VERGONHA DO ANO

CPI do transporte começa parecendo pizza de marmelada com cheiro de maracutaia

A cara de pau foi tamanha que destituíram uma CPI independente para investigar o transporte coletivo; novos membros são c* e calça com o prefeito

Não é a primeira vez que a Câmara Municipal investiga o sistema de transporte coletivo. Mas essa realmente chamou a atenção pela manobra da base do prefeito Chico Brasileiro em impedir o funcionamento.

O grupo de vereadores alinhados ao prefeito Chico Brasileiro elaborou emendas para mudar o Regimento Interno da casa de leis e assim a composição da CPI.

Em todas as CPIs anteriores, o sorteio dos integrantes era realizado pelo presidente com base na força partidária. Com a aprovação da mudança no regimento, através de votos de Alex Meyer, Edvaldo Alcântara, Yasmin Hechem, Kalito Stoeckl, Anice Gazzaoui, Jairo Cardoso, Carol Dedonatti e Rogério Quadros, foi destituída a atual CPI retirando Márcio Rosa, Galhardo e Carol da formação original ocorrida em setembro do ano passado.

Neste período de oito meses a comissão já poderia ter realizado uma investigação, mas a pauta ficou travada por emendas de alteração do regimento.

Se já não bastasse tudo isso, na hora do sorteio, a base do prefeito Chico Brasileiro formou blocos entre partidos por ter maioria de integrantes, e com isso, garantiu a presença de três de cinco possíveis sorteados.

No sorteio "mandrake", tudo ficou como o diabo gosta, ou melhor, como o prefeito gosta: Kalito Stoeckl, indicado pelo bloco PSD, PV e PDT, Edvaldo Alcântara pelo bloco PP e PSDB e Alex Meyer pela situação.

Galhardo pela oposição e Ney Patrício pelo Podemos também participaram do certame, mas não foram sorteados. Dessa maneira a CPI do Transporte, que vai investigar o contrato entre a prefeitura e a empresa, terá como presidente: Kalito Stoeckl, relator: Edvaldo Alcântara e membro: Alex Meyer, líder do governo Chico no legislativo.

O Presépio da Câmara de Foz: A Comédia da CPI do transporte

No palco político de Foz do Iguaçu, uma nova peça tragicômica tem encantado (ou revoltado) os espectadores mais atentos. Dirigida pelo prefeito Chico Brasileiro, essa encenação é protagonizada por uma trupe especial de vereadores, carinhosamente apelidados de "vaquinhas de presépio". Estes nobres edis parecem ter aprendido uma única palavra em seus discursos: "amém". Mas o enredo não para por aí. Em um ato de prestidigitação política digno de um Oscar, transformaram uma CPI sobre o transporte coletivo em uma verdadeira pizzaria.

A Trupe do Amém

Cada um dos vereadores que compõe a base de sustentação do prefeito parece competir para ver quem consegue dizer "amém" com mais fervor. Diante de qualquer proposta, questionamento ou indício de irregularidade, a resposta é unânime e previsível. É como se uma coreografia ensaiada tomasse conta da Câmara, onde a sincronia e a obediência cega substituem o debate e a fiscalização.

A tão aguardada CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do transporte coletivo, que prometia investigar as inúmeras denúncias de corrupção e a péssima qualidade do serviço, foi o palco principal dessa comédia. No entanto, ao invés de uma investigação séria, o que se está vendo foi um festival de manobras regimentais.

Primeiro ato: mudança do regimento interno. Com a mesma habilidade de um mágico que tira um coelho da cartola, os vereadores da base de Chico Brasileiro mudaram as regras do jogo. O objetivo? Tornar a CPI inofensiva e garantir que as conclusões fossem, no máximo, morais, sem nenhuma consequência prática.

Segundo ato: A pizza está pronta. No lugar de apurar responsabilidades, de ouvir testemunhas e de investigar contratos, a CPI poderá servir como uma gigantesca pizza. Uma pizza sabor engavetamento, recheada com a omissão e a conivência de quem deveria fiscalizar o executivo.

O Transporte Coletivo: Uma Piada de Mau Gosto

Enquanto a comédia continua dentro da Câmara, lá fora, a população de Foz do Iguaçu segue sofrendo com um transporte coletivo que é, no mínimo, uma piada de mau gosto. Ônibus lotados, atrasos constantes e um serviço que parece desafiar as leis da eficiência. Denúncias de corrupção circulam pelos corredores da cidade, mas, como na peça que se desenrola na Câmara, tudo acaba em pizza.

Resta saber quem vai comer o maior pedaço. Seria o Alex Meyer, Kalito Stoeckl ou Edvaldo Alcântara?

No final, resta a amarga reflexão sobre a qualidade de nossa representação política. Será que algum dia veremos uma mudança nesse roteiro? Ou continuaremos a assistir a essa peça repetitiva, onde tudo acaba em pizza, e a população, como sempre, fica com o gosto amargo na boca?

VERGONHA DO ANO

CPI dos Transportes: "Estão deixando as raposas cuidar do galinheiro?"

A nova composição da CPI do transporte coletivo representa um escárnio contra a população que esperava uma atitude digna para melhorar o transporte coletivo

Se alguém espera um resultado independente da CPI que vai apurar os rolos do transporte coletivo, pode tirar o cavalinho da chuva, porque desse mato não sai coelho.

Senão vejamos: O presidente é Kalito Stoeckl, ex-chefe de gabinete do prefeito Chico Brasileiro, vereador chapa branca que sempre votou a favor do prefeito, a poucos dias teria dito "se o prefeito faz coisas boas temos que elogiar, se faz cagada tenho que ficar quieto". Outro membro é Alex Meyer, atual líder do prefeito que não vai votar contra o chefe por razões óbvias.

O relator é Edvaldo Alcântara, que vive elogiando a atuação da empresa Santa Clara. Parece até que ele é funcionário da concessionária. Nada mal para quem já foi cobrador e motorista de ônibus.

Com todo esse cenário podemos esperar uma investigação imparcial? Claro que não. Isso sem contar que a CPI pode ter duração de 90 dias podendo ser prorrogado por mais 90 dias.

Daqui praticamente 60 dias já teremos a realização de convenções partidárias que vão definir as coligações da eleição deste ano. Assim sendo, fica cada vez mais evidente que a CPI já está sendo moldada para um gulosa pizza.

O que será que existe de tão cabeludo, de tão podre nesse episódio do transporte coletivo para mudarem até as leis e desfazer uma CPI? "Deve ter algo de muito podre no reino da Dinamarca".

Mas a empresa concessionária, os vereadores do amém e a turma do prefeito não podem comemorar antecipadamente: o Ministério Público está de olho nesse cambalacho e pode entrar em ação a qualquer momento. Aí veremos choro e o ranger de dentes.

Presidente da Câmara faz apelo ao Ministério Público

Questionado pela imprensa sobre a nova composição da CPI dos transportes, o presidente da Câmara, João Morales, disse ter cumprido seu papel para que os trabalhos fossem conduzidos com imparcialidade.

"A base do prefeito mudou o regimento interno, possibilitando nova forma de composição dos membros. Agora, a CPI ficou composta por integrantes da base do prefeito", afirmou Morales.

Indagado pelo repórter Eli Silva, da Rádio Cultura, se a CPI seria imparcial ao ser composta por vereadores do prefeito, o presidente da Câmara respondeu: "deixar a raposa cuidar do galinheiro é fácil". Durante a coletiva, João Morales fez um apelo dramático: "Essa presidência não tem poder para influenciar a CPI. Portanto, só nos resta fazer um apelo ao GAECO e ao GEPATRIA para acompanhar esse processo visando se fazer justiça porque o povo não pode pagar o pato. Se as coisas estão erradas, pode-se quebrar o contrato e promover nova licitação".

O Gaeco já estaria investigando o nebuloso contrato do transporte coletivo que já rendeu tantos dissabores à população e prejuízos ao erário. Espera-se uma posição para salvaguardar os direitos dos usuários e o dinheiro do contribuinte.

Esta é uma reprodução do Jornal Tribuna Popular, Edição 379, páginas 6 e 7