As duas diretorias propostas para o FozHabita seriam destinadas exclusivamente para uma vereadora?
Por Tribuna Foz dia em Notícias

COMPRA DE APOIO NA CÂMARA
As duas diretorias propostas para o FozHabita seriam destinadas exclusivamente para uma vereadora?
Fozhabita e a suspeita de favorecimento político: diretorias seriam "moeda de troca" para agradar vereadora?
A gestão do prefeito General Silva e Luna, em Foz do Iguaçu, enfrenta mais uma turbulência política logo nos primeiros meses de governo. A proposta encaminhada à Câmara Municipal por meio da mensagem nº 016/2025, que cria duas novas diretorias na recém-estruturada autarquia FozHabita, está cercada de polêmicas. E, segundo apuração do Jornal Tribuna Popular, não se trata apenas de um movimento técnico-administrativo. A criação dessas diretorias teria como objetivo político agradar uma vereadora da base aliada.
A denúncia é grave e foi confirmada por pelo menos quatro vereadores ouvidos pela reportagem. Segundo eles, o movimento tem como pano de fundo um esforço do prefeito para blindar sua administração de críticas mais duras dentro da própria Câmara Municipal. Em outras palavras, os cargos estariam sendo utilizados como "moeda de troca" para garantir apoio ou, no mínimo, o silêncio estratégico diante das primeiras falhas do governo, especialmente no que diz respeito à falta de austeridade - uma bandeira que foi amplamente utilizada na campanha eleitoral.
A situação se torna ainda mais delicada quando se observa que o descontentamento com a gestão de Silva e Luna já atinge até vereadores do seu próprio grupo político. Nos bastidores, há uma insatisfação crescente com decisões tomadas de forma unilateral e com sinais claros de distanciamento entre o discurso de campanha e a prática administrativa. O uso de cargos públicos para conter críticas, se confirmado, apenas aprofundaria essa crise de confiança.
No total, a Câmara Municipal de Foz do Iguaçu é composta por 15 vereadores, sendo quatro mulheres. Dessas, duas já foram descartadas da possível articulação envolvendo as diretorias do Fozhabita: Valentina Rocha (PT) e Yasmin Hachem (PV), ambas posicionadas de forma clara na oposição ao atual governo. Por eliminação, restam apenas duas parlamentares que poderiam estar na mira da articulação: Anice Gazzaoui (PP) e Marcia Bachiste (MDB).
Até o momento, nenhuma das duas vereadoras se manifestou publicamente sobre o assunto. Mas o silêncio pode ser interpretado de várias formas - inclusive como um sinal de que as negociações estão em curso ou foram efetivadas nos bastidores. A falta de transparência nesse processo levanta ainda mais questionamentos sobre o real propósito das novas diretorias.
A prática de distribuir cargos para manter a base aliada sob controle não é novidade na política brasileira. Porém, quando isso acontece sob um governo que se elegeu prometendo romper com as velhas práticas, a contradição se torna ainda mais gritante. O prefeito Silva e Luna, que chegou à prefeitura com a imagem de militar íntegro e gestor técnico, corre o risco de comprometer completamente sua credibilidade caso não esclareça a real motivação da proposta.
A Câmara Municipal, por sua vez, tem diante de si uma oportunidade rara: reafirmar sua independência e compromisso com o interesse público. Cabe aos vereadores não apenas questionar a necessidade das novas diretorias, mas também investigar se há favorecimento político por trás da proposta. Afinal, o povo de Foz do Iguaçu merece respostas - e respeito.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 413, Página 5, de autoria do Jornalista Enrique Alliana