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Quando a solução da Prefeitura é criar mais problemas

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Quando a solução da Prefeitura é criar mais problemas
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RETROCESSO NA SAÚDE

Quando a solução da Prefeitura é criar mais problemas

Por ordem direta do prefeito General Silva e Luna, cinco Unidades Básicas de Saúde deixarão de fornecer medicamentos controlados e antibióticos, remédios estes essenciais para pacientes que, muitas vezes, não têm alternativa financeira

Se alguém ainda tinha dúvidas de que a saúde pública de Foz do Iguaçu poderia afundar mais um pouco, a Prefeitura tratou de responder: Sim, pode. Por ordem direta do prefeito General Silva e Luna, cinco Unidades Básicas de Saúde deixarão de fornecer medicamentos controlados e antibióticos, remédios estes essenciais para pacientes que, muitas vezes, não têm alternativa financeira.

A decisão, formalizada no Memorando Interno nº 55793/2025, atinge as UBS do Porto Belo, São Roque, Sol de Maio e Portal da Foz. Na prática, isso significa que moradores desses bairros terão que cruzar a cidade em busca de tratamento, gastando tempo e dinheiro que muitos simplesmente não têm.

A justificativa oficial? Não foi apresentada de forma clara. Mas o efeito colateral é óbvio. As farmácias privadas da cidade agradecem. Afinal, quando o Estado se retira de uma obrigação básica, o setor privado entra para lucrar. É difícil não levantar suspeitas de que essa "mudança administrativa" funcione, na verdade, como um empurrãozinho no faturamento de empresas do ramo.

O impacto na vida real é cruel. Pacientes que dependem de ansiolíticos, antidepressivos, anticonvulsivantes ou antibióticos de uso contínuo agora enfrentam não só a batalha contra a doença, mas também contra a burocracia e a distância. Para idosos, pessoas com mobilidade reduzida ou sem transporte próprio, a nova medida é praticamente uma sentença de abandono.

COMUS

Felizmente, o COMUS (Conselho Municipal de Saúde) não engoliu a ordem calado. A entidade classificou a decisão como uma afronta à dignidade dos doentes e exigiu a suspensão imediata da medida. A pressão surtiu efeito e a interrupção foi, por ora, barrada, e uma reunião entre o Conselho e a Prefeitura está marcada para os próximos dias.

Mas o episódio deixa claro o cenário que vivemos, um governo municipal disposto a cortar direitos essenciais sem diálogo prévio, testando até onde pode ir antes da reação popular. Se a população e os órgãos de controle não ficarem atentos, o próximo "ajuste" pode atingir qualquer outro serviço público, com a desculpa de uma suposta eficiência, que, no fim, só beneficia poucos e prejudica muitos.

Porque, no fim das contas, quando o acesso a remédios básicos vira privilégio, não é só a saúde que está doente, mas toda a gestão pública.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 420, Página 16, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

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