BOBO DA CORTE

O blogueiro do caos e o reinado da cocada verde-amarela

João Bosco de Oliveira Melo, autoproclamado jornalista, gestor público e vereador de Foz do Iguaçu pelo PL, transformou-se na mais nova estrela do pântano bolsonarista

Dono de um blog e de uma presença online recheada de vídeos inflamados, o tal Bosco Foz se autointitulou porta-voz do gado e, sem nenhuma modéstia, acredita ser o rei da cocada verde e amarela.

Todos os dias, em um ritual que mistura desinformação e teatro, João Bosco posta vídeos para radicalizar e alimentar o ódio. Entre frases de efeito e a cantilena da vitimização, ele faz questão de deixar claro que é um "jornalista independente" que pode ser bloqueado a qualquer momento pelas "elites globalistas". Para manter o show de horrores, deixa sempre seu Pix bem visível - afinal, é preciso que os "idiotas" financiem seu espetáculo particular que lhe rendeu um mandato de vereador com polpudo salário e mais quatro assessores bem pagos.

Em um de seus vídeos mais recentes, o vereador questiona a legitimidade das eleições, cobrando que Lula "apresente seus eleitores" - como se fosse possível alinhar 60 milhões de pessoas em uma fila. Ele chama o presidente eleito de "Carniça", enquanto entoa louvores a Bolsonaro como se o ex-presidente fosse um messias injustiçado.

Mas Bosco não para por aí. Em um tom conspiratório, incita o povo a marchar em massa para Brasília em uma ocupação "pacífica". Claro, nada de bloquear rodovias - apenas cercar distribuidoras de combustíveis e paralisar o país. A tática é a mesma: inflamar a população com vídeos de caminhoneiros irritados e promessas de que "o chicote vai estralar". A narrativa segue com ameaças veladas e apelos a uma "faxina" no país.

A grande farsa e os bobocas acampados

Enquanto isso, rumores de uma operação da PF contra os financiadores do caos só aumentam. Segundo fontes, "os homens de preto" estariam prontos para desmascarar os verdadeiros culpados pelos atos de vandalismo de 8 de janeiro. Quando isso acontecer, finalmente saberemos o nome daquele rico hoteleiro que dispensava funcionários para acampar em frente aos quartéis. Sabere mos também quem são os magnatas que bancaram água, comida, coxinhas e pinga para os patriotas ruminarem capim sob o sol escaldante.

E, claro, descobríramos como um dirigente cooperativista desviou dinheiro de agricultores pobres para financiar ônibus e transportar o gado para Brasília. Enquanto os bobocas eram presos e tratados como bodes expiatórios, os financiadores sorriam em seus escritórios com ar-condicionado, degustando uísque 20 anos e planejando o próximo golpe.

O discurso do ódio como plataforma

João Bosco de Oliveira Melo conseguiu se eleger vereador com base em um discurso inflamado e raivoso, alimentando-se do ódio bolsonarista. Seu papel como incitador do caos é evidente: ele agora pode usar sua posição para perpetuar narrativas fantasiosas e manipular seus seguidores.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 304, página 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana