O General que prometeu tapar buracos e abriu crateras
Por Tribuna Foz dia em Notícias

ESPECIALISTA DE ARAQUE
O General que prometeu tapar buracos e abriu crateras
A equipe de Chico Brasileiro teria alertado durante a transição sobre a necessidade de abrir imediatamente uma licitação para aquisição de CBUQ, já que o estoque se esgotaria antes de sua posse do general
Foz do Iguaçu, 2025. Oito meses depois da posse, a cidade parece ter virado cenário de treinamento para pilotos de rali. No lugar de pistas asfaltadas, um verdadeiro parque temático de crateras. E tudo sob o comando do autoproclamado "especialista em asfalto", general Joaquim Silva e Luna.
Durante a campanha, o general se vendia como a encarnação viva do manual de pavimentação. Falava com orgulho da sua "experiência" construindo estradas na Amazônia, como se isso o tornasse uma mistura de engenheiro da NASA com mestre de obras.
"especialista em asfalto"
A de que era um "especialista em asfalto". Em discursos inflamados, dizia ter passado parte da carreira militar construindo estradas na Amazônia e, portanto, sabia como ninguém resolver os problemas de pavimentação da cidade. Chegou a insinuar que os gestores anteriores eram amadores no assunto, e que ele tinha "a fórmula certa" para transformar o asfalto de Foz.
Chico Brasileiro
Segundo o ex-prefeito Chico Brasileiro, logo após as eleições de 2024, houve uma conversa franca. Foi realizado reunião com equipe transição e a equipe técnica da Secretária de Obras entregou todos os contratos vigentes e os prazos de vencimentos. Foi alertado sobre o CBUQ que encerrava final do ano e teria que iniciar um novo processo licitatório para não ficar sem massa asfáltica que se aplica na manutenção das vias. Ocorre que a Secretária Thays Escobar recebeu todas informações e não tomou providências.
O home era "Foda"
Ela falava em alto e bom som que ia revolucionar o asfalto com novas técnicas. Em uma entrevista no podcast Guarda Volume ela afirmou: "fui 1ª secretária indicada porque temos o que fazer para transformar essa cidade e que o chefe dela eleito era especialista em asfalto, que o home era "Foda".
A equipe de Chico Brasileiro ainda teria alertado sobre a necessidade de abrir imediatamente uma licitação para aquisição de CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente), já que o estoque se esgotaria antes de sua posse. Assim, o novo governo não ficaria de mãos atadas.
Confiante como um recruta
A resposta do general Joaquim Silva e Luna, confiante como um recruta que aprendeu geografia pelo Google Maps, foi a de quem tinha a guerra ganha e não precisava de CBUQ, pois possuía "outra forma" de gestão do asfalto. Afinal, ele era especialista.
Pois bem, o "jeito" dele foi o asfalto frio. Sim, aquele que qualquer pedestre já sabe que não dura nem até a próxima chuva. Resultado: buracos, remendos e remendos dos remendos. Oito meses de gambiarras no asfalto e a cidade Rua Otto Ernesto Gotllieb virou um queijo suíço gigante.
ESPECIALISTA DE ARAQUE
Um cenário que mais lembra um campo minado
A retórica do "especialista em asfalto" desmorona quando, após oito meses de promessas e improvisos fracassados, a solução é recorrer ao método e que ele desdenhava
O resultado dessa "nova forma" é visível nas ruas, um cenário que mais lembra um campo minado do que vias urbanas. O general optou pelo asfalto frio, técnica esta conhecida por sua baixa durabilidade e eficácia limitada, expondo não apenas a fragilidade do método, mas a fragilidade do conhecimento técnico do próprio prefeito.
Oito meses se passaram e, finalmente, a licitação para o CBUQ foi realizada. Ironicamente, o mesmo material que o general criticava nas gestões anteriores voltou a ser a solução. Pior, os "erros" que ele apontava nos governos de Paulo Mac Donald, Reni Pereira e Chico Brasileiro revelaram-se, na verdade, acertos.
Era apenas um discurso
Com tudo isso, demonstra hoje uma confissão pública de que, no fim das contas, ele não tinha um plano melhor, apenas um discurso. Ou seja, chamou de volta o que funcionava descartando aquela que sabia fazer e que faria melhor.
A retórica do "especialista em asfalto" desmorona quando, após oito meses de promessas e improvisos fracassados, a solução é recorrer ao método e que ele desdenhava. O cenário é tão constrangedor que surge a pergunta. E a atual secretária de Obras, Thaís Escobar, com todo o currículo acadêmico e "histórico consolidado", não teria percebido a ineficácia do asfalto frio antes? Ou seu conhecimento é apenas teórico, incapaz de resolver um proble ma elementar como um tapaburaco?
Dunning-Kruger: sabe pouco, acha que sabe muito
Talvez o problema seja mesmo psicológico. O general pode estar sofrendo de um caso clássico do efeito Dunning-Kruger: sabe pouco, acha que sabe muito, e se acha mais competente do que todos. Só que, no caso dele, o "especialista" não é só vítima, é também o autor do próprio enredo. Criou a lenda, acreditou nela e agora colhe o resultado de buracos no asfalto e na própria credibilidade.
O cidadão de Foz, que acreditou no discurso militar de eficiência, vê agora que a "estratégia" era improviso. A austeridade prometida virou remendo barato. Asfalto quente voltou, o Paulinho do Asfalto voltou mas não voltou… Só quem não voltou foi a confiança no prefeito.
No fim, a população é quem paga a conta, literalmente a conta. Com seus impostos e seus veículos danificados por crateras. O que foi vendido como austeridade e eficiência transformou-se em improviso e retrocesso. E a imagem do general como especialista se dissolve na poeira das ruas esburacadas de Foz do Iguaçu.
"especialista de araque"
O "especialista de araque" prometeu tapar buracos, mas acabou abrindo muito mais. Não apenas no asfalto, mas na credibilidade de sua própria gestão. E nisso, convenhamos, ele é insuperável.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 421, Páginas 6 e 7, de autoria do Jornalista Enrique Alliana