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General Silva e Luna vira alvo de críticas nas redes após vídeo sobre asfaltamento

Por Tribuna Foz dia em Notícias

General Silva e Luna vira alvo de críticas nas redes após vídeo sobre asfaltamento
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DESCONTENTAMENTO

General Silva e Luna vira alvo de críticas nas redes após vídeo sobre asfaltamento

População acusa gestão de descaso, mentiras e maquiagem urbana. O que era para ser uma peça institucional de autopromoção acabou por expor o profundo descontentamento dos moradores com a atual gestão

Na tentativa de apresentar ações de infraestrutura e prestar contas à população, a Prefeitura de Foz do Iguaçu acabou gerando uma avalanche de reações negativas nas redes sociais. O que era para ser uma peça institucional de autopromoção acabou por expor o profundo descontentamento dos moradores com a atual gestão. O vídeo, pago com recursos públicos e publicado nas plataformas digitais da Prefeitura, traz o prefeito General Joaquim Silva e Luna e a secretária de Obras, a engenheira Thaís Escobar, anunciando investimentos no recapeamento e na recuperação asfáltica da cidade.

Entretanto, o conteúdo não foi bem recebido — e provocou uma verdadeira catarse coletiva nos comentários.

Sob a promessa de recuperar mais de 600 quilômetros de malha viária urbana, o prefeito afirmou que a administração está “trabalhando passo a passo, priorizando os trechos mais críticos”, prometendo ruas “mais seguras e trafegáveis para todos”. Mas para a população que vive o cotidiano da buraqueira, dos remendos malfeitos, do asfalto que desmancha à primeira chuva e da lentidão das obras, a fala foi vista como ofensiva e, pior, como mentirosa.

As críticas foram imediatas e numerosas. Em menos de 24 horas, a publicação já acumulava mais de uma centena de comentários, quase todos reprovando duramente a gestão e desmascarando os argumentos apresentados. Para muitos cidadãos, a propaganda não passa de maquiagem para esconder o fracasso do governo na infraestrutura urbana.

A mentira como estopim: Secretária de obras vira foco de indignação

O estopim do furor popular parece ter sido uma declaração da secretária de Obras, Thaís Escobar. No vídeo, ela afirma que, durante o governo anterior, do ex-prefeito Chico Brasileiro, havia apenas uma equipe de tapa-buracos. A fala foi prontamente desmentida por dezenas de cidadãos, que citaram haver quatro equipes atuando na época.

Valdecir Moreira Faria foi direto: “Mentira, o Chico tinha 4 equipes de asfalto. Esse serviço que estão fazendo, na primeira chuva fica pior. Tem que fazer serviço bem feito, não porcaria.”

A mentira, ou no mínimo o erro grave de informação, deu o tom do restante da repercussão: descrédito, indignação, ironia e, sobretudo, frustração com promessas não cumpridas. A tentativa de desqualificar gestões anteriores para justificar a lentidão atual mostrou-se um tiro no pé.

População se revolta com propaganda dissonante da realidade

O que chama atenção é o tom quase unânime das críticas. Comentários como “A cidade tá igual a lua, cheia de cratera”, “Na primeira chuva vai tudo embora” e “Vergonha de administração” são recorrentes. Muitos cidadãos apontam que o serviço de tapa-buracos é paliativo, ineficaz e mal executado.

O morador Carlos Santana fez uma cobrança objetiva: “Tem que substituir secretário e diretores dessa secretaria de obras. Está deixando muito a desejar.” Já Luiz Pereira Morais foi mais ácido: “Se esse prefeito andar a pé nas ruas de Foz, ele pode cair num buraco desses e não conseguir mais sair.”

Em meio a denúncias de abandono de bairros inteiros, como Jardim Ipanema, Gramado e Porto Meira, os relatos expõem não só a precariedade do asfalto, mas também a sensação de invisibilidade dos moradores periféricos.

 

PREFEITO ENGANADOR?

O marketing da maquiagem urbana falsificada

Imagens de obras, falas ensaiadas, promessas ambiciosas. Mas essa tentativa de criar uma narrativa positiva da gestão colide frontalmente com a realidade nas ruas

A peça publicitária divulgada pela Prefeitura tem uma estética típica do marketing institucional falsificado: imagens de obras, falas ensaiadas, promessas ambiciosas. Mas essa tentativa de criar uma narrativa positiva da gestão colide frontalmente com a realidade nas ruas.

Essa desconexão entre discurso e prática é o que mais parece irritar os moradores. Muitos interpretaram a propaganda como uma tentativa de iludir ou minimizar os problemas. Para alguns, a escolha do general Silva e Luna como prefeito já era vista com desconfiança, por sua origem militar e aparente distanciamento da cidade. Agora, esse distanciamento se manifesta também no discurso público.

Felipe Adams resumiu o sentimento: “Ainda não consegui entender como elegeram um cara que nem conhece a cidade direito.”

Desconfiança e desgaste político

O vídeo sobre o asfalto parece ter sido o estopim de um desgaste político que já vinha se acumulando em outras áreas. Diversos comentários fazem referência não só à má qualidade do asfalto, mas também a problemas na saúde pública, abandono de obras, falta de transparência e ausência de liderança política.

Maycon Aparecido Rosa Silva foi contundente: “General, vai criar vergonha na cara e cumprir o que prometeu pra população. Na hora de pedir voto, prometeu o mundo e o fundo, e até agora nada. O que é mais importante está abandonado: a saúde.”

Outros apontam para o risco de favorecimento de empresas na contratação de serviços de pavimentação, questionando a ausência da usina municipal de asfalto e insinuando relações políticas obscuras.

“Prefeito, o município não tem mais a usina de asfalto? Ou vamos contratar empresas dos amigos? Não envergonhe seus eleitores. Estamos só observando”, escreveu Newton Capelari.

“Tapa-buraco” vira símbolo da gestão, afinal o general se diz "especialista em asfalto"

A operação tapa-buracos se transformou em um símbolo da gestão Silva e Luna — e não no bom sentido. Sinônimo de improviso, precariedade e falta de planejamento, o serviço é visto como maquiagem urbana que dura até a próxima chuva.

“Só chover, abre tudo de novo. É gambiarra”, afirmou Ricardo Nortel. “Tapa teu buraco com esse pinche frio aí. Serviço de porco”, disparou Gilmar Cesar, em um dos comentários mais ácidos.

Outros, como Jefferson Freitas, apontam a situação como crônica: “Tá feio o asfalto de Foz do Iguaçu. Muito buraco por toda a cidade.”

A insatisfação é tanta que a figura do prefeito foi reduzida ao estereótipo: “Prefeito tapa-buraco e pinta meio-fio. Coisa de milico”, escreveu Joel Martins.

Promessas eleitorais desmoralizadas

A frustração da população se amplifica porque muitos lembram das promessas feitas durante a campanha eleitoral. O então candidato Silva e Luna prometeu qualidade no asfalto, planejamento, infraestrutura e uma gestão técnica e em uma entrevista já como prefeito teria dito que era um especialista em asfalto, pois quando militar na Amazônia ficou responsável em construir estradas.

O cenário é de descrédito. “General, qual foi sua promessa de campanha? Asfalto de qualidade. Você é igual aos outros, só mentiras”, disse Marcos Queiroz. “Hoje tenho vergonha de ter votado nesse melancia. Só blá blá blá”, disse Natalino Ribas, usando o apelido político que mistura verde por fora e vermelho por dentro, típico de quem muda de lado com facilidade.

Uma crise de imagem e de gestão

A tentativa do prefeito de usar as redes sociais como vitrine de uma gestão eficaz virou vitrine do próprio fracasso. Em vez de aplausos, vieram vaias. Em vez de engajamento positivo, houve revolta. O episódio revela um prefeito cada vez mais isolado da realidade de sua cidade e uma gestão que parece não ter compreendido a nova dinâmica da comunicação pública, onde não se controla mais a narrativa por decreto ou farda.

A população quer soluções, não propaganda. Quer transparência, não comparações desonestas com governos anteriores. Quer asfalto que dure, não maquiagem política. Quer uma cidade segura e digna para se viver, não uma cratera pintada de novo.

A população iguaçuense quer ser ouvida e não enganada.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 415, Página 4 e 5

 

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