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Guarda Municipal foragido da Justiça vive legalmente em Puerto Iguazú

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CURVA DE RIO

Guarda Municipal foragido da Justiça vive legalmente em Puerto Iguazú

Com mandado de prisão em aberto no Brasil, Joelson Bolsolavista obteve visto para residência permanente no país vizinho

Foragido da Justiça brasileira desde 10 de junho passado, o guarda municipal de Foz do Iguaçu Joelson Bolsolavista vive legalmente na cidade vizinha de Puerto Iguazú. Alvo de pedido de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito da operação Lesa Pátria, o procurado conseguiu em 19 de julho, junto ao governo do presidente Javier Milei, visto para residência permanente em todo território argentino.

Conforme noticiado pela jornalista conservadora Ana Maria Cemin, "durante os dois primeiros meses de exílio, o preso político ficou em La Plata, morando com outros brasileiros na mesma situação. Atualmente está em Puerto Iguazú, cidade que fica muito perto da sua família, que pode visitá-lo com frequência", consta matéria veiculada em 3 de setembro.

Em 8 de janeiro de 2023, Joelson postou vídeos e fotos participando de atos antidemocráticos no gramado da Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF). Em uma das imagens, ele aparece em um acampamento ilegal montado por bolsonaristas radicais próximo ao Exército. Em outro trecho, filma extremistas subindo e descendo pela rampa do Palácio do Planalto.

O guarda municipal foi preso por agentes da Policia Federal em 17 de março e sua prisão se estendeu até 29 de novembro do mesmo ano. Para fundamentar seu pedido de soltura, Joelson alegou sofrer comorbidades como hipertensão, deficiência auditiva e fortes dores no ouvido. Também foi solicitado que ele recebesse atendimento especializado e adequado de psiquiatra, otorrinolaringologista, cardiologista e neurologista.

À jornalista Ana Cemin, Joelson relatou dificuldade financeira e mais de R$ 270 mil em dívidas com advogados, "que não tem como pagar". Em Puerto Iguazú, disse viver com simplicidade e se mostrou otimista com o novo momento. "Achei um apartamento pequeno, com um aluguel barato. Os móveis eu mesmo fiz com madeira. Os eletrodomésticos, que são muito caros aqui, eu consegui trazer do Brasil. Estou com toda a minha documentação em dia desde o começo e sempre que tenho dúvidas converso com o pessoal da Defensoria Pública (Buenos Aires). Eles têm um carinho e um cuidado especial com os presos políticos brasileiros. Me disseram que qualquer processo de deportação demandaria cerca de 6 anos", acredita.

SEM TRABALHAR

Mesmo foragido da justiça Joelson Bolsolavista recebe salário de R$ 11.960,00 todo mês da prefeitura

Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, guarda municipal está suspenso de sua função pública em Foz do Iguaçu; decisão não cortou remuneração

Mesmo foragido da Justiça brasileira desde julho passado, o guarda municipal Joelson Bolsolavista mantém sua remuneração mensal paga pela Prefeitura de Foz do Iguaçu. Conforme demonstrado pelo Portal da Transparência do Município, em agosto passado, o procurado recebeu salário bruto de R$ 11.960,00. A manutenção dos pagamentos está de acordo com decisão judicial.

Para quem não sabe, Joelson é um personagem conhecido da sociedade iguaçuense e trabalha na Guarda Municipal desde 1995.

Nas redes sociais ele se denomina como Joelson Bolsolavista (em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e o influenciador digital Olavo de Carvalho, morto em 2022). Em 2022, ele participou da campanha eleitoral como candidato a deputado federal pelo Pros, obtendo 2.145 votos.

Em dupla

Nos atos na capital, Joelson foi acompanhado da esposa, Marisa Aparecida Aires Nogueira, que também é guarda municipal em Foz do Iguaçu. Ela inclusive postou vídeos a caminho da Praça dos Três Poderes, onde foram praticadas as ações terroristas. Marisa é guarda municipal desde 2003.

Segundo Joelson, ele não cometeu ato terrorista. Confira sua versão: "Estive em Brasília em 8 de janeiro e não invadi, não depredei, não confrontei policiais. Quando chegamos na Praça dos Três Poderes não havia mais grades de proteção, nem policiais bloqueando o acesso. O caminho estava livre. Tinha a intenção de me manifestar pacificamente e registrar os acontecimentos como jornalista inscrito na Ordem dos Jornalistas do Brasil. Porém, nada do que os advogados argumentaram nos autos em minha defesa funcionou, por ser um processo político. Aliás, eu estava há 53 dias preso quando os meus advogados conseguiram ter acesso ao meu processo. Foi então que verificaram que não havia qualquer fundamentação para a minha prisão", diz.

Esta e uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 391, página 8 e 9

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