DESGOVERNO: Três grupos comandam a prefeitura de Foz do Iguaçu
Por Tribuna Foz dia em Notícias

DESGOVERNO
Três grupos comandam a prefeitura de Foz do Iguaçu
O excesso de comando que paralisa a gestão, inviabiliza toda uma estrutura administrativa e o que resta é uma lacuna de buracos políticos e administrativos
Após dez meses de um governo marcado por tropeços, o que se observa na administração do prefeito General Joaquim Silva e Luna é uma grave crise de autoridade. Foz do Iguaçu, que esperava um governo técnico, disciplinado e pautado pela hierarquia, se vê mergulhada num verdadeiro caos político e administrativo, resultado direto do excesso de comando e da ausência de um líder central.
O que deveria ser um governo com norte e propósito se transformou em uma disputa interna de poder, onde três grupos distintos tentam, cada um à sua maneira, dar rumos à cidade e acabam levando o município à estagnação.
A comparação com os piores gestores da história local, como Hari Daijo e Reni Pereira, já começa a ser feita nos bastidores políticos e até entre servidores. Daijo pela incapacidade administrativa; Reni, pela marca da corrupção. Joaquim Silva e Luna, mesmo sem manchar as mãos com escândalos, entra para a história pelo colapso funcional de seu governo, por não conseguir fazer o básico: governar com autonomia e coerência.
A Prefeitura de Foz do Iguaçu parece loteada em feudos de interesse. Cada grupo atua por conta própria, sem comunicação entre si, gerando uma guerra fria dentro da estrutura municipal.
Primeiro Grupo
O primeiro grupo é o do próprio prefeito, que deveria exercer o comando, mas age como uma figura simbólica, tipo um “rei da Inglaterra”, presente nas fotos e discursos, mas sem poder real de decisão. Suas ordens, quando chegam aos escalões inferiores, são distorcidas, reinterpretadas ou simplesmente ignoradas. O resultado é um governo onde ninguém sabe quem manda, mas todos tentam mandar.
Segundo Grupo
O segundo grupo, considerado o mais ativo e nocivo, é composto por figuras que orbitam o centro do poder político local: o vice-prefeito Ricardo Nascimento, o presidente da Câmara Paulo Debrito, seu pupilo vereador Sidnei Prestes, e os aliado Cabo Cassol respectivamente líder do governo na Câmara. Esse núcleo político formou um verdadeiro “comitê paralelo de governo”. São eles que determinam quem é exonerado, quem é nomeado e até quais secretarias merecem atenção ou descaso.
Nos corredores da Câmara, é comum ouvir e presenciar, o anúncio antecipado de exonerações e nomeações, como se o poder de caneta estivesse em mãos erradas. E, de fato, está. Esses “comandantes de bastidores” passaram a controlar parte significativa do funcionalismo comissionado, promovendo a discórdia e o racha político.
A consequência é visível: a base governista derreteu. Dos 13 vereadores que apoiavam o general Silva e Luna no início do mandato, restam apenas seis. Uma perda expressiva que demonstra o fracasso na articulação política e a erosão da autoridade do prefeito.
O desgaste, contudo, não recai sobre o Legislativo. Os vereadores, por natureza, têm o papel de fiscalizar e criticar. Quem paga o preço da desorganização é o Executivo, cuja imagem afunda junto com a confiança popular. Quando a prefeitura se transforma em um campo de batalha interna, a população fica sem serviços, sem obras e sem rumo. A cidade paralisa porque o governo perdeu o foco na gestão e passou a se concentrar em intrigas e disputas pessoais.
Terceiro Grupo
O terceiro grupo tenta, de forma tímida, pregar a conciliação e a governabilidade. Seriam os que ainda acreditam em diálogo entre os poderes e no resgate da harmonia política, algo que, em tempos normais, é o mínimo necessário para uma administração funcional. Mas mesmo esse grupo encontra barreiras: o isolamento do prefeito, a interferência do segundo escalão e o ambiente tóxico criado por disputas de vaidade impedem qualquer tentativa real de reconstrução.
A verdade é que o general Silva e Luna precisa, urgentemente, reassumir o comando de seu governo. O tempo de escorar-se em conselheiros e aliados acabou. A liderança não pode ser delegada, especialmente quando se trata da administração de uma cidade complexa como Foz do Iguaçu. Se o prefeito não retomar as rédeas, o “terceiro grupo”, o último pilar de estabilidade, se dissipará, levando junto os fragmentos do governo que ainda resistem.
E o desfecho é previsível: o colapso total da gestão. A partir daí, o caminho natural seria a ascensão do vice-prefeito Ricardo Nascimento ao comando da cidade, com o presidente da Câmara, Paulo Debrito, tornando-se vice-prefeito interino. Uma transição silenciosa, mas que representaria o golpe final na autoridade de um general que perdeu a guerra sem perceber que estava em combate.
O governo Silva e Luna está em ponto crítico. O excesso de comando, a ausência de unidade e a falta de direção transformaram a máquina pública num campo minado. Se o prefeito não impuser uma liderança real e romper os laços com quem comanda por trás do pano, o que restará será apenas um governo de fachada, sustentado por vaidades e manobras. E lembrado como um dos mais confusos e inoperantes da história de Foz do Iguaçu.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 423, Página 3, de autoria do Jornalista Enrique Alliana