Malafaia se diz indignado com bandeira dos EUA em ato na Paulista, mas Eduardo Bolsonaro elogia

Pastor afirma que não vai mais permitir uso em manifestações que organiza e diz que iniciativa foi armação da esquerda ou de bolsonarista que "não pensa"

O pastor Silas Malafaia, que coordenou o ato pró-Bolsonaro realizado na Avenida Paulista neste domingo, 7 de setembro, declarou estar profundamente incomodado com a presença de uma bandeira dos Estados Unidos durante a manifestação. Segundo ele, a cena foi incompatível com a proposta do evento, que celebrava a Independência do Brasil. A declaração foi dada à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.

"A minha vontade era pedir para arrancar [a bandeira]. Esse pessoal não tem noção nenhuma", afirmou o religioso. "Eu fiquei tão indignado quando vi aquela bandeira que você não queira nem [saber]", completou. "Eu sou contra bandeira americana na nossa manifestação. Eu sou 100% contra."

Malafaia também criticou a cobertura da mídia, especialmente a do grupo Globo, por destacar a imagem da bandeira norte-americana no noticiário. "Parece que eu estava adivinhando que a [TV] Globo, que são uns bandidos, tiraria uma foto grande com a bandeira [norte-americana]", disse.

De acordo com o pastor, a bandeira ficou visível por apenas alguns minutos entre o início da manifestação, às 13h, e seu encerramento, às 17h30. "Mas foi a foto que eles [veículos de imprensa] queriam", argumentou. "Foto grande com a turma do PT toda de vermelho [em manifestações] não tiram!"

Após as críticas, Malafaia voltou a se manifestar, desta vez levantando suspeitas sobre uma possível armação da esquerda para desmoralizar o evento. "Posso te falar uma verdade? A minha ficha está caindo. Quem é que vai me dizer que não foi a turma da esquerda que estava ali e estendeu [a bandeira dos EUA]? Que não foi a própria esquerda que plantou isso para tentar desmoralizar o nosso evento, que era patriota, de 7 de setembro? Foi muita coincidência esse negócio", declarou em novo áudio.

Ele também sugeriu que, se não foi um ato da oposição, pode ter sido uma iniciativa mal pensada de apoiadores. "Não sei se não foi uma armação, sabe? Pode ser até [iniciativa] de gente nossa mesmo, de bolsonarista, de gente que não pensa. E pode ser de alguém da esquerda. Eles são terríveis", disse.

Malafaia explicou ainda que, no momento em que percebeu a bandeira norte-americana, estava focado na organização do evento. "Estava preocupado com o evento, nem me preocupei [em saber] como estenderam uma bandeira bem perto [do caminhão de som em que estavam as autoridades]", comentou. Ele garantiu que esse tipo de situação não se repetirá em manifestações futuras. "Mas eu prometo uma coisa: qualquer outra manifestação que eu estiver no comando, quero ver quem vai estender uma bandeira americana", declarou.

Por outro lado, a oposição reagiu às falas de Malafaia. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ironizou a tentativa de dissociar o movimento bolsonarista da bandeira norte-americana. "O estrago dessa imagem foi grande, e Malafaia tenta explicar o inexplicável. Tinha bandeira no Rio de Janeiro, boneco do [Donald] Trump em outras manifestações", afirmou. Ele ainda criticou o pastor por tentar transferir a responsabilidade à esquerda: "Ele pensa que as pessoas são idiotas ao tentar culpar a esquerda. Essa é a política deles mesmos, tanto que o [deputado federal] Eduardo Bolsonaro está elogiando a bandeira dos EUA na avenida", concluiu.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou em suas redes sociais mensagens de apoio à exibição da bandeira norte-americana durante o ato. Ele afirmou:

"Por que uma bandeira dos EUA no dia da Independência do Brasil? As ditaduras geralmente são derrubadas de fora para dentro, porque dentro delas os tiranos censuram qualquer ferramenta que possa fazê-los perder o poder. É por isso que no Dia da Independência do Brasil as pessoas foram às ruas para desmentir a narrativa oficial de que Donald Trump não tem legitimidade no Brasil e que há um ataque americano em andamento contra a soberania nacional. Não! Os brasileiros não precisam mais das prostitutas da mídia tradicional, ricamente pagas com o dinheiro dos contribuintes, para se informarem. E sim, somos um povo educado que sabe agradecer àqueles que nos ajudam na guerra para resgatar nossas liberdades e a democracia."

Ele finalizou a publicação com uma mensagem em caixa alta: "Muito obrigado, presidente Donald J. Trump, por trabalhar para consertar a bagunça deixada por seu antecedente".

Fonte: Terra