Ver. Bosco tem dois suplentes que não são do PL na sua assessoria: traição política ou pragmatismo disfarçado?
Por Tribuna Foz dia em Notícias

TRAIÇÃO?
Ver. Bosco tem dois suplentes que não são do PL na sua assessoria: traição política ou pragmatismo disfarçado?
Será que o Partido Liberal de Foz do Iguaçu não teria pessoas de confiança e qualificadas para exercer cargo de assessoria?
Algumas cenas da política municipal parecem retiradas de um roteiro de filme de terror, e o enredo que envolve o vereador Bosco Foz, eleito pelo Partido Liberal (PL) em Foz do Iguaçu, poderia facilmente ser uma dessas histórias. Desde que assumiu o mandato, o parlamentar tem sido alvo de críticas dentro do próprio partido por uma escolha que, para muitos, soa como traição: dois dos seus assessores diretos são suplentes de outros partidos, e não do PL. O fato causou revolta entre os filiados e suplentes do partido que, ao que tudo indica, foram deixados de lado após contribuírem diretamente para a vitória eleitoral do parlamentar.
Bosco só se elegeu contando com os votos dos suplentes
Bosco Foz foi eleito com 3.303 votos. No entanto, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), o quociente eleitoral para o cargo de vereador em 2024 foi de 9.663,94 votos. Isso significa que, sozinho, o vereador não teria atingido a marca necessária para garantir a cadeira. Ele precisou, portanto, dos votos da legenda partidária, isto é, dos demais candidatos do PL, os quais, juntos, somaram os votos suficientes para levá-lo ao cargo. Em outras palavras, Bosco só está hoje no Legislativo iguaçuense porque centenas de eleitores confiaram seu voto a candidatos do partido, que não se elegeram, mas contribuíram com a chamada "sobra" de votos.
Suplentes do PL teriam levado um "tiro" nas costas
Diante disso, era de se esperar um mínimo de reconhecimento e reciprocidade com os suplentes do próprio partido. No entanto, o que se viu foi o contrário. Bosco nomeou como assessores parlamentares dois suplentes de outros partidos: Emanuel dos Santos, o "Mané", do Partido Mobiliza 33, que teve 554 votos; e Sargento Mello, do Republicanos 10, com 389 votos.
Ambos fazem parte de legendas que não tiveram qualquer participação direta na eleição de Bosco. Teria sido um "tiro" nas costas dos suplentes do PL. A decisão do vereador gerou questionamentos legítimos: onde está o respeito com a militância e os candidatos do PL? O partido não teria pessoas competentes, alinhadas com seus valores e dignas de ocupar esses cargos?
"Deus, Pátria e Família" foi tão somente para as eleições?
A revolta é compreensível. O Partido Liberal se apresentou à população iguaçuense com um discurso conservador, sustentado pelo tripé "Deus, Pátria e Família". Para os suplentes do PL, muitos dos quais trabalharam duro durante a campanha e ajudaram a elevar a legenda, a atitude de Bosco representa uma quebra de confiança. A sensação de abandono e desprezo por parte de um parlamentar que se valeu da estrutura do partido para se eleger é evidente.
O caso levanta uma dúvida dolorosa: teria Bosco abandonado os princípios do partido logo após assumir o mandato? Aparentemente, sim. A nomeação de suplentes de outros partidos pode ser lida como um aceno político a outras siglas, numa tentativa de ampliar alianças pessoais, mas à custa da própria base partidária. E onde ficam os valores que foram defendidos em campanha?
General Silva e Luna e Giacobo abonaram a decisão?
O silêncio do PL em nível municipal e estadual também é gritante. O presidente local do partido, General Silva e Luna, que também é prefeito de Foz do Iguaçu, ainda não se pronunciou sobre o caso, também não promoveu nenhuma reunião partidária desde que se elegeu. E o deputado federal Fernando Giacobo, presidente estadual do PL, que deverá buscar reeleição em 2026, também permanece sem uma resposta pública à militância. Será que ambos concordam com o desprestígio aos suplentes? Ou preferem fazer vista grossa para preservar alianças internas?
O episódio deixa feridas abertas dentro do partido e pode ter reflexos diretos nas eleições futuras. Suplentes que foram ignorados, e militantes que se sentem traídos, dificilmente manterão o mesmo entusiasmo para defender um projeto partidário que não os valoriza. Em política, gratidão e coerência não são apenas valores morais - são também estratégias de sobrevivência.
Se Bosco Foz continua no PL apenas formalmente, mas age como se estivesse fora, cabe ao partido decidir se tolerará esse tipo de conduta ou se terá coragem de se posicionar. Porque, se o PL aceitar calado, estará assinando um atestado de desrespeito com seus próprios filiados. E, nesse caso, o "terror" político não é um filme - é a realidade que o partido escolheu protagonizar.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 416, Páginas 8, de autoria do Jornalista Enrique Alliana