Dep. Luciano Alves tem como assessor um criminoso com Mandado de Prisão expedido
Por Tribuna Foz dia em Notícias

ASSESSOR CRIMINOSO
Dep. Luciano Alves tem como assessor um criminoso com Mandado de Prisão expedido
Deputado Luciano Alves e o peso das companhias que escolhe carregar
Há ditados populares que resistem ao tempo justamente porque são simples e certeiros. "Diga-me com quem andas, que eu te direi quem és" talvez seja um dos mais antigos e, ao mesmo tempo, mais atuais quando falamos de política. Afinal, o entorno de um político costuma dizer muito mais sobre ele do que seus discursos em palanque ou suas notas oficiais. E é por isso que o caso do deputado federal Luciano Alves (PSDPR), flagrado com um assessor parlamentar com mandado de prisão, merece uma reflexão profunda, e diga-se, indignada.
Dep. Luciano Alves e o assessor criminoso
Segundo o portal de Noticias HojePR, o parlamentar iguaçuense mantém em sua folha de pagamento, desde dezembro de 2024, Ângelo Felippe Rodrigues Mansano, nomeado como secretário parlamentar em seu gabinete, com salário de R$ 3.947,00 incluído auxílios. Até aí, nada de incomum. A novidade é que esse assessor responde judicialmente por crimes de abuso, maus-tratos, ferimento ou mutilação de animais, algo que, por si só, já deveria desqualificá-lo de qualquer cargo público que envolva confiança, ética e responsabilidade social.
Outros fatos
08/04/2020: Uma viatura da PM foi acionada para atendimento de uma ocorrência de vias de fato. No local foi constatado que a ex-convivente de Ângelo Felippe Mansano tentava sair de casa com a mudança e ele o impedia. Com a intervenção da policial ela conseguiu sair com segurança.
14/05/2022: A ex-noiva de Ângelo Felippe Mansano o denunciou de que ele teria invadido sua residência, sendo que uma equipe da PM se fez presente para sanar o problema.
Mandado de Prisão
Para piorar, Ângelo Felippe Mansano teve no dia 10 de março de 2025, um Mandado de Prisão ativo, decretado pela Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Paraná por descumprimento voluntário de medidas cautelares.
Ou seja, não estamos falando de um detalhe burocrático ou de uma questão secundária. Estamos falando de um criminoso condenado e procurado pela Justiça, atuando como assessor parlamentar de um deputado federal, com acesso a informações, agendas, eleitores e decisões políticas.
A nomeação que nunca deveria ter acontecido
Antes mesmo da nomeação, já havia sinais de que Ângelo Felippe Mansano não preenchia os requisitos básicos para ocupar o cargo. Desde março de 2024, ele figurava em ações na Justiça. E a Câmara dos Deputados exige, em tese, que os nomeados declarem não responder a processos judiciais. Então, como explicar que, nove meses depois, ele tenha sido admitido normalmente, com chancela do Departamento de Pessoal da Câmara?
De que é a falha?
O que falhou? A checagem da Câmara, a sinceridade do assessor ou a boa-fé do deputado que o indicou? Qualquer uma das respostas é assustadora. Se houve falha na fiscalização, estamos diante de um sistema frouxo, incapaz de evitar que criminosos ocupem cargos sensíveis. Se houve falsidade documental, temos um caso de má-fé direta do assessor. E se o deputado sabia e, ainda assim, manteve a nomeação, aí estamos falando de cumplicidade moral e política.
ASSESSOR CRIMINOSO
O peso da função de um assessor parlamentar
Não se trata de um cargo simbólico ou burocrático. Um assessor parlamentar não é um "quebra-galho" qualquer. Pelo contrário: é alguém que ajuda a elaborar projetos de lei, gerencia a agenda do parlamentar, organiza atendimento a eleitores e representa o deputado em diferentes instâncias.
Em outras palavras: Ângelo Felippe Mansano não era apenas um nome na folha de pagamento. Era um braço direto de Luciano Alves, alguém autorizado a falar em seu nome, a construir sua imagem e a orientar decisões políticas. Quando um assessor criminoso ocupa esse espaço, ele carrega consigo não só seu passado judicial, mas também a suspeita de que a ética foi abandonada dentro do gabinete.
E aqui o ditado popular cai como uma luva: "diga-me com quem andas...". Se Luciano Alves escolhe, entre tantos profissionais qualificados, justamente alguém com ficha suja e mandado de prisão, o que isso diz sobre seus critérios de confiança e sobre o ambiente político que deseja cultivar?
A desculpa da burocracia
A Câmara dos Deputados, quando questionada, respondeu com a ladainha habitual: que há exigência de certidões cartorárias, que eventualmente se faz uma busca na internet, que o parecer jurídico analisa as informações apresentadas. Traduzindo: jogaram a responsabilidade no labirinto da burocracia.
Só que a desculpa não cola. Estamos em 2025, em plena era digital, quando qual quer cidadão pode acessar processos públicos em segundos. Se a Câmara realmente tivesse interesse em barrar nomeações questionáveis, um clique no sistema judiciário bastaria. Mas não: preferiram aceitar documentos assinados e pareceres frios, ignorando que a realidade já gritava desde 2024 que Angelo Felippe Mansano não era nome apropriado para cargo público.
E mais: três meses depois da posse, veio o mandado de prisão. Isso não cai como uma surpresa do destino. Isso é o resultado previsível de uma aposta irresponsável.
O simbolismo político
A presença de um assessor criminoso em um gabinete parlamentar não é apenas um problema administrativo. É um escândalo simbólico. Significa que a política, em vez de servir de exemplo, abre espaço para que criminosos participem diretamente da vida pública.
Em um país onde a descrença na classe política já é profunda, episódios como esse apenas reforçam a percepção de que Brasília virou território livre para gente sem escrúpulos. E pior: que deputados não se importam com a ficha de seus aliados, desde que cumpram funções de confiança.
Ao ter um assessor com mandado de prisão, o deputado Luciano Alves se compromete, mesmo que indiretamente, com esse histórico. Afinal, se alguém auxilia na construção de leis e estratégias políticas, esse alguém deixa impressões digitais no trabalho parlamentar.
O eleitor no papel de bobo
Quem paga o salário de Ângelo Felippe Mansano não é o deputado, não é a Câmara, é o contribuinte. Ou seja: o povo que acorda cedo, paga impostos absurdos e sofre com serviços públicos precários é o mesmo que banca quase quatro mil reais mensais para sustentar o assessor foragido da Justiça.
Enquanto isso, a retórica em Brasília continua sendo a de combate à corrupção, moralidade pública e ética política. É a velha distância entre o discurso e a prática. No palanque, fala-se em honestidade. No gabinete, contrata-se quem tem contas a acertar com a lei.
E o eleitor, mais uma vez, é colocado no papel de palhaço, obrigado a aplaudir uma encenação que já perdeu a graça há muito tempo.
A responsabilidade do deputado
É inevitável perguntar: o deputado Luciano Alves sabia da ficha corrida de seu assessor? Se sabia, agiu com dolo político. Se não sabia, demonstrou incompetência para verificar quem colocava dentro de seu gabinete.
Nas duas hipóteses, sai perdendo. O Deputado Luciano Alves se mostra cúmplice, ou se mostra negligente. Em qualquer um dos casos, o resultado é devastador para sua imagem pública. Porque quem se apresenta como representante legítimo do povo não pode conviver de forma tão íntima com alguém marcado pela Justiça.
O que esse episódio revela
No fim, o caso do assessor criminoso revela três coisas:
1. A fragilidade dos mecanismos de controle da Câmara, incapazes de barrar nomeações de pessoas com ficha suja.
2. A frouxidão ética de alguns parlamentares, que tratam cargos públicos como favores pessoais a amigos, aliados ou conhecidos, pouco importando o histórico deles.
3. A impotência do eleitor, que descobre os absurdos pela imprensa, mas só pode reagir de quatro em quatro anos e ainda assim correndo o risco de ser enganado de novo por discursos moralistas.
Diga-me com quem andas
O ditado popular resiste porque é verdadeiro. Se um deputado escolhe andar com criminosos, não pode reclamar de ser associado a eles. E não se trata de exagero ou de perseguição: trata-se de responsabilidade objetiva. Um assessor com mandado de prisão não é "detalhe". É um escândalo que põe em xeque o próprio compromisso do parlamentar com a moralidade pública.
O caso do Deputado Luciano Alves e Ângelo Felippe Mansano não é apenas uma mancha na política paranaense, é mais um lembrete de que o Brasil ainda luta contra velhas práticas: a política feita na base do compadrio, da confiança cega e da indiferença com a ética.
Enquanto isso, o povo segue pagando a conta. E o ditado ecoa mais forte do que nunca: "Diga-me com quem andas, que eu te direi quem és".
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 421, Páginas 4 e 5, de autoria do Jornalista Enrique Alliana