Fernando Duso do PT trabalha em Brasília com salário de R$ 1.584,10 por mês
Por Tribuna Foz dia em Notícias

EX-PRESIDENTE DA CÂMARA DE FOZ
Fernando Duso do PT trabalha em Brasília com salário de R$ 1.584,10 por mês
Ex-presidente da Câmara de Foz. De salários polpudos à sobrevivência em Brasília como estagiário de luxo
A política tem dessas coisas. Um dia você é presidente da Câmara de Foz do Iguaçu, com salário de mais de R$ 13 mil, com direito a motorista, assessores, com toda a pompa e circunstância. No outro, está em Brasília tentando sobreviver com R$ 1.584,10 brutos, como se fosse um estagiário que mal consegue pagar a marmita do bandejão. Essa é a crônica atual de Fernando Henrique Triches Duso, do PT, que já foi empresário de combustíveis, do agronegócio e figura graúda na política iguaçuense, mas que hoje parece mais um personagem perdido em um reality show chamado "Sobrevivendo em Brasília".
O roteiro tem pitadas de drama e ironia. Em dezembro de 2016, Fernando Duso encerrava seu mandato na presidência da Câmara com salário de R$ 13.625,82. Uma cifra respeitável, compatível com o prestígio de quem já mandava e desmandava no Legislativo local. Mas o tempo é cruel. Depois de se afastar das empresas privadas, reapareceu em janeiro de 2025 como assessor do vereador Beni Rodrigues, faturando R$ 11.191,36.
Nada mal. Porém, como em toda boa novela brasileira, veio a reviravolta. Em junho de 2025, foi exonerado.
Sem palco em Foz, Fernando Duso buscou luz em Brasília, a capital que adora reciclar políticos de carreiras interrompidas. Nomeado em 9 de junho de 2025, como Secretário Parlamentar (SP03) do deputado Zeca Dirceu, passou a viver a dura realidade do salário-base de R$ 1.584,10. Menos do que muita diarista em Foz do Iguaçu consegue tirar no mês. Para completar a ironia, ainda sofre desconto previdenciário de R$ 119,79. Sim, até no contracheque a política brasileira não perdoa.
É verdade, mas há um auxílio de R$ 1.784,42 que dá uma sobrevida, totalizando R$ 3.368,52. Mas convenhamos, para os padrões de Brasília, esse valor não paga nem um quitinete em bairro afastado com internet decente. Quem já foi "rei" em Foz, agora precisa calcular se compra pão francês ou economiza para o aluguel.
A cena é tão surreal que parece metáfora da política. Ontem, Fernando Duso desfilava como presidente da Câmara; hoje, corre o risco de dividir apartamento funcional com outros assessores para não estourar o orçamento. É o que se poderia chamar de "rebaixamento de série". Sai da Série A da política local, com salários de craque, para a Série C dos bastidores de Brasília, onde o máximo que pode esperar é uma oportunidade de ser lembrado no banco de reservas.
A pergunta que paira no ar é. Qual a lógica de aceitar tamanho "rebaixamento"? Seria apenas teimosia política, sobrevivência estratégica ou esperança de que o sofrimento seja temporário até aparecer um cargo mais rentável? Em Brasília, todos sabem: ninguém aceita um cargo pequeno sem mirar um maior.
Enquanto isso, fica a ironia: Fernando Duso, que já manejou cifras respeitáveis, hoje precisa sobreviver com o mesmo salário de um jovem recém-formado em estágio probatório. A diferença é que, ao contrário dos jovens, ele já experimentou o gosto do poder e agora precisa conviver com a lembrança amarga do passado.
Talvez seja esse o verdadeiro castigo político: não o esquecimento, mas a sobrevivência em câmera lenta, num cargo de consolação, assistindo de longe o jogo que um dia já foi seu.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 421, Página 16, de autoria do Jornalista Enrique Alliana