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Foz do Iguaçu em colapso: O retrato cruel do abandono da saúde pública na gestão Silva e Luna

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Foz do Iguaçu em colapso: O retrato cruel do abandono da saúde pública na gestão Silva e Luna
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HOSPITAL MUNICIPAL

Foz do Iguaçu em colapso: O retrato cruel do abandono da saúde pública na gestão Silva e Luna

Uma tragédia anunciada que revela que autoridade não substitui competência técnica, tampouco compromisso com o bem comum

No coração de Foz do Iguaçu, um símbolo de esperança e cuidado agoniza em silêncio: o Hospital Municipal Padre Germano Lauck. Referência em urgência e emergência não apenas para a população iguaçuense, mas também para toda a região da tríplice fronteira.

O hospital atravessa uma de suas piores fases. O cenário atual ultrapassa a simples ideia de crise: é uma demonstração concreta de sucateamento institucional, reflexo de anos de descaso, má gestão, negligência política e desumanização do serviço público.

A eleição do General Silva e Luna à Prefeitura de Foz do Iguaçu gerou, inicialmente, um sentimento de expectativa por parte de muitos cidadãos, sobretudo pela promessa de eficiência e disciplina administrativa associada ao perfil militar. No entanto, o que se vê na prática é um agravamento profundo das condições de funcionamento do principal hospital público da cidade, uma tragédia anunciada que revela que autoridade não substitui competência técnica, tampouco compromisso com o bem comum.

Estrutura em ruínas: o sucateamento visível

Entrar hoje no Hospital Municipal é atravessar um retrato do abandono. Salas improvisadas, tetos com infiltrações, paredes descascadas, equipamentos quebrados, falta de climatização adequada e uma precarização que fere os princípios mínimos da dignidade e da biossegurança. Há setores em que os próprios trabalhadores denunciam não existir nem mesmo banheiros apropriados, obrigando equipes a dividir o mesmo espaço sanitário com pacientes e muitos destes contaminados com bactérias multirresistentes. Um risco sanitário intolerável em qualquer estrutura de saúde, mas escancaradamente normalizado pela administração pública.

A falta de materiais básicos de trabalho é cotidiana. Procedimentos simples, como curativos, coleta de exames ou até mesmo a triagem de pacientes, são prejudicados por ausência de insumos. O cenário é tão alarmante que até itens de proteção individual, essenciais para a segurança de profissionais e pacientes, frequentemente estão em falta.

Servidores adoecem: o impacto sobre quem sustenta a saúde

O colapso da estrutura física do hospital tem um reflexo direto sobre o estado emocional e psicológico dos servidores. Enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, recepcionistas e outros trabalhadores relatam insatisfação, esgotamento e medo. O número de afastamentos por questões psicológicas vem aumentando drasticamente, com muitos recorrendo a atestados e licenças médicas por absoluta exaustão.

Por trás disso, há uma questão ainda mais grave: a desvalorização profissional. Muitos trabalhadores desempenham funções de risco extremo sem o reconhecimento do adicional de insalubridade. Há anos que o Sindicato dos Servidores da Saúde de Foz do Iguaçu (SEESSFIR) trava uma batalha judicial para assegurar que os direitos trabalhistas básicos sejam respeitados. A luta não é por privilégios, é por dignidade. Como afirmou o presidente do Sindicato, Paulo Sérgio, "enquanto os protocolos de segurança são ignorados por falta de estrutura, nós colocamos nossas vidas em risco todos os dias."

Esse cenário revela não apenas uma falha administrativa, mas uma desumanização perversa do serviço público. O trabalhador da saúde, que enfrentou a pandemia de COVID-19 na linha de frente, agora é empurrado para um ambiente hostil, negligenciado e sem apoio institucional.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 419, Página 10, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

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