Vereadores teriam dado as costas para seus eleitores?
Por Tribuna Foz dia em Notícias

PURA VERDADE
Vereadores teriam dado as costas para seus eleitores?
A impressão é que, se o general mandar, eles obedecem. E o eleitor? Esse parece ter ficado em segundo plano
Os vereadores que formam a sustentação política do General e Silva e Luna na Câmara Municipal - Anice Gazzaoui, Bosco Foz, Cabo Cassol, Dr. Ranieri Marchioro, Paulo Debrito, Sidnei Prestes e Soldado Fruet - parecem viver em uma cidade paralela. Para eles, Foz está em perfeita ordem. Nenhuma crítica, nenhuma cobrança mais dura ao Poder Executivo.
Pelo contrário: a relação entre o prefeito e sua base é de tamanho alinhamento que, não raro, chega a parecer subserviência.
A impressão é que, se o general mandar, eles obedecem. E o eleitor? Esse parece ter ficado em segundo plano. O papel fiscalizador dos vereadores virou peça de museu. Em nome da governabilidade - ou de cargos comissionados, emendas parlamentares e acordos políticos - a cidade é abandonada à própria sorte. Viraram as costas para quem lhes deu o mandato.
É legítimo questionar: será que esses mesmos vereadores, que hoje se calam diante dos buracos que fazem carros quebrarem molas e motos escorregarem no asfalto molhado, terão a cara de pau de pedir votos em 2026? E mais do que isso: terão coragem de dizer que "trabalharam pela cidade"?
O reflexo do buraco vai além do asfalto
Mas não se engane: os buracos nas ruas são apenas a face mais visível de uma estrutura urbana que vem ruindo. Onde há buraco, há falta de planejamento. Onde há recapeamento mal feito, há suspeita de superfaturamento. Onde há silêncio legislativo, há suspeita de conivência. E quando tudo isso se junta, o que se tem não é só um problema de mobilidade urbana - é um problema de representatividade política e ética na administração pública.
As reclamações da população não são de agora. Moradores filmam, fotografam, denunciam. As redes sociais estão abarrotadas de vídeos mostrando situações absurdas: ruas que foram "tapadas" pela metade, avenidas que cederam poucos dias após um tapaburacos e locais onde sequer há previsão de manutenção, apesar dos impostos pagos em dia. É como se a população fosse deixada para lidar com o caos enquanto o governo municipal vive em um mundo onde a única coisa bem pavimentada é a rota para os próprios interesses.
A cidade pede mais do que slogans
Governar é mais do que ter currículo. É mais do que ostentar títulos militares. É mais do que distribuir outdoors com promessas ou fazer lives comemorativas ao asfalto que nem sequer resiste à primeira chuva. Governar é, acima de tudo, ouvir o povo, pisar no barro, enfrentar o desgaste de reconhecer falhas e - principalmente - agir com eficácia e transparência.
A frase do caminhão, portanto, não é apenas uma tirada bem-humorada. É um retrato sociológico, uma denúncia disfarçada de ironia. Em Foz do Iguaçu, ela virou um bordão porque diz uma verdade incômoda demais para ser ignorada.
Enquanto os vereadores seguem aplaudindo o general e ignorando os clamores das ruas, os buracos seguem crescendo. E, com eles, cresce também o descrédito da população com os representantes eleitos. A cidade pede respeito. E isso começa com um asfalto digno. Porque, sim, é pelos buracos que se conhece quem realmente governa. E Foz do Iguaçu já conhece.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 417, Página 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana