FAKE NEWS OFICIAL

Quando a comunicação vira desinformação

Secretario de Comunicação de Foz do Iguaçu, Cleberson Belino propaga "Fake News" para a imprensa

Se a mentira tivesse crachá, cargo comissionado e salário pago pelo contribuinte, certamente atenderia pelo nome de "Secretaria de Comunicação".

Na noite do último sábado, 13 de dezembro de 2025, por volta das 22h15, Foz do Iguaçu foi presenteada com mais um episódio constrangedor que escancara o nível a que chegou a atual gestão municipal General Silva e Luna. O protagonista da vez foi o secretário de Comunicação da Prefeitura, Cleberson Belino, que resolveu brincar de ventríloquo digital em um grupo de WhatsApp formado quase integralmente por jornalistas.

Com a desenvoltura de quem confunde informação pública com corrente de zap, Cleberson Belino compartilhou um áudio do secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex. O detalhe incômodo é que o conteúdo do áudio não apenas distorce a realidade como também desfila uma sequência de mentiras facilmente desmentidas por publicações oficiais da Itaipu Binacional e do próprio Governo do Estado do Paraná. Ou seja: não foi um erro, foi uma propagação de Fake News.

No áudio de pouco mais de um minuto, Sandro Alex tenta reescrever a história da segunda ponte Brasil-Paraguai, da Perimetral Leste e das aduanas, atribuindo feitos a quem não fez e apagando investimentos que estão amplamente documentados. Uma tentativa grotesca de enganar jornalistas experientes, como se a imprensa fosse um bando de amadores incapazes de consultar fontes oficiais. Subestimar a inteligência alheia, ao que parece, virou política pública.

Mas o vexame não para por aí. Uma análise minimamente séria indica uma politicagem traiçoeira usada costumeiramente pela direita para agradar seu cercadinho e sua bolha eleitoral. Ou seja, além de informações falsas, tenta induzir demais jornalistas. É a fake news em seu estado mais puro: fabricada, manipulada e distribuída por quem deveria justamente combatê-la. Um verdadeiro case de estudo sobre como não exercer a função pública.

Enquanto a sociedade clama por ética, transparência e responsabilidade, dois secretários, sendo um municipal e outro estadual, pago com dinheiro público, se presta ao papel de disseminador de desinformação. A pergunta que ecoa é simples: a que ponto chegamos? Ou melhor, a que ponto a direita local chegou para tentar plantar narrativas falsas na sociedade? Falar a verdade ficou fora de moda ou apenas inconveniente?

O episódio revela algo ainda mais grave: a completa falta de comando dentro da Prefeitura de Foz do Iguaçu. O prefeito General Silva e Luna, que adora posar como símbolo de ordem e disciplina, aparentemente não consegue nem mesmo garantir que seus secretários façam o básico: agir com seriedade. Quando um governo perde o controle da própria comunicação, o caos não é acidente, é consequência.

Se o prefeito não sabia do áudio, é incompetência. Se sabia e concordou, é cumplicidade. Em ambos os casos, o resultado é o mesmo: uma sucessão de erros que transforma a administração municipal em uma caricatura de si mesma. A gestão do General Silva e Luna vai se consolidando não pelos acertos, mas pelos tropeços, improvisos e vergonhas públicas.

No fim das contas, o caso Cleberson Belino não é um fato isolado. É apenas mais um sintoma de uma gestão desnorteada, onde a comunicação oficial virou fábrica de boatos e o discurso moralista não resiste a um simples clique no "play". Em Foz do Iguaçu, a verdade continua aparecendo, apesar da Secretaria de Comunicação.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 426, Página 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana