Irmã de assessor do Vereador Adnan El Sayed é nomeada na Prefeitura
Por Tribuna Foz dia em Notícias

CARGOS NA PREFEITURA
Irmã de assessor do Vereador Adnan El Sayed é nomeada na Prefeitura
Cargos na prefeitura: nomeações, silêncios e trocas que valem mais do que a palavras
Em Foz do Iguaçu, mais uma vez, a política local mostra seu lado mais sombrio: o da barganha, dos acordos silenciosos, das promessas sussurradas nos corredores da Câmara e nos gabinetes do Executivo. A mais recente trama envolve o vereador Adnan El Sayed e a nomeação da irmã de seu chefe de gabinete Ali Ahmad Chams para um cargo estratégico na Prefeitura Municipal. Um caso que, por si só, já levanta muitas suspeitas, mas que contextualizado com os últimos acontecimentos, grita por investigação e por uma resposta contundente das instituições de controle, especialmente do Ministério Público.
A Denúncia de Adnan El Sayed
Tudo começou com uma denúncia corajosa, ou estratégica? Do próprio vereador Adnan El Sayed. Em 10 de julho de 2025, durante sessão ordinária, o parlamentar fez um discurso inflamado, acusando o presidente da Câmara, Paulo Debrito, de agir como um verdadeiro funcionário do Executivo. Segundo Adnan, sua proposta de criar a Frente Parlamentar pela Saúde Infantil sofreu retaliações diretas. O presidente da Casa, em vez de atuar como guardião da pluralidade de ideias, teria chantageado o vereador para que desistisse da proposta, sob pena de extinção de todas as frentes parlamentares, o que de fato aconteceu.
Reação do governo foi exonerar suposto cargo de Adnan na Prefeitura
O episódio, já grave por si só, ganhou contornos ainda mais escandalosos com a reação do Executivo. Apenas oito dias após o discurso, a irmã do chefe de gabinete de Adnan foi exonerada de um cargo comissionado na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. Um gesto simbólico do prefeito Silva e Luna? Um recado? Uma punição? Ou uma demonstração de força típica de quem controla os cordões da máquina pública com mão de ferro?
Recesso Parlamentar e a nomeação
Mas a história não para por aí. Bastou o recesso parlamentar chegar, os ânimos se acalmarem e, de repente, tudo mudou. O impensável aconteceu: Adnan e Paulo Debrito, até então protagonistas de uma guerra política aberta, teriam feito as pazes. E, como num passe de mágica, surgiu no Diário Oficial do dia 21 de julho a Portaria nº 82243, que nomeia ninguém menos que a mesma irmã do chefe de gabinete de Adnan El Sayed para um novo cargo, agora ainda mais relevante, agora como Diretora de Habitação e Regularização Fundiária, subordinada ao Instituto de Habitação, o FOZHABITA.
Se antes ocupava um cargo de Assessor I, agora ela ascende a uma função estratégica, com poder de decisão e influência direta em políticas públicas de alto impacto social. E o mais grave: com salários ainda mais robustos pagos com o dinheiro do contribuinte. O que mudou entre os dias 10 e 21 de julho? A denúncia desapareceu. O conflito entre os poderes parece dissolvido. E o que resta é a desconfiança de que o jogo político em Foz do Iguaçu virou uma moeda de troca: cargos por silêncio, nomeações por apoio, acomodações por conveniência.
Cadê o Ministério Público
Diante disso, a pergunta que ecoa pelas ruas, praças e redes sociais da cidade é direta: onde está o Ministério Público? O que mais precisa acontecer para que o órgão, cuja missão é zelar pelo interesse público e fiscalizar a moralidade administrativa, intervenha de forma incisiva nesse verdadeiro escárnio institucional?
Porque não se trata apenas de um caso isolado. Esse episódio é sintomático de um sistema político corrompido pela lógica do fisiologismo, aquela velha prática em que interesses pessoais ou de grupo são colocados acima do bem coletivo. A Prefeitura de Foz do Iguaçu está, claramente, sendo usada como moeda de troca para agradar, calar, recompensar ou punir parlamentares conforme sua postura diante do Executivo.
O caso da nomeação da irmã do assessor de Adnan é apenas um exemplo entre tantos outros que devem estar acontecendo nas sombras, longe dos holofotes. E o mais triste é que essa prática se tornou tão naturalizada que já não causa o choque que deveria. O cidadão iguaçuense, cansado, observa com indignação, mas sem se surpreender. Afinal, já viu esse filme antes.
E enquanto os vereadores tratam seus mandatos como peças num tabuleiro de interesses, a cidade sofre. Sofre com a falta de habitação, com a saúde sucateada, com buracos que não se fecham, com o transporte que não funciona. Sofre porque os recursos que deveriam ser investidos em políticas públicas sérias estão sendo drenados por uma lógica clientelista, que envergonha e revolta.
Por fim, cabe lembrar: a política não deveria ser uma troca de favores, mas um compromisso com a ética, a justiça e o bem comum. O silêncio das instituições diante dessa afronta é cúmplice. O cidadão precisa reagir. Precisamos mais do que denúncias pontuais, precisamos de uma mudança cultural, institucional e legal. E que comece com a resposta a esta pergunta: Cadê o Ministério Público?
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 420, Página 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana