Argentinos buscam alimentos descartados para sobreviver
Por Tribuna Foz dia em Notícias
Argentinos buscam alimentos descartados para sobreviver
País passa por sua pior crise econômica em décadas
Sandra Boluch, vendedora de frutas e verduras em Buenos Aires, está observando tendência preocupante à medida que a inflação na Argentina atinge mais de 250%: vendas em queda e mais pessoas pegando o que ela joga fora, na esperança de encontrar o suficiente para uma refeição.
O país está passando por sua pior crise econômica em décadas, com o novo governo do presidente Javier Milei tentando conter a inflação de três dígitos com medidas de austeridade severa, o que está impulsionando as finanças do Estado, mas também pressionando a população.
Estudo feito no mês passado mostrou que a pobreza na Argentina estava próxima de 60%, em comparação com os 40% do ano anterior, pressionando os planos de reforma e os cortes de gastos de Milei para que apresentem resultados rápidos, uma vez que a insatisfação cresce em todo o país e as pessoas apertam o cinto para tentar sobreviver.
"Temos alguns contêineres nos fundos onde o lixo é descartado e, quando você vai com uma caixa, vê 20 pessoas vindo para ver o que podem levar como prato de comida para a mesa delas", disse Boluch, acrescentando que isso já havia acontecido antes, mas que agora vê número muito maior de pessoas. "A verdade é que é algo muito difícil, muito triste, porque há muitas pessoas e muitos idosos."
Milei, enfrentando uma crise que herdou, tem implementado algumas medidas duras para combatê-la, incluindo cortes dolorosos nos gastos do Estado, como subsídios para serviços públicos e transporte, ao mesmo tempo em que procura simplificar os programas de bem-estar social.
Seu governo desvalorizou o peso em mais de 50% em dezembro, o que aumentou ainda mais a inflação. Os preços, mesmo em dólares, começaram a subir, e os argentinos de todas as classes sociais estão se sentindo prejudicados.
"A situação é muito grave", acrescentou Boluch. "As pessoas estão levando menos quantias, suas carteiras estão realmente sofrendo." O governo divulgará os dados da inflação de fevereiro ainda nesta terça-feira, com estimativas de que o aumento mensal será de cerca de 15,3%, abaixo dos 20% de janeiro e dos 25% do mês anterior. Anualmente, o índice permanecerá acima de 250%.
No entanto, Milei disse que março pode ser "complicado" e que os sinais na economia parecem sombrios, com queda nas vendas, na atividade e na produção, enquanto as medidas de austeridade reduziram as pensões, os salários do Estado e o investimento público.
Fonte: Agência Brasil