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Enio Verri derrete R$ 200 milhões em hotel de luxo para a COP30, mas esquece do Trevo do Charrua em Foz

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Enio Verri derrete R$ 200 milhões em hotel de luxo para a COP30, mas esquece do Trevo do Charrua em Foz
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VERGONHA

Enio Verri derrete R$ 200 milhões em hotel de luxo para a COP30, mas esquece do Trevo do Charrua em Foz

A gestão de Enio Verri se notabiliza pelas trapalhadas políticas; agora surge o reino da mordomia em Belém do Pará

Enquanto os freios guincham no Trevo do CTG Charrua e os motoristas de Foz do Iguaçu cruzam os dedos a cada conversão, Enio Verri, diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, resolve fazer check-in em outra realidade: a do luxo cinco estrelas. E não é em Foz, claro.

A nova obsessão da gestão Verri é Belém do Pará, para onde a estatal vai destinar mais R$ 200 milhões na construção de um hotel de luxo para a COP30.

Porque, obviamente, o planeta não será salvo sem colchões king size, lençóis egípcios e piscina aquecida para diplomatas suados. Os mesmos que depois voltam a seus países falando mal do Brasil.

Enio e sua turma chamam essa gastança de "investimento socioambiental". A tradução livre é: maquiagem verde para encobrir o desvio de foco e prioridade. Enquanto isso, o Trevo do Charrua, verdadeira roleta russa viária, continua ignorado. Custa algo em torno R$ 15 milhões, uma gorjeta perto do hotel-resort da Amazônia bancado por Itaipu. Mas parece que salvar vidas no Oeste do Paraná não rende holofotes internacionais.

A ironia? Itaipu está a poucos quilômetros do trevo maldito (trevo do CTG Charrua). O dinheiro que pagará a hospedagem dos chefes de Estado vem da energia gerada ali mesmo, do lado de cá, no Paraná, onde a população continua convivendo com favelas, buracos nas ruas, saúde precária, transporte ineficiente e promessas que evaporam mais rápido que os rios amazônicos no verão.

Desde que Enio Verri assumiu o cargo, Foz do Iguaçu virou palco de discursos com gosto de PowerPoint: coloridos, impactantes, mas completamente desconectados da realidade. Nada de obras estruturantes, nada de retribuição ao estrago social e urbano causado pela implantação da usina nas décadas passadas. Jorra dinheiro para outras cidades e as mazelas permanecem na fronteira, sede da binacional.

A cidade, que cedeu suas margens e parte de suas terras ao lago da barragem, segue como figurante em um roteiro de ficção institucional. Roteiro de uma trilogia macabra, bem ao estilo Quentin Tarantino.

A cereja (orgânica, claro) do bolo foi a entrada da primeira-dama Janja no palanque. Virou mascote de conferência, vendendo o projeto como redenção ecológica do Brasil, enquanto a Amazônia queima e o povo da floresta liga luz com "gato". E Foz? Foz continua à margem - literalmente.

Pior: Itaipu, com todo seu poderio orçamentário, escapa do crivo do Tribunal de Contas da União. É como dar um cartão Black sem limite para uma entidade que responde apenas a si mesma. Em nome da binacionalidade, a usina virou uma entidade opaca, blindada por uma interpretação conveniente do STF. E nesse breu institucional, decisões absurdas ganham verniz de legalidade.

O hotel de luxo será erguido com todas as pompas: centro de convenções, restaurante gourmet, bar para brindar a salvação do planeta com a deliciosa Dom Perignon, que custa R$ 15 mil a garrafa, tudo sob a benção da diplomacia climática. Mas não espere transparência sobre os custos, nem contrapartidas para as cidades-sede da geração energética. Afinal, pobre não precisa de hotel cinco estrelas. Precisa é de asfalto, de saúde, de dignidade urbana - mas isso não dá curtida no Instagram da ONU.

A Itaipu de Enio Verri parece mais interessada em virar uma ONG globalizada com vocação para resort do que em cumprir sua função original: gerar energia e desenvolvimento local. O discurso socioambiental virou um biombo onde se esconde o desinteresse pelo social e pelo ambiental reais. O resultado é uma Foz do Iguaçu que só aparece no mapa da Itaipu na hora de cortar a fita de alguma praça.

Enquanto isso, a COP30 será um sucesso. Teremos discursos emocionados, líderes posando com crianças indígenas, painéis sobre carbono neutro servidos com finger food vegano, caviar e champanhe, muito champanhe. E, claro, o Trevo do Charrua seguirá como metáfora perfeita do Brasil real: congestionado, perigoso, esquecido e sempre à espera de alguém que olhe para ele como prioridade.

Veja como será o hotel de luxo

Segundo o site Belém Negócios, o empreendimento financiado com verba da Itaipu contará com quase 500 quartos, restaurantes, bares, academia, salas de reunião e um centro de convenções. Tudo sob o pretexto de atender às necessidades da COP30, mas distante da missão original da estatal: investir em eficiência energética, infraestrutura e inclusão social.

A realidade é que o hotel se tornará mais um símbolo de um país que ignora os próprios cidadãos para brilhar diante dos olhos internacionais.

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