"Rachadinha" continua a todo vapor entre políticos espertalhões
Por Tribuna Foz dia em Notícias

VELHOS HÁBITOS
"Rachadinha" continua a todo vapor entre políticos espertalhões
É muita cara-de-pau pra pouco óleo de peroba; Será que tem vereadores que passa este óleo de peroba quando vai para a Câmara?
Como dizia um falecido apresentador de televisão do Piauí, diante de algum absurdo: - Eu morro e não vejo tudo! É muita cara-de-pau para pouco óleo de peroba. Quem não se lembra do ex-vereador José Carlos Neves da Silva "Zé Carlos" e o ex-vereador Paulo "Cavalo" Rocha, ambos presos pelo crimes cometidos dentro da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu pelos crimes de rachadinha?
Esses casos ganharam notoriedade, porque foram praticados em plena luz do dia, mas existem os casos escondidos, nebulosos, feitos na penumbra. Esses são mais difíceis de descobrir.
O fato é que a política brasileira vive um ciclo aparentemente interminável de promessas de renovação que, na prática, esbarram nos velhos hábitos que corroem a administração pública. Em Foz do Iguaçu, a história se repete: vereadores que chegam ao poder com discursos inflamados sobre transparência e moralidade, mas logo são envolvidos em práticas corruptas. Entre essas práticas, uma das mais conhecidas é a "rachadinha".
A famosa "rachadinha" não é a "perseguida" que os homens adoram, mas um esquema de corrupção onde um parlamentar exige parte ou a totalidade do salário de assessores nomeados em seu gabinete. A prática consiste em indicar servidores para cargos comissionados sob a condição de que devolvam uma parcela do vencimento ao político ou a terceiros indicados por ele.
Esse esquema é ilegal e antiético, pois utiliza dinheiro público para fins particulares, desviando recursos que deveriam ser usados para o funcionamento da Câmara Municipal e para a melhoria dos serviços prestados à população. Além disso, compromete a independência dos servidores, que se tornam reféns do esquema, impedidos de denunciar sob ameaça de demissão ou represálias.
Políticos sem escrúpulos usam os meios mais sórdidos para tomar dinheiro de indicados. Uns exigem a devolução em dinheiro vivo, outros pedem para depositar em contas de terceiros para não deixar rastros e os mais espertos tomam o cartão de crédito do indicado.
O Prejuízo ao Povo
A rachadinha não é apenas um crime contra a administração pública, é um golpe direto contra os cidadãos que financiam a política com seus impostos. Cada centavo desviado nesse esquema poderia ser investido em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Além disso, essa prática perpetua um sistema de privilégios, onde o interesse público é colocado em segundo plano em favor de esquemas particulares de enriquecimento.
O impacto também é social
Quando se normaliza esse tipo de conduta dentro do legislativo municipal, abre-se espaço para outras formas de corrupção e mau uso do dinheiro público. A falta de transparência e a impunidade incentivam novos políticos a repetir os erros dos antigos, criando um ciclo vicioso onde o eleitor segue sendo enganado.
A Canalhice de Políticos que adotam essa Jogada
Não há justificativa moral ou ética para a rachadinha. Políticos que recorrem a essa prática demonstram total desrespeito pelo mandato que lhes foi confiado e pela população que representam. A utilização de assessores como "laranjas" é um ato de covardia, que coloca trabalhadores em situações delicadas e impede que exerçam suas funções de forma digna e independente.
O pior é que, muitas vezes, esses mesmos políticos se vendem como agentes da "nova política", usando a retórica da mudança para angariar votos. No entanto, quando assumem seus mandatos, demonstram que apenas trocaram os rostos, mantendo as mesmas práticas corruptas do passado.
A canalhice vai além do enriquecimento ilícito. Envolve o abuso da confiança popular, a perpetuação de um sistema político falido e o menosprezo pelo próprio cargo público. Afinal, se um vereador não respeita o dinheiro público e se aproveita de quem trabalha para ele, como se pode esperar que ele lute pelos interesses da população?
Diante desse cenário, a sociedade precisa estar cada vez mais atenta e vigilante. A população tem o direito e o dever de cobrar transparência dos seus representantes, exigir investigações rápidas e punir nas urnas aqueles que se envolvem em esquemas fraudulentos. O voto consciente e o acompanhamento das atividades parlamentares são ferramentas fundamentais para quebrar esse ciclo de impunidade.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 408, página 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana