HOSPITAL MUNICIPAL: Furtos e insegurança mostra o abandono generalizado
Por Tribuna Foz dia em Notícias

HOSPITAL MUNICIPAL: Furtos e insegurança mostra o abandono generalizado
O caso é emblemático não apenas pela ousadia do crime, mas por expor uma realidade alarmante
A situação do Hospital Municipal é tão crítica que nem mesmo a segurança mínima está garantida. Furtos se tornaram rotina. Um dos episódios mais simbólicos da atual decadência foi o desaparecimento de uma televisão de 55 polegadas, doada pelo próprio sindicato aos trabalhadores, furtada dentro da unidade hospitalar sem que ninguém percebesse.
O caso é emblemático não apenas pela ousadia do crime, mas por expor uma realidade alarmante: não há controle de acesso, vigilância eficiente ou qualquer estratégia de segurança minimamente eficaz. Moradores de rua circulam livremente pelos corredores da unidade, pacientes psiquiátricos caminham desacompanhados, e os funcionários vivem sob constante tensão. Como relatou uma técnica de enfermagem, "a sensação é de total abandono. Trabalhamos com medo, não sabemos quem pode entrar a qualquer momento ou o que pode acontecer."
O hospital, que deveria ser um refúgio de cuidado e segurança, tornou-se um espaço de medo e insegurança para todos. Todos mesmo, profissionais e pacientes.
Pacientes em risco: o desmonte do atendimento básico
A população que depende exclusivamente do SUS é a principal vítima do desmonte. Com a estrutura sucateada, profissionais sobrecarregados e ausência de protocolos adequados, o atendimento oferecido está longe do mínimo aceitável. Triagens são feitas às pressas, há demora na realização de exames, diagnósticos tardios e, muitas vezes, transferências obrigatórias para hospitais de outras cidades por falta de capacidade técnica local.
Esse tipo de improviso, além de custar mais ao sistema público, impõe sofrimento e humilhação às famílias, que veem seus entes queridos peregrinando em busca de assistência. Não é exagero afirmar que vidas estão sendo perdidas pela lentidão, pelo descaso e pela burocracia que impedem a saúde de funcionar como deveria.
General Silva e Luna: Da expectativa à decepção
Quando o General Silva e Luna assumiu a Prefeitura, havia uma esperança de que sua fama de gestor firme e disciplinado pudesse finalmente colocar ordem na caótica estrutura da saúde municipal. Mas, ao completar mais de 200 dias de mandato, a decepção se impõe com força.
A nova gestão, ao invés de sinalizar medidas emergenciais e demonstrar empatia com os profissionais e usuários do sistema, tem sido marcada pelo silêncio, pela inércia e, em muitos casos, pelo agravamento da crise. Até o momento, não se vê um plano estruturado de recuperação do Hospital Municipal. O discurso da austeridade é usado como cortina de fumaça para encobrir a ausência de políticas públicas efetivas.
Enquanto isso, os servidores adoecem, os equipamentos apodrecem e a população sofre.
O que precisa ser feito: O hospital pede socorro
A recuperação do Hospital Municipal exige uma abordagem imediata, técnica e comprometida. Não se trata apenas de reformar paredes ou comprar novas camas hospitalares. O problema é estrutural e passa por:
Auditoria completa nos contratos de manutenção, fornecimento e serviços;
Contratação emergencial de pessoal qualificado;
Reposição de equipamentos básicos e tecnológicos;
Valorização imediata dos servidores, com revisão das insalubridades e recomposição salarial;
Plano emergencial de segurança e vigilância patrimonial;
Instalação de uma ouvidoria interna que acolha, de forma segura, denúncias de servidores;
Escuta ativa dos profissionais da saúde, que são os que conhecem de perto a realidade do hospital.
Entre a vida e o desespero
O Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, que já foi referência em saúde pública, hoje agoniza. A sua situação não é resultado de um único governo, mas o agravamento durante a atual gestão demonstra como a ausência de sensibilidade e preparo pode acelerar um processo de falência pública.
A saúde não pode ser tratada como um problema técnico isolado. Ela é um direito constitucional, um reflexo direto da dignidade de um povo. Quando o hospital adoece, a cidade adoece junto. Quando o servidor é desvalorizado, o atendimento à população também perde qualidade. E quando a gestão se omite, o caos se impõe.
A pergunta que ecoa pelos corredores do hospital, nas casas das famílias que esperam por atendimento e nas salas dos servidores adoecidos é uma só: até quando?
Se a gestão de Silva e Luna quiser, de fato, marcar seu nome na história de Foz do Iguaçu, precisará agir com urgência. O tempo da desculpa acabou. O hospital precisa de soluções, não de promessas.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 419, Página 11, de autoria do Jornalista Enrique Alliana