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Mesmo na "corda bamba" diretora cria novo cargo de coordenação

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Mesmo na "corda bamba" diretora cria novo cargo de coordenação
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MALANDRAGEM CONTINUA

Mesmo na "corda bamba" diretora cria novo cargo de coordenação

Mesmo após diversas denúncias, a dupla parece insistir em práticas questionáveis que vão na contramão dos princípios de moralidade e transparência administrativa

O Hospital Municipal de Foz do Iguaçu, administrado pela Fundação Municipal de Saúde, voltou ao centro das polêmicas. No epicentro desse novo episódio estão novamente os já conhecidos nomes: Fábio de Mello, atual Secretário de Saúde e Presidente do Conselho Curador da Fundação, e Iélita Santos da Silva, diretora da entidade. Mesmo após diversas denúncias e sob crescente pressão pública e política, a dupla parece insistir em práticas questionáveis que vão na contramão dos princípios de moralidade e transparência administrativa.

Não é de hoje que os atos da dupla são colocados sob suspeita. Em março de 2025, o jornal Tribuna Popular escancarou uma prática recorrente no serviço público: o nepotismo cruzado. O caso envolvia diretamente Fábio de Mello e Iélita Santos da Silva. Segundo a denúncia, Fábio teria nomeado Carla Jordana da Silva Pereira, filha de Iélita, para um cargo na Secretaria de Saúde. Em troca, Iélita nomeou Michelly Felizardo da Silva, cunhada do secretário, para um cargo na Fundação. Ambas as nomeações foram publicadas oficialmente no Diário Oficial, confirmando o favoritismo cruzado e a quebra do princípio da impessoalidade, conforme previsto na Constituição Federal.

Mesmo diante da repercussão negativa e das evidências escancaradas, nenhuma medida punitiva séria foi tomada. O máximo que se viu foram notas protocolares, silêncios constrangedores e, como de praxe, a continuidade da gestão como se nada tivesse acontecido. Já o prefeito General Silva e Luna mandou exonerar a filha de Iélida Santos e a cunhada de Fabio de Mello.

A dupla dinâmica na saúde iélida e Fabio, em vez de recuar, parece que o episódio serviu apenas para reforçar o modus operandi da atual gestão, que atua com desenvoltura mesmo sob o risco de sanções legais e administrativas.

Mais recentemente, já nos últimos dias, outro escândalo caiu no colo da dupla. De maneira sorrateira, uma reunião do Conselho Curador da Fundação Municipal de Saúde foi convocada, com uma pauta vaga que incluía um item genérico: "outros". Para quem acompanha os bastidores da política, esse item costuma ser uma carta na manga usada para incluir temas polêmicos de última hora, escapando do devido escrutínio prévio.

Foi exatamente isso que ocorreu. Durante a reunião, de forma repentina, foi colocada em votação a criação de dois novos cargos: Coordenador de Farmácia e Coordenadora de Fluxo. O primeiro, segundo fontes internas, tem sua justificativa técnica e atende a uma demanda antiga da área. Já o segundo cargo, o de Coordenadora de Fluxo, chamou a atenção por surgir de maneira repentina e sem qualquer estudo técnico ou planejamento público que justificasse sua criação.

Não demorou para que a verdadeira intenção viesse à tona: agraciar a servidora Alessandra Gonzaga, que já havia sido denunciada em edições anteriores do Tribuna Popular. A reportagem de 14 de janeiro de 2025 (edição nº 403), revelou que Alessandra teria sido beneficiada, nos últimos dias da gestão do ex-prefeito Chico Brasileiro, com uma gratificação de 100% sobre seu salário, oficializada através da Portaria publicada na Edição Extraordinária do Diário Oficial nº 5.127, de 30 de dezembro de 2024.

O mais grave da denúncia: tal concessão foi feita sem aprovação do Conselho Curador, órgão que, conforme o estatuto da Fundação Municipal de Saúde, tem competência para validar qualquer decisão que envolva bonificações, cargos ou reestruturações administrativas. O prefeito General Silva e Luna, recém-empossado, anulou o ato após a repercussão, tentando sinalizar que não compactuaria com manobras irregulares herdadas de gestões anteriores.

MALANDRAGEM CONTINUA

Discurso de "tolerância zero" durou pouco na gestão General Silva e Luna

A nomeação consta no Diário Oficial do Município, Edição nº 5.215, de 5 de maio de 2025, na página 103, através da Portaria nº 109/2025, assinada pela diretora Iélita Santos

Mas o discurso de "tolerância zero" durou pouco. Cinco meses depois, Alessandra Gonzaga volta à cena, agora nomeada oficialmente como Coordenadora de Fluxo, novamente com gratificação de 100% sobre o salário-base. A nomeação consta no Diário Oficial do Município, Edição nº 5.215, de 5 de maio de 2025, na página 103, através da Portaria nº 109/ 2025, assinada pela diretora Iélita Santos. A função, além de nova, não conta com atribuições claras e específicas divulgadas publicamente, o que reforça a suspeita de que se trata apenas de um cabide de emprego criado para beneficiar aliados.

A nomeação revoltou servidores de carreira, conselheiros e até figuras políticas da base do prefeito. Alguns conselheiros da Fundação, em off, disseram sentir-se traídos por não terem sido devidamente informados sobre a real intenção da pauta "outros", e declararam que pretendem recorrer administrativamente contra a decisão. Para muitos, a criação desse novo cargo simboliza um desrespeito completo aos princípios da legalidade e moralidade, pilares do serviço público.

Outro fator que causa revolta é o viés político das nomeações. Servidores e apoiadores da gestão Silva e Luna esperavam ver um governo técnico, alinhado ao discurso de austeridade e combate aos "vícios da velha política". No entanto, a realidade mostra o oposto: figuras ligadas ao ex-prefeito Chico Brasileiro, inclusive apontadas em denúncias anteriores, seguem sendo beneficiadas. A nomeação de Alessandra, ligada diretamente à antiga administração, levanta a suspeita de acordos políticos velados ou, ao menos, de continuidade de práticas reprováveis sob um novo comando.

Setores da direita iguaçuense, que apoiaram a candidatura do General Silva e Luna, começam a demonstrar insatisfação. O discurso de renovação, de "governo para os bons", tem sido substituído por uma política de conveniências. A nomeação de pessoas próximas à antiga gestão, inclusive ligadas a espectros ideológicos distintos, está sendo lida como um aceno à neutralização de críticas futuras, um jogo pragmático que ignora a ética e frustra a base bolsonarista que sustentou o general nas urnas.

Enquanto isso, o Hospital Municipal de Foz do Iguaçu continua enfrentando sérias dificuldades operacionais: falta de insumos, carência de profissionais em áreas essenciais, demora no atendimento e sobrecarga de setores estratégicos. E em vez de priorizar soluções estruturais para a crise na saúde pública, a gestão segue focada em atender interesses pessoais e políticos.

O caso de Alessandra Gonzaga, somado aos episódios de nepotismo cruzado envolvendo Fabio de Mello e Iélita Santos, é mais um capítulo de um livro que parece não ter fim. Um roteiro já conhecido pelo povo de Foz do Iguaçu, onde a esperança de renovação esbarra, mais uma vez, na velha e persistente malandragem institucional.

A pergunta que fica é: até quando? Quantos cargos, quantas manobras e quantos beneficiados serão necessários até que algo realmente mude? A população exige respostas, ações concretas e, acima de tudo, respeito com a coisa pública. Porque a paciência do povo também tem prazo de validade.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 414, Página 6 e 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

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