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Os buracos do general poderão ser a sua cova política

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A QUE PONTO CHEGAMOS?

Os buracos do general poderão ser a sua cova política

A cratera política em que o general se encontra não foi cavada por adversários. Foi ele mesmo quem empunhou a pá, confiando que sua fama bastaria

Em política, às vezes é um detalhe que afunda uma carreira - e não por acaso, são os detalhes que os eleitores mais lembram. No caso do prefeito de Foz do Iguaçu, General Silva e Luna, o detalhe tem nome, número e profundidade: buracos. Muitos buracos. Tantos, que já não se trata apenas de um problema urbano, mas de um risco à sua imagem pública. E pior, à sua sobrevivência política.

"Especialista em asfalto"

A ironia é inevitável. O general, que se orgulha de ser um "especialista em asfalto", tem visto sua reputação afundar justamente naquilo que dizia dominar. Em suas falas, com frequência quase ritual, ele insiste em repetir que passou "30 anos da vida fazendo asfalto", desde os 22 anos de idade até alcançar o posto de coronel no Exército. Diz que seus feitos estão espalhados pelas estradas da Amazônia, que cada quilômetro de rodovia por lá teria um "pouco do seu solo".

No entanto, seis meses após o início de sua gestão à frente da Prefeitura de Foz do Iguaçu, a cidade continua coberta por crateras. Não é exagero: basta circular pelos bairros, pelo centro ou mesmo por vias de grande movimento como a Avenida das Cataratas para ver o tamanho do problema. Se o general realmente entende tanto de asfalto, como diz, o que explica a paralisia? A resposta está longe de ser técnica e, cada vez mais, parece política.

A população, que inicialmente depositou esperanças em um estilo "duro, técnico e eficiente" de administração, agora começa a desconfiar que caiu em uma armadilha de marketing. A pergunta que ecoa nos bastidores e nos grupos de moradores é direta: "Será que votamos no novo que deu errado?" A aura de credibilidade que General Silva e Luna trouxe por ter ocupado cargos nacionais e ter uma trajetória militar respeitada, parece ruir a cada solavanco nos pneus dos veículos dos contribuintes.

Na política, não basta ser diferente; é preciso parecer diferente

Pesa ainda mais o fato de que, segundo comentam nos bastidores, muitos dos quadros escolhidos pelo general para compor seu governo são os mesmos que estiveram ao lado do ex-prefeito Reni Pereira - cuja gestão terminou desmoronada em escândalos de corrupção e prisões pela Polícia Federal na famosa Operação Pecúlio. A conexão, ainda que indireta, joga uma sombra incômoda sobre a atual gestão e deixa uma sensação de déjà-vu nos eleitores mais atentos.

Em política, não basta ser diferente; é preciso parecer diferente. E se os nomes e práticas se repetem, o discurso da renovação rapidamente se esvazia. O general, que tanto valoriza símbolos e estrutura hierárquica, parece estar comandando uma tropa desorganizada, mal equipada e com baixa capacidade de resposta. Sem secretários atuantes e com um núcleo administrativo questionado, ele fica sozinho na linha de frente, alvo fácil para críticas, memes e, possivelmente, para a derrota eleitoral no futuro.

Comparação ao fracasso

Comparações com o fracassado tanque de guerra brasileiro EE-T1 Osório - grande, caro e ineficiente - já circulam nas rodas de conversa como uma metáfora cruel, mas bastante simbólica. Afinal, o general pode estar pilotando um blindado que não anda e, pior, cai no buraco ou afunda na lama do próprio discurso.

Para piorar, o que se vê da comunicação institucional é uma tentativa forçada de suavizar os fatos. Em vez de reconhecer falhas e apresentar planos sólidos de recuperação da malha viária, a Prefeitura se apega a vídeos promocionais e números que não resistem à análise crítica. A população não quer saber se foram tapados 1.460 buracos se, no dia seguinte, os mesmos buracos reaparecem - ou se os dados incluem retrabalhos em locais que foram mal consertados na primeira vez.

Cova política

A cratera política em que o general se encontra não foi cavada por adversários. Foi ele mesmo quem empunhou a pá, confiando que sua fama bastaria. A realidade, como o asfalto mal compactado, mostrou-se mais dura. E se nada mudar - com ações concretas, transparência e uma mudança real na postura de gestão -, os buracos do presente poderão, de fato, se tornar a sua cova política.

Foz do Iguaçu, uma cidade com grande potencial e desafios urbanos sérios, não pode ser administrada com frases de efeito e memória militar. Precisa de soluções práticas, de gestão moderna e de resultados. Porque, no fim, o eleitor pode até tolerar promessas não cumpridas, mas não perdoa quando alguém se diz especialista - e fracassa exatamente naquilo que dizia entender.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 416, Página 32, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

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