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Chegamos ao fundo do poço com a má qualidade dos nossos vereadores?

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Chegamos ao fundo do poço com a má qualidade dos nossos vereadores?
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OPURTUNISTAS?

Chegamos ao fundo do poço com a má qualidade dos nossos vereadores?

A pergunta é forte, mas infelizmente não é exagerada. Em Foz do Iguaçu, a frustração popular com o Legislativo Municipal chegou a um ponto crítico. Aqueles que deveriam representar os interesses da população, fiscalizar o Executivo e legislar com responsabilidade, parecem cada vez mais interessados em construir alianças de conveniência, distribuir cargos entre aliados e agradar o prefeito de plantão, do que cumprir com o seu dever constitucional. O reflexo disso é visível nas ruas esburacadas, nas obras mal feitas, no desrespeito à inteligência do eleitor e na completa falência moral de parte da Câmara.

"Nem sempre o novo é sinal de honestidade."

Quando o bolsonarismo ganhou força e trouxe o discurso do "novo", muitos eleitores acreditaram estar escolhendo a renovação política, acreditando que figuras sem longa trajetória na política tradicional poderiam representar mudança real. Mas como diz o ditado popular que já virou uma espécie de mantra póseleitoral: "Nem sempre o novo é sinal de honestidade." Essa máxima ganhou corpo e verdade ao longo dos últimos meses em Foz do Iguaçu.

Dos 15 vereadores eleitos, é possível afirmar que ao menos dois terços atuam de forma vexatória. Muitos deles não passam de cabos eleitorais de luxo, travestidos de parlamentares. Não exercem o papel de fiscalização, que é sua principal função, e ainda fazem indicações para cargos comissionados, nomeando parentes, assessores de campanha e aliados políticos em troca de favores e benesses.

Trata-se de um toma-lá-dá-cá institucionalizado, com ares de escárnio à população, aparentemente com o aval do Ministério Público Estadual.

Traição não é institucional é moral

A traição, porém, não é apenas institucional. É também moral e comunitária. Muitos desses vereadores foram eleitos por bairros específicos, com votos de confiança de eleitores que acreditaram em promessas de cuidado com suas comunidades. No entanto, bastou assumirem o cargo para que virassem as costas a esses mesmos eleitores. É o caso da já criticada Avenida João Paulo II, inaugurada às pressas, cheia de defeitos e irregularidades. Em vez de apontar os problemas e cobrar responsabilidade, o vereador Cabo Cassol literalmente subiu ao palanque para aplaudir o prefeito. O mesmo vereador que se elegeu dizendo que seria independente e que colocaria a população em primeiro lugar, agora atua como porta-voz do Executivo. De fiscal virou cúmplice. Afinal hoje é o líder do prefeito na casa de leis.

Silêncio diz mais do que qualquer palavra

E o que dizer dos vereadores Sidnei Prestes e Paulo Debrito? Foram até a Avenida das Cataratas para posar para fotos e produzir vídeos para as redes sociais, tecer elogios e enaltecer uma obra de recapeamento que não resistiu sequer à primeira chuva. Quando os problemas vieram à tona, simplesmente sumiram. Nenhuma retratação, nenhuma cobrança, nenhuma vergonha. Apenas o silêncio. Silêncio esse que diz mais do que qualquer palavra: diz que não há compromisso com a verdade, nem com os eleitores. Esse comportamento não é apenas decepcionante - é perigoso. Porque ele mina a confiança da população na política, desestimula o debate democrático e incentiva o cinismo coletivo. Quando o povo percebe que foi enganado, que aqueles que se diziam "do povo" hoje servem apenas ao poder, a consequência é o desalento político. A descrença cresce, e o espaço é ocupado por oportunistas e aventureiros.

E a culpa não é só dos vereadores. Ela é também dos eleitores que votaram mal, iludidos por slogans vazios e aparências de renovação. Mas há um ponto positivo: a população está acordando. Muitos já reconhecem que erraram. Muitos já dizem que se pudessem voltar atrás, jamais votariam nos mesmos nomes. A lambança eleitoral de 2024 começa a cobrar sua conta - e, para muitos vereadores, essa conta chegará já em 2026.

Desastre legislativo

A lição deixada por esse desastre legislativo é clara: honestidade não está no discurso de campanha, está na prática do dia a dia. O novo pode até ter aparência moderna, pode ter discurso afiado, pode ter bandeiras "patrióticas", mas se não for acompanhado de valores éticos e compromisso real com o interesse público, será apenas mais do mesmo - ou pior.

É preciso parar de votar em "quem parece bom" e começar a votar em quem age com dignidade, com independência e com coragem para enfrentar os interesses instalados. E isso vale para os velhos e para os novos na política. A honestidade é provada no cotidiano, não na propaganda.

Portanto, sim, chegamos ao fundo do poço. Mas é no fundo do poço que muitos finalmente percebem que só há um caminho: subir de volta - e dessa vez, com mais consciência, com mais crítica e com menos ilusão. Foz do Iguaçu merece mais. E precisa cobrar isso, eleição após eleição.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 417, Página 16, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

 

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