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Sindicato denuncia desigualdade logística na fronteira e cobra respeito aos motoristas de cargas

Por Tribuna Foz dia em Notícias

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SITROFI

Sindicato denuncia desigualdade logística na fronteira e cobra respeito aos motoristas de cargas

Enrique Alliana - Jornalista

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Foz do Iguaçu e Região Oeste (SITROFI) tornou pública uma Nota de forte teor crítico em defesa dos motoristas do transporte de cargas que atuam na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. O documento escancara um cenário considerado pela entidade como profundamente desigual, injusto e prejudicial tanto aos trabalhadores brasileiros quanto à logística nacional, comprometendo a soberania do País em uma das regiões mais estratégicas do comércio internacional.

Assinada pelo presidente do Sindicato, Rodrigo Andrade de Souza, a Nota Pública relata que a atual dinâmica de circulação de caminhões na fronteira impõe sacrifícios extremos aos motoristas brasileiros. No sentido Brasil–Paraguai, a circulação ocorre apenas durante o período diurno, sob a justificativa de que a Aduana Paraguaia encerra suas atividades às 19 horas. Já no sentido Paraguai–Brasil, a operação é concentrada no período noturno, com clara priorização das cargas paraguaias, especialmente os granéis.

Segundo o SITROFI, cerca de 80% do transporte de granéis é realizado por empresas paraguaias, o que evidencia um favorecimento estrutural às transportadoras do país vizinho. Na sequência da liberação noturna, seguem as cargas gerais e, apenas ao final, os caminhões vazios. Esse modelo resulta em filas que se estendem por quatro ou cinco dias, deixando motoristas retidos em condições extremamente precárias.

A situação é agravada pela total falta de infraestrutura adequada, sobretudo do lado paraguaio da fronteira. Não existem áreas oficiais de espera, pátios organizados, banheiros, locais para descanso, alimentação ou segurança mínima. Os motoristas permanecem durante todo o dia em locais improvisados e inseguros, vigiando seus caminhões, para então enfrentar jornadas noturnas exaustivas, o que compromete a saúde física, mental e a segurança desses profissionais.

Para o presidente do SITROFI, Rodrigo Andrade de Souza, trata-se de um sofrimento diário imposto a trabalhadores essenciais para o abastecimento do Brasil. “São profissionais que passam grande parte de suas vidas na estrada, longe da família, e que hoje estão submetidos a condições incompatíveis com a dignidade humana”, afirma.

O Sindicato também chama atenção para a falta de reciprocidade entre os países. Enquanto o Brasil flexibilizou horários e abriu exceções para favorecer a exportação paraguaia, o Paraguai não adota o mesmo regime para as cargas brasileiras. O resultado, segundo a entidade, é um acúmulo de vantagens operacionais para um lado e prejuízos econômicos, sociais e logísticos para o outro.

A abertura da Ponte da Integração representou um avanço significativo ao permitir a travessia de caminhões vazios durante o dia, das 7h às 19h. A medida contribuiu para a organização do fluxo, redução de riscos e melhoria das condições de trabalho. No entanto, o SITROFI alerta que essa conquista está ameaçada por pressões de grupos empresariais interessados em explorar comercial e turisticamente a ponte, desviando-a de sua finalidade original.

Rodrigo Andrade de Souza reforça que a Ponte da Integração foi concebida para atender prioritariamente o transporte de cargas, reduzindo gargalos logísticos e aumentando a eficiência do comércio internacional. “Qualquer mudança nesse propósito precisa ser discutida de forma técnica, transparente e com a participação das autoridades brasileiras e das representações dos trabalhadores”, destaca.

Diante do cenário, o Sindicato defende que a travessia de caminhões, especialmente os vazios, ocorra prioritariamente no período diurno, permitindo que os motoristas tenham acesso a locais adequados para descanso, higiene e pernoite. A entidade foi enfática ao afirmar que não aceitará retrocessos, condições degradantes ou decisões impostas sem diálogo.

Caso o modelo atual persista, o SITROFI informa que poderá adotar todas as medidas sindicais e legais cabíveis, inclusive mobilizações e paralisações. “Valorizar o motorista é valorizar o Brasil”, conclui Rodrigo Andrade de Souza. “Nenhum direito a menos. Trabalho digno, de dia e com respeito.”

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