General Silva e Luna: A missão dada que não foi cumprida
Por Tribuna Foz dia em Notícias

BUCHA DE CANHÃO
General Silva e Luna: A missão dada que não foi cumprida
Mas como toda batalha mal planejada, a derrota começou silenciosa. A cada mês, um novo desentendimento, um novo desgaste. A tropa do general foi minguando até restarem apenas seis vereadores alinhados
No universo militar, existe um lema que ecoa como dogma entre soldados e oficiais: "Missão dada é missão cumprida." Essa frase, que simboliza disciplina, hierarquia e eficácia, cai por terra quando transportada para o terreno pantanoso da política, onde as ordens não são obedecidas, mas negociadas. E é justamente nessa travessia entre o quartel e o gabinete que o prefeito de Foz do Iguaçu, General Silva e Luna, perdeu o rumo da sua "missão".
Pedro Rodrigues, o protegido do Coronel Áureo
O episódio que melhor retrata esse fracasso foi a desastrosa tentativa de articulação política comandada por Pedro Rodrigues, o protegido do Coronel Áureo, designado para fazer a interlocução da Prefeitura com a Câmara de Vereadores. No início, o cenário era cômodo, havia maioria folgada, treze vereadores fiéis ao comando do general. Pedro Rodrigues, em seu papel de estrategista político, parecia ter a guerra vencida antes mesmo do primeiro disparo. Sobrava tempo até para um pastel no "Anexo 3" da Câmara Municipal, símbolo da calmaria política que reinava naquele momento.
Mas como toda batalha mal planejada, a derrota começou silenciosa. A cada mês, um novo desentendimento, um novo desgaste. A tropa do general foi minguando até restarem apenas seis vereadores alinhados, enquanto nove optaram pela independência, um eufemismo elegante para "oposição". A guerra, antes sob controle, foi sendo perdida trincheira por trincheira, voto por voto.
O comando de Pedro Rodrigues, mais parecendo aquele desenho animado "Recruta Zero", revelou-se um fiasco completo. Sem articulação, sem diálogo, sem habilidade para equilibrar os interesses da Câmara e as decisões do Executivo, o suposto articulador acabou isolando o prefeito e desgastando até seu próprio mentor, o Coronel Áureo. A continuidade de ambos na linha de frente é vista, nos bastidores, como suicídio político. O fracasso da dupla foi tão evidente que até aliados próximos já pedem substituição urgente antes que a implosão se torne irreversível.
Na política, diferente do quartel, o cumprimento da missão depende de algo que os generais raramente aprendem nos manuais de instrução que é a flexibilidade. A política é um campo onde a rigidez é uma fraqueza, e a estratégia é moldada pela diplomacia e não pela disciplina. Nesse quesito, tanto Pedro Rodrigues quanto o Coronel Áureo mostraram-se amadores. Foram bons executores, mas péssimos negociadores.
Voltamos ao desagregador, Pedro Rodrigues, ao invés de construir pontes, espalhou pólvora e dinamite entre os dois poderes. O canhão que deveria proteger o general agora parece apontado diretamente para o seu gabinete.
General Garrido, talvez o único ter lido o livro "A Arte da Guerra"
Entre os militares que orbitam o entorno do poder municipal, muitos dizem que o único que compreendeu o jogo político até o momento foi o General Eduardo Garrido, talvez o único ter lido o livro "A Arte da Guerra", de Sun Tzu. O filósofo chinês dizia: "Se estás perto do inimigo, deves fazê-lo crer que estás longe; se longe, aparentar que se está perto." Em outras palavras, inimigos durante as batalhas no período do dia, e se for preciso, jantar e tomar um vinho no período da noite com o inimigo, pois somente assim se chega-se ao ponto de fumar um charuto e a paz reinar. Política é "articulação" estratégica. Segundo fontes General Garrido compreendeu isso, Coronel Áureo, não.
De general para general
Com a possibilidade do general Garrido assumir o posto de novo articulador político, o cenário muda. Mas o desafio é colossal. O general Garrido herda uma terra arrasada, uma Câmara fragmentada e um Executivo desacreditado com o governo municipal. Sua missão será apagar incêndios com gasolina, pois o que restou da base governista é uma trincheira em ruínas. Por um lado, a conversa entre Garrido e o prefeito é muito superior, afinal dois generais conversando de frente, a pólvora quente deixada por Pedro Rodrigues pode pegar umidade rapidinho e o canhão prestes a detonar poderá ter um efeito bem menor que o esperado.
BUCHA DE CANHÃO
A matemática cruel da política não aceita erros. Afinal errar é humano, persistir no erro é fatal
O general acostumado a ambientes de comando e obediência, encontrou um campo onde o poder não se conquista pela patente, mas pela habilidade de diálogo
A matemática política é cruel. Se hoje nove vereadores estão insatisfeitos com a condução do governo, basta um a mais para formar o número fatal: dez. E dez é o número mágico que garante maioria suficiente para abrir caminho a um processo que pode, literalmente, mandar o general para casa.
A equação é simples: nove nunca será maior que seis. Mas parece que na gestão de Silva e Luna, o raciocínio lógico foi substituído pela teimosia e pela crença de que hierarquia se impõe até mesmo sobre o jogo democrático. Na política, não há ordens a cumprir, apenas acordos a firmar.
O prefeito, acostumado a ambientes de comando e obediência, encontrou em Foz do Iguaçu um campo onde o poder não se conquista pela patente, mas pela habilidade de diálogo. O problema é que, para quem passou a vida marchando em linha reta, a arte da negociação é feita de curvas, desvios e sutilezas, parece uma traição à própria natureza.
A missão dada a Silva e Luna era simples: governar com diálogo, manter estabilidade e entregar resultados. No entanto, ao tratar aliados como subordinados e a política como uma missão militar, o general acabou isolado no seu próprio quartel. A cidade esperava liderança, recebeu rigidez; esperava diplomacia, recebeu ordens.
E como em toda guerra perdida, resta agora contabilizar as baixas. A confiança pública está abalada, a base política desmoronou e o comando do prefeito cambaleia sob o peso da sua própria arrogância. Se o lema militar diz "missão dada é missão cumprida", a experiência de Silva e Luna mostra que, na política, a frase mais adequada talvez seja: "missão dada pode ser mal conduzida" e, nesse caso, totalmente fracassada.
Porque entre as trincheiras da Câmara e as paredes frias do gabinete do prefeito, o que se vê hoje é um general cercado, com poucos soldados leais e muitos inimigos armados, inclusive dentro do próprio exército. A guerra política em Foz do Iguaçu continua, mas, ao que tudo indica, o general já perdeu o comando do campo de batalha.
A pergunta que fica no ar
Afinal, Pedro Rodrigues está no governo para somar ou para dividir? A sua presença na gestão do prefeito General Silva e Luna desperta mais dúvidas do que certezas. Seria ele um articulador desastrado ou um estrategista infiltrado, operando nos bastidores com o intuito de minar as próprias bases do governo que o acolheu? Essa hipótese, que parece conspiratória à primeira vista, ganha força à medida que os fatos se acumulam: alianças rompidas, base política encolhida e uma sequência de equívocos que só beneficiam os adversários.
Pedro Rodrigues, vindo de outros governos, parece carregar um manual próprio de sobrevivência política. Um manual que pouco se preocupa com o sucesso do atual prefeito. Enquanto a administração desaba em crises internas, ele segue firme, como se tudo estivesse dentro do previsto. E é justamente isso que alimenta a dúvida: será mesmo incompetência, ou uma estratégia silenciosa para pavimentar um novo projeto de poder?
Somente a cúpula governista pode responder, mas o que se ouve nos corredores da Prefeitura e da Câmara é um sussurro uníssono: "algo está errado." A cada manobra de Pedro Rodrigues, o governo se enfraquece. A cada decisão articulada por ele, o isolamento político do general aumenta. Coincidência? Talvez. Mas a política raramente é feita de coincidências.
Faca na caveira e a guilhotina
Uma imagem recente do Coronel Áureo empunhando uma faca se tornou o símbolo perfeito do atual cenário. A expressão "faca na caveira", tão reverenciada entre tropas de elite, representa coragem, superação e vitória sobre a morte. No entanto, na política local, essa metáfora se inverteu. A "faca" já não é símbolo de força, mas de desgaste; e a "caveira", em vez do inimigo vencido, tornou-se o próprio governo.
Afinal, na guerra política, não há bravura que resista à falta de diálogo. O lema militar de "missão cumprida" não encontra eco em um campo onde o que vale é a negociação, a articulação e o jogo de interesses. O Coronel Áureo e seu pupilo Pedro Rodrigues parecem ter confundido comando com liderança, hierarquia com diplomacia.
E enquanto o coronel segura a faca, a guilhotina está pronta, e ironicamente, não nas mãos de seus inimigos, mas nas do próprio General Silva e Luna. Se o prefeito não agir com rapidez para cortar o mal pela raiz, a lâmina que cairá poderá ser a da própria gestão. A "faca na caveira" pode até inspirar os quartéis, mas na política de Foz do Iguaçu, quem dita as regras é a guilhotina.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 423, Páginas 4 e 5, de autoria do Jornalista Enrique Alliana