SEM VERGONHA

"O novo já nasce velho" resume atuação de vereadora Yasmin Hachem na Câmara Municipal

Adepta do "toma-lá, dá cá" desde antes de ser empossada, vereadora eleita mais jovem da história do Legislativo está dobrada às velhas raposas da política

O famoso refrão da banda "O Rappa", que canta "o novo já nasce velho", resume a atuação política da vereadora Yasmin Hachem (MDB) dentro e fora da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu. Adepta do toma-lá-dá-cá desde antes de ser empossada vereadora mais jovem da história do Legislativo local, a neófita chega ao final de seu primeiro mandato dobrada aos interesses das velhas raposas políticas da cidade.

Vista pelas ruas a tiracolo do ainda prefeito Chico Brasileiro (PSD), a necessidade de se manter no poder pelos próximos anos levou Yasmin Hachem a se aproximar do grupo político liderado pelo pré-candidato a prefeito inelegível Samis da Silva (PSDB), filho do velho Dobrandino, cacique antigo do então PMDB, outro condenado pela justiça.

Em reunião do Diretório Municipal do MDB de Foz do Iguaçu, realizada dia dez de março passado, a vereadora compôs a mesa que consagrou Angelo Calegaro como novo presidente da sigla. Genro e amigo íntimo de Dobrandino, Angelo é considerado homem de confiança de Samis e deverá facilitar a vida do amigo dentro do partido para que consiga ingressar no MDB a tempo de disputar a Prefeitura nas próximas eleições.

Enquanto a situação de Samis da Silva não se define, Yasmin corre pela beirada à espera de uma composição que a coloque como candidata a vice de algum outro velho político da cidade. Até lá, o caminho em busca de sua reeleição à Casa de Leis aponta como o mais provável.

Em sua passagem pelo Legislativo, Hachem foi uma das vereadoras que aprovaram em dezembro de 2023 um aumento salarial que chegou a quase R$ 5 mil, além de instituir o pagamento de 13 salários aos parlamentares. Acusada de aumentar o próprio vencimento, a vereadora correu às suas redes sociais para "desmentir" o fato, sem informar ao seu público sobre seus planos de reeleição, muito menos quanto o projeto de reajuste justificado como sendo para a próxima legislatura provavelmente irá beneficiá-la.

NEPOTISMO

Prefeitura pagou mais de R$ 50 mil em salários para namorado da vereadora

Desempregado à época da eleição de Yasmin para Câmara Municipal, Barreto foi nomeado em cargo de comissão na Secretaria de Tecnologia da informação

De acordo com a Controladoria Geral da União, nepotismo ocorre quando um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais parentes. Vedado pela própria Constituição Federal, pois contraria os princípios da impessoalidade, moralidade e igualdade, a irregularidade foi solenemente ignorada por Yasmin Hachem antes mesmo de ser diplomada vereadora em Foz do Iguaçu.

Já de olho nos cargos que teria acesso por sua atuação política na Casa de Leis, não demorou para que a jovem parlamentar garantisse uma boquinha também ao namorado, Gabriel Barreto de Oliveira. Conforme denunciado pelo jornal Tribuna Popular em janeiro de 2021, a nomeação do companheiro de Yasmin foi publicada ainda em novembro, sendo efetivada em dezembro seguinte. Desempregado à época, Gabirel passou a ocupar a coordenação da Diretoria de Engenharia de Software, vinculada à Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação.

Com vencimentos mensais fixos em R$ 6.253,30, o recém formado programador deixou o serviço público em julho de 2021. Considerados todos os encargos, Barreto recebeu em seu último pagamento R$ 14.858,79. Ao todo, a Prefeitura de Foz pagou ao namorado da vereadora R$ 52.378,59 por sete meses de trabalho.

Ao saber que o assunto virou notícia, Yasmin acusou o jornal de ter publicado mentiras, mais que isso, pediu para que seu público não repercutisse a reportagem, bem ao estilo dos velhos caciques politiqueiros que ela parece se inspirar. Lamentavelmente, Yasmin confirma que "o novo já nasce velho".

Esta é uma reprodução do Jornal Tribuna Popular - Edição 372, páginas 4 e 5