Tribuna Foz - Tribuna Foz

O gosto amargo de um asfalto queimado em Foz do Iguaçu

Por Tribuna Foz dia em Notícias

O gosto amargo de um asfalto queimado em Foz do Iguaçu
  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Google Plus00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp

"PECÚLIO 2.0"

O gosto amargo de um asfalto queimado em Foz do Iguaçu

Quem viveu em Foz do Iguaçu no período do governo Reni Pereira lembra bem da operação Pecúlio. Um marco vergonhoso na história da cidade, que revelou uma teia de corrupção instalada dentro da Prefeitura e da Câmara de Vereadores. Foram secretários, diretores e empresários e nada menos que 12 vereadores presos pela Polícia Federal em um escândalo que envolvia fraudes em licitações, desvios de verbas públicas e tráfico de influência entre outros. Aquela operação foi denominado pelo Ministério Público Federal como a "cereja do bolo" de um sistema podre, construído sob o discurso da eficiência, mas que escondia um esquema milionário de interesses escusos.

Hoje, Foz do Iguaçu parece reviver os mesmos fantasmas de outrora, mas agora sob uma nova estética: a da austeridade militar. Sai a gravata dos tecnocratas, entra a farda militar. A esperança da mudança, no entanto, começa a dar lugar ao gosto amargo da decepção - ou seria do asfalto queimado?

"Quem cair no buraco é um estúpido!"

O prefeito General Silva e Luna, eleito sob o discurso de moralidade, competência técnica e "especialista em asfalto", tem demonstrado, na prática, um modelo de gestão falho, insensível e cada vez mais autoritário.

Recentemente, causou indignação ao dizer em uma entrevista na Rádio Cultura AM que "quem cair no buraco é um estúpido!". A fala não apenas escancara a falta de empatia com o cidadão, como revela uma postura arrogante e totalmente distante da realidade vivida pela população.

Ora, se há buracos nas ruas, a culpa não é do cidadão que tropeça, mas de quem tem a obrigação constitucional de garantir infraestrutura e segurança urbana. E esse alguém é justamente o chefe do Executivo. A frase do prefeito beira o deboche. Seria estúpido, na verdade, aquele que permite o agravamento do problema, que não planeja e que, ainda por cima, zomba da dor alheia. E mais estúpido ainda é ignorar o que a história já ensinou a esta cidade: negligência, aparelhamento político e silêncio institucional são os ingredientes perfeitos para outra operação policial.

O que esperar? Uma operação policial, talvez batizada de Pecúlio 2.0?

A sensação de déjà-vu é inevitável. Os mesmos personagens políticos que orbitavam o núcleo do poder na gestão do ex-prefeito Reni Pereira agora reaparecem, travestidos de "gestores eficientes", alguns inclusive ocupando cargos estratégicos na atual administração. Seria apenas coincidência ou uma nova montagem de cenário, onde a peça final será uma nova operação, talvez batizada de Pecúlio 2.0?

Ministério Público atrasado?

Enquanto isso, o Ministério Público Estadual, aparentemente muito atrasado, que deveria fiscalizar nos primeiros meses de gestão do Prefeito General Silva e Luna, dormiu no ponto, o que deveria coibir os abusos, parece assistir à tudo como plateia silenciosa. Sua omissão contribui diretamente para o crescimento de um ambiente permissivo à corrupção. Não há investigação sobre os contratos milionários, tampouco sobre o inchaço da máquina pública com apadrinhados políticos - muitos deles ligados diretamente a vereadores da base. São cargos comissionados ocupados por parentes, cabos eleitorais e amigos, formando uma rede de favorecimentos que remete, inevitavelmente, ao modus operandi da antiga gestão.

O Ministério Público emitiu no dia 24 de junho a Recomendação Administrativa nº 01/2025. Esperou seis meses para faze lá, e pasmem o que ele recomendou começou a ser implantado no dia 18 de junho. Então para que uma recomendação? Seria para inglês?

O silêncio da Câmara de Vereadores

A Câmara de Vereadores, por sua vez, segue em silêncio. O papel fiscalizador foi trocado pelo comodismo dos que têm interesses preservados. Nenhuma CPI, nenhum pedido de informação, nenhum questionamento público. Seria este o sinal de que os tempos mudaram apenas na estética, mas continuam os mesmos na essência?

Foz do Iguaçu não pode se dar ao luxo de ignorar os sinais. A cidade precisa reagir antes que o gosto do passado volte a amargar ainda mais o presente. A omissão institucional, aliada à arrogância do Executivo e à cumplicidade de parte do Legislativo, cria um terreno fértil para o retorno das práticas que levaram a cidade ao fundo do poço uma década atrás.

Socorro Policia Federal, socorro MPF?

Se os órgãos locais não se movem, talvez seja o momento de mais uma vez pedir socorro às instâncias federais. Porque a história pode até se repetir - mas, quando isso acontece como farsa ou tragédia, a conta é sempre paga pela população.

Foz do Iguaçu precisa romper esse ciclo. E o primeiro passo é não esquecer o que a cidade já sofreu. Porque quem não lembra da Pecúlio, corre o risco de ser engolido por uma nova, agora com um toque de asfalto - queimado, mal feito e, claro, muito caro.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 417, Página 5, de autoria do Jornalista Enrique Alliana

  • Compartilhe esse post
  • Compartilhar no Facebook00
  • Compartilhar no Google Plus00
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp