso. Todos os bens e serviços oferecidos têm que ter seu preço em pesos e também pode ser feito em dólares", explicaram fontes do governo à imprensa argentina.
Uma das maiores dúvidas dos argentinos é saber qual é a cotação do câmbio que será considerado, já que no país a maioria das transações econômicas são realizadas com a cotação informal, conhecida como câmbio blue, seja com o dólar ou mesmo com o real brasileiro.
Dolarização informal já acontecia
O setor imobiliário também já está vivendo esse processo de dolarização. Em sites especializados, é comum encontrar um imóvel sendo anunciado na moeda americana. Alguns anúncios mostram duas opções de pagamento, em peso argentino e em dólar, outros apenas em dólar.
Em Buenos Aires e também nas cidades de fronteira com o Brasil, como Puerto Iguazu, é comum encontrar estabelecimentos comerciais dedicados ao turismo, que anunciam seus preços em até quatro moedas: dólar, euro, peso e real.
Na rua Florida, no centro da capital portenha, muitos brasileiros compram mercadorias e lembranças turísticas com o real. Os estabelecimentos mostram o valor na cotação do dia, usando geralmente o câmbio informal. Essa prática, no entanto, era limitada a alguns comércios turísticos. Agora, com a iniciativa do governo argentino, essa prática está autorizada em todos os estabelecimentos comerciais.
Fonte: Uol