PMs são absolvidos pelo Tribunal do Juri após MP e a defesa desmascararem atuação do GAECO
Por Tribuna Foz dia em Notícias
Na manhã de ontem, segunda-feira 08 de maio de 2023, por volta das 09h:30min, deu-se inicio a Sessão de Julgamento no Salão do Tribunal do Júri de Foz do Iguaçu, o julgamento de sete policiais militares acusados das mortes de um adolescente e dois jovens, em junho de 2014, no Bairro Portal da Foz, em Foz do Iguaçu.
Na época Claudio de Souza Gonçalves, de 16 anos de idade e Gesé Raimundo de Meira, 24 anos, teriam sido mortos por 4 (quatro) PMs da ROCAM (Rondas Ostensivas com Aplicação de Motocicletas), no dia 7 de junho, por volta das 17h:25min, no Bairro Portal da Foz.
No mesmo dia, momentos depois, do outro lado do rio Boicy, já no Bairro Morumbi, 3 (três) PMs teriam matado Clark Pereira Brandão, de 21 anos.
De acordo com os policiais, os mortos faziam parte de uma organização criminosa e durante o patrulhamento houve confronto e troca de tiros.
Logo no inicio da sessão de julgamento os promotores do Ministério Público dispensaram todas as testemunhas de acusação, bem como a defesa dos policiais militares também optaram em dispensar as testemunhas da defesa.
No decorrer da sessão, o representantes do Ministério Público explanou ao sete jurados que discordavam da atuação do MP e a do GAECO da época e que ano após ano, a acusação foi perdendo força e a verdade veio a tona, e em decorrência disso pediu-se a absolvição dos sete policiais militares.
Na defesa, a banca do advogado Cláudio Dalledone, atuou implacavelmente, relatando que as acusações foram injustas e que depois quase 10 anos, a justiça seria feita e a dignidade dos policiais seriam refeitas.
Foi explanado na forma de desabafo que a época dos fatos, o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Núcleo de Foz do Iguaçu funcionava como instrumentalização do crime organizado, fazendo o contrario do que realmente deveria combater, pois na época o GAECO dava guarida para os criminosos.
Diversos documentos apresentados na sessão do Tribunal do Júri indicava que a facção criminosa se dizia "protegido" do GAECO, e que os militares que tentavam conter a criminalidade eram denunciados no GAECO pelos familiares, e até mesmo pelos membros da facção criminosa, que de pronto os militares passavam a ser investigados pelo GAECO. A discrepância era tão grande, que em data de 12/10/2015, um criminoso foi abordado pela PM e na abordagem o abordado xingou a equipe policial, e em dado momento teria dito que denunciaria a abordagem ao GAECO, pois era protegido daquela instituição. E de fato o PM foi investigado e teve sua vida devastada pelo GAECO, indicando assim que o GAECO teria virado escudo da organização criminosa nos anos dos fatos.
Ainda do decorrer da sessão, documentos da Medicina Legal desmascarou o inquérito do GAECO e a do MP, pois segundo o GAECO as vítimas estariam de joelho e foram executadas, fato este comprovado o contrario pelos laudos periciais.
Por fim, a defesa relatou que os representantes do MP da época não estavam compromissados com a causa, e sim em fazer um livro de que Foz do Iguaçu tinha um grupo de extermínio formado por policiais.
O advogado Cláudio Dalledone finalizou a defesa indicando que no GAECO de uma década atrás, não tem nada a ver com o GAECO de hoje.
O conselho de sentença se recolheu e por 7 votos a 0, absolveu todos os militares.
Texto e Foto: Enrique Alliana