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Prefeito General Silva e Luna inaugura obra inacabada e com defeitos estruturais

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Prefeito General Silva e Luna inaugura obra inacabada e com defeitos estruturais
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INRRESPONSÁBILIDADE

Prefeito General Silva e Luna inaugura obra inacabada e com defeitos estruturais

Na inauguração, várias rachaduras podiam ser vistas ao longo de toda a extensão do pavimento recém-concluído

Na tarde de terça-feira, 3 de junho de 2025, por volta das 17h30min, o prefeito de Foz do Iguaçu, General Silva e Luna, participou da cerimônia oficial de inauguração de parte do prolongamento da Avenida João Paulo II, que se estende da Rua Jorge Sanwais, no Jardim Panorama, até a Avenida Felipe Wandscheer, no Jardim Social. A obra, cuja responsabilidade técnica ficou sob o engenheiro Edvaldo Luiz Possamai e execução da empresa Maria Julia Incorporadora, comandada pelo empresário Caetano Ferreira Filho, que foi entregue de maneira parcial, incompleta e com sérios defeitos estruturais visíveis a olho nu.

Obra parcial, entregue com atraso e com menos da metade executada

A extensão total prevista para a obra era de 1.946 metros, conforme estabelecido no Decreto Municipal nº 31.147/2023, sendo realizada sob o modelo TCA (Termo de Conversão de Área). No entanto, apenas 878 metros foram entregues, correspondendo a apenas 45,18% do projeto original. O trecho inaugurado representa menos da metade do que deveria ter sido executado.

O contrato original previa a entrega da obra completa até o dia 25 de novembro de 2024. No entanto, com mais de sete meses de atraso, a prefeitura recebeu uma parte da obra e a inaugurou como se fosse um grande feito de gestão. Ao invés de transparência sobre os atrasos e falhas, o que se viu foi uma cerimônia festiva, com direito a fita inaugural cortada pelo prefeito General Silva e Luna, acompanhado de vereadores aliados e do empresário responsável pela obra, Caetano Ferreira Filho.

Primeira obra com pavimento de concreto da cidade já nasce com rachaduras

A obra foi anunciada como a primeira em Foz do Iguaçu a utilizar pavimento rígido de concreto, um sistema considerado mais durável e resistente do que o tradicional asfalto. No entanto, esse suposto avanço técnico já se revelou um fracasso nesta obra. Antes mesmo da entrega oficial. Durante a inauguração, várias rachaduras podiam ser vistas ao longo de toda a extensão do pavimento recém-concluído.

O mais grave é que uma das fissuras estava localizada a poucos metros do palco onde o prefeito Silva e Luna discursava ao lado da secretária de Obras, Thaís Escobar. Apesar da clara evidência de problemas estruturais, nem o prefeito, nem seus assessores ou aliados políticos se manifestaram sobre o estado da via. A solenidade transcorreu como se tudo estivesse perfeito.

Vereadores se calam diante de falhas

Estiveram presentes na cerimônia diversos vereadores da base do prefeito, entre eles Cabo Cassol, Sidnei Prestes, Evandro Ferreira e Paulo Debrito. O que se esperava desses representantes eleitos seria a fiscalização séria e comprometida dos atos do Executivo, sobretudo em uma inauguração de obra pública com evidentes falhas.

No entanto, a maioria optou pelo silêncio. Nenhum questionamento foi feito publicamente durante o evento. Essa postura omissa demonstra como a função fiscalizatória do Legislativo tem sido colocada em segundo plano quando se trata de proteger interesses políticos e manter o apoio ao governo municipal. A atuação dos vereadores deveria estar voltada à garantia do uso responsável dos recursos públicos, não à encenação de inaugurações simbólicas.

Vereadora Valentina Rocha cumpre seu papel e denuncia irregularidades

A única exceção entre os vereadores foi a Valentina Rocha. Ao contrário dos colegas, ela observou as rachaduras no pavimento e registrou o estado da obra por meio de fotografias. Em entrevistas posteriores, a vereadora afirmou que levará o caso à Comissão de Obras da Câmara e exigirá explicações da Prefeitura e da construtora. Para Valentina, é inadmissível que uma obra entregue com recursos públicos, e que deveria ser modelo de qualidade, seja inaugurada mesmo apresentando defeitos graves e em estágio claramente inacabado.

INRRESPONSÁBILIDADE

De quem é a culpa quando se entrega uma obra pública defeituosa?

A culpa seria do prefeito em aceitar uma obra pública mal feita ou do empresário responsável em entregar uma obra mal feita?

A inauguração de uma obra incompleta e com problemas visíveis levanta várias perguntas que precisam ser respondidas. O empresário Caetano Ferreira Filho, sócio da Maria Julia Incorporadora, é apontado como o principal responsável pela execução da obra. A atuação da empresa já foi questionada anteriormente em outras matérias jornalísticas, e agora volta ao centro das atenções com uma entrega técnica falha.

A postura do empresário é especialmente preocupante, uma vez que ele tem sinalizado intenções políticas para disputar cargos no Executivo municipal nas próximas eleições. Se, como empresário, não consegue garantir a entrega adequada de uma única obra pública, o que se pode esperar de uma eventual gestão em escala ainda maior? A população tem o direito de questionar se ele está preparado para lidar com os desafios e responsabilidades de um cargo público de tamanha relevância.

A qualidade do concreto está sob suspeita

Outro ponto crucial da discussão é a qualidade do material usado na pavimentação. O concreto fornecido para a obra foi de responsabilidade da empresa Mineromix, cujo representante, Jonathan Andreis Barbiero, afirma que os produtos da empresa são de "alta performance". No entanto, as rachaduras e fissuras observadas logo após a aplicação do concreto colocam essa alegação em dúvida.

Será que o problema está na composição do concreto fornecido? Ou houve falha na execução, na cura do concreto ou nas técnicas de aplicação? O dano ao portfólio e à imagem da Mineromix pode ser significativo caso fique comprovado que o defeito se originou no fornecimento do material.

Especialista aponta falhas técnicas graves

De acordo com a análise de um engenheiro civil experiente, que preferiu não se identificar, a execução da obra foi tecnicamente equivocada desde o início. Segundo o profissional, não foram instaladas as barras de transição - conhecidas como dilatadores - que são fundamentais em obras de pavimento rígido para absorver variações de temperatura e evitar rachaduras.

Além disso, as fissuras de dilatação foram feitas tardiamente, após o processo de secagem do concreto, o que contraria as boas práticas de engenharia. Esse tipo de erro compromete toda a estrutura da via e pode gerar custos adicionais para reparos que poderiam ter sido evitados.

Um símbolo de gestão pública ineficiente

A inauguração desta obra, parcial e com falhas evidentes, se transforma em um símbolo preocupante da atual gestão pública em Foz do Iguaçu. O episódio escancara uma série de fragilidades: desde a execução técnica deficiente, passando pela falta de transparência do Executivo, até a omissão da maioria dos representantes legislativos.

O prefeito General Silva e Luna, ao participar ativamente da inauguração, legitima uma prática que deveria ser rejeitada: a entrega de obras incompletas e defeituosas como se fossem marcos de eficiência. O uso político de uma inauguração que não corresponde à realidade da obra demonstra mais interesse em propaganda do que em compromisso com a qualidade de vida da população.

Caminhos para responsabilização e correção

Diante da gravidade dos fatos, é urgente que os órgãos de controle - como o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a própria Câmara Municipal - iniciem investigações sobre a obra. É necessário apurar responsabilidades tanto pela má execução quanto pelo uso político de uma inauguração irregular.

Além disso, a população deve se manter atenta e ativa na cobrança por obras de qualidade, cumprimento de prazos e responsabilidade na gestão pública. Inaugurações simbólicas não substituem a necessidade de planejamento, fiscalização e seriedade com o dinheiro público.

A Avenida João Paulo II, ao invés de representar avanço, por enquanto serve como um alerta: obras públicas não podem ser palco de marketing eleitoral, e sim resultado de gestão técnica e honesta.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 416, Páginas 4 e 5, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

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