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Como é a direita nos dias de hoje? Seria a continuidade do fascismo?

Por Tribuna Foz dia em Notícias

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NOVA ROUPAGEM

Como é a direita nos dias de hoje? Seria a continuidade do fascismo?

"Achismo": Achar que sabe, achar que entende, achar que pode desmentir séculos de ciência, história e pesquisa apenas com um meme ou uma frase de efeito. Para alguns achar, hoje, é mais importante do que estudar

Muitos perguntam se a direita contemporânea é apenas uma versão reciclada do fascismo. A resposta, talvez incômoda, é que, em essência, ela mantém os mesmos traços que seriam o autoritarismo, a intolerância, culto à força, ódio à diferença e um desprezo sistemático pela história e pela razão.

O fascismo clássico, aquele dos anos 1920 e 1930, foi definido pela ditadura, pela repressão violenta e pela manipulação das massas através do nacionalismo exacerbado. Hoje, ele não precisa mais de camisas pretas marchando nas ruas ou de discursos inflamados em praças lotadas.

O fascismo moderno (direita) veste terno, fala em "liberdade", posa de democrata. Mas mantém a mesma essência autoritária e a mesma incapacidade de conviver com a pluralidade.

A diferença é que, se antes o fascismo se estruturava em ideologias e projetos de poder, agora ele se esconde atrás do "achismo". A velha máxima fascista, de que a razão é menos importante do que a obediência cega ao líder, foi substituída pela crença de que a opinião pessoal tem mais peso que fatos, livros ou documentos históricos.

O fascismo se moldou ao nosso tempo, virou "achismo", e encontrou nas redes sociais o palco perfeito para gritar certezas sem provas.

Vivemos a era dos "especialistas em opinião". A direita contemporânea, em sua versão mais ruidosa, transformou o ato de "achar" em dogma. Achar que sabe, achar que entende, achar que pode desmentir séculos de ciência, história e pesquisa apenas com um meme ou uma frase de efeito.

Achar, hoje, é mais importante do que estudar. Por isso, não surpreende que muitos de seus líderes e seguidores desprezem a universidade, a imprensa, a arte e qualquer espaço que exija reflexão. Afinal, pensar dá trabalho; achar é rápido, fácil e gera aplausos.

Esse achismo não é inofensivo. Ele gera políticas públicas baseadas em preconceito, discursos de ódio travestidos de "opinião pessoal", revisionismo histórico que tenta reescrever ditaduras como períodos de ordem, e ataques às instituições democráticas sempre que estas não servem aos interesses imediatos de quem "acha" que está certo. O fascismo de ontem queimava livros; o de hoje os ignora e substitui pelo WhatsApp.

A direita atual se alimenta desse abismo entre história e opinião. Seus líderes incentivam a descrença na memória coletiva: negam a ditadura, relativizam o nazismo, ridicularizam a luta de minorias. É a mesma lógica fascista, mas agora com outra máscara: a da falsa liberdade de expressão, que serve apenas para proteger a própria ignorância e sufocar quem ousa confrontá-la com fatos. Quando a direita grita "eu acho", o que ela realmente diz é "não me importo com a realidade".

Entre o fascismo e o achismo há um fio condutor. A recusa ao conhecimento como ferramenta de emancipação. O fascismo do século XX se impôs pela violência; o fascismo disfarçado de hoje se impõe pelo ridículo, pela desinformação e pelo desprezo consciente ao saber. Em ambos os casos, a consequência é a mesma. Uma sociedade manipulada, onde a verdade é substituída pela conveniência.

O perigo maior é que o achismo parece inofensivo, mas mina lentamente a democracia. Quando tudo é opinião e nada é fato, quando a ignorância vale tanto quanto o conhecimento, abre-se espaço para qualquer tipo de autoritarismo. Porque, no fundo, é mais fácil manipular quem acha do que quem sabe.

Portanto, a pergunta inicial encontra sua resposta. Sim, a direita de hoje é a continuidade do fascismo. Não mais pela farda e pela força bruta, mas pelo desprezo à verdade e pelo culto ao achismo. Fascismo e achismo são duas faces da mesma moeda. Ambas sufocam a liberdade, corroem a democracia e transformam a ignorância em virtude.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 422, Página 10, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

 

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