Futura Secretária da Mulher revela falta de compromisso com a máquina pública em Foz
Por Tribuna Foz dia em Notícias
POLITICAGEM
Futura Secretária da Mulher revela falta de compromisso com a máquina pública em Foz
Criação de pasta para atender ala radical bolsonarista vai na contramão de discurso de austeridade do prefeito eleito Silva e Luna
Eleito com um discurso de enxugamento da máquina pública, o prefeito de Foz do Iguaçu, Coronel Silva e Luna (PL), surpreendeu ao anunciar a criação da Secretaria Municipal da Mulher. A nova pasta será comandada por Noemi Gieh, presidente municipal do PL e figura de destaque no apoio à ala bolsonarista mais radical de sua base eleitoral.
A decisão de criar a secretaria contrasta com as promessas de campanha de Silva e Luna, que defendia a redução de gastos e a racionalização da estrutura administrativa. Segundo comunicado oficial, a nova pasta terá como objetivo implementar políticas públicas voltadas à saúde, segurança e empreendedorismo feminino. Porém, analistas apontam que a medida visa atender demandas ideológicas de sua base, em detrimento de uma gestão comprometida com a redução dos gastos públicos.
Noemi Gieh ganhou notoriedade durante a pandemia ao coordenar a Central de Atendimento Covid-19 (CAC-FI), um serviço paralelo de saúde organizado pela Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI). A iniciativa foi apresentada como um "case de sucesso" em eventos promovidos por grupos negacionistas e antivacina, mas teve ações marcadas pela promoção de medicamentos ineficazes e pela disseminação de desinformação.
A decisão de colocar uma figura polêmica à frente da secretaria reforça críticas de que Silva e Luna está priorizando interesses políticos em detrimento da gestão pública eficiente. Enquanto isso, a criação da nova pasta gera questionamentos sobre o impacto financeiro e administrativo de uma estrutura adicional em uma cidade que já enfrenta desafios de orçamento e eficiência.
INRRESPONSÁVEL
Projeto coordenado por Noemi Gieh arrecadou R$ 878 mil para distribuir remédios ineficazes
A promoção do kit-covid ocorreu em paralelo a uma intensa campanha de fake news e prejudicou medidas preventivas recomendadas pelas autoridades de saúde
A crise sanitária causada pela covid-19 revelou os impactos devastadores da desinformação e do uso de medicamentos sem eficácia comprovada. Em Foz do Iguaçu, a Central de Atendimento Covid-19 (CACFI), coordenada por Noemi Gieh, ilustra o perigo de medidas tomadas sem respaldo científico.
Instituída pela Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI) em dezembro de 2021, a CAC-FI arrecadou R$ 878 mil em menos de um mês para distribuir "kits covid" compostos por remédios como ivermectina, nitazoxanida e azitromicina. Esses medicamentos foram amplamente rejeitados pela comunidade científica, que alertou para sua ineficácia e os riscos associados a seus efeitos colaterais. Ainda assim, a Central realizou mais de 4.700 consultas, prescrevendo os medicamentos a 2.894 pacientes.
A promoção do tratamento precoce ocorreu paralelamente a uma intensa campanha de fake news e análises distorcidas, prejudicando os esforços de conscientização sobre a vacinação e as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades de saúde. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reafirmou, à época, que nenhum medica mento incluído no "kit covid" tinha eficácia comprovada contra a doença.
Enquanto isso, dados da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, de janeiro de 2022, mostraram a importância da vacinação. O relatório revelou que 72% das mortes por covid-19 no período ocorreram entre pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto. Além disso, as hospitalizações caíram 34%, enquanto as internações em UTI e enfermarias foram reduzidas em 59% e 9%, respectivamente.
A atuação de Noemi Gieh à frente da CAC-FI agora volta a ser discutida com sua nomeação para a recém-criada Secretaria Municipal da Mulher. A falta de evidências científicas em suas iniciativas durante a pandemia reforça preocupações sobre o direcionamento das políticas públicas sob sua gestão e os possíveis riscos de priorizar interesses ideológicos em detrimento da saúde da população.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular (mídia impressa) - Edição 401, páginas 12 e 13