Papa-defuntos menospreza famílias pobres que perderam seus entes queridos
Por Tribuna Foz dia em Notícias
CORACÃO DE PEDRA
Papa-defuntos menospreza famílias pobres que perderam seus entes queridos
Concessionário Ruberlei Santiago compara taxa de manutenção de túmulos no cemitério ao preço de cervejas
Ao participar do programa Contraponto da Radio Cultura para esclarecer reclamações sobre a retirada de ossos enterrados nos cemitérios da cidade, o empresário Ruberlei Santiago perdeu a oportunidade de ficar calado.
Durante os 20 minutos em que permaneceu na emissora, Santiago falou uma bobagem atrás da outra. Mais que isso: demonstrou uma frieza e um desdém para com as famílias pobres que enterraram seus entes queridos nos cemitérios da cidade.
Ruberlei Santiago é engenheiro e dono da empresa Camis, concessionária dos serviços funerários da cidade. Ele já foi secretário de obras e deveria ter mais cuidado quando se trata de um assunto de sentimentos mais profundos do ser humano, que é a perda de parentes. Mostrou que tem mesmo um coração de pedra e que o dinheiro está acima de tudo.
O nó da questão
As principais reclamações contra a concessionária partiram de familiares que foram surpreendidas ao saberem que estão abrindo túmulos e colocando os ossos empilhados para depois enterrá-los. Ruberlei "Colecionador de Ossos" Santiago explicou aos experientes comunicadores da emissora que as famílias que não cuidam dos túmulos ou não pagam as anuidades por mais de três anos perdem seus direitos. Passados os três anos, a concessionária desemterra os ossos e vende a sepultura para outra família.
A insensibilidade e arrogância do empresário "papa defuntos" foi tão grande que ele disse que sua empresa visa lucros, que em certas horas tem de ser frio, embora trate os defuntos "com dignidade". Então tá. Fazer uma pilha de ossos porque as famílias deixaram de cuidar do túmulo ou não pagaram as taxas, está muito longe de ser dignidade.
Escárnio
Para manter o túmulo sob seu domínio, as famílias precisam desembolsar uma soma considerável e pagar uma taxa de R$ 119 reais por ano. Não se sabe se a concessionária fica com todo o dinheiro ou se uma parte vai para a Prefeitura. O fato é que Santiago praticamente abandonou sua profissão de engenheiro e está muito feliz como "papa-defuntos".
Ao falar sobre essa taxa de R$ 119 reais, Santiago foi ainda mais frio e mercantilista: "O que é R$ 119 reais por ano? Menos que uma cerveja por mês, questionou o ambicioso empresário, esquecendo-se que para algumas famílias esse valor representa o consumo de alimentos por uma semana. Mas, para ele que vive em berço de ouro, R$119 reais é dinheiro de cerveja.
GULOSO
Santiago quer reserva de mercado dos serviços funerários
Concessionária melou tentativa de implantar um crematório em Foz do Iguaçu
Médias e grandes cidades que se prezam possuem um crematório. Foz do Iguaçu, que deveria ser a primeira a implantar esse serviço não teve capacidade para concretizar essa tarefa.
Durante a entrevista no Contraponto, o dono da concessionária Camis, Ruberlei Santiago, confessou que sua empresa tentou impedir por vias tortuosas que Foz tivesse o seu crematório.
Esse serviço vem sendo reivindicado há muitos anos porque atualmente as famílias são obrigadas a levar os corpos a Curitiba ou Cascavel para cumprir o desejo de seus entes queridos.
Recentemente, um grupo mostrou interesse em construir um crematório e oferecer esse serviço, que depende da autorização da Prefeitura. Tão logo ficou sabendo desse fato, Santiago e seus sócios entraram com um recurso e colocaram uma série de empecilhos. A Prefeitura aceitou os argumentos e o negócio foi pras cucuias.
Tudo porque Santiago não queria dividir o pão, ou melhor, os defuntos. A empresa argumentou que ganhara a concorrência e que tudo deveria ser feito pela concessionária, que não tem capacidade de implantar o serviço, ou seja não c*ga e não sai da moita. O pior é que a Prefeitura aceitou os argumentos da concessionária e ficou o dito pelo não dito. Será que tem "dente de coelho" nessa empreitada?
Desmatamento
Na mesma entrevista (por isso que Santiago perdeu a oportunidade de ficar calado), os papa-defuntos disse que pretende ampliar o cemitério do Jardim São Paulo, cujo espaço está no fim da vida,
"Temos mais 14 mil m2 nas adjacências, estávamos cortando as árvores para fazer a terraplanagem, mas um órgão público fez o embargo", confessou Santiago Assim que houver a liberação do desmatamento, Santiago pretende ampliar o cemitério "para mais oito ou nove mil sepulturas, mas será tudo no sistema vertical". Serão mais nove mil covas para a concessionária explorar e engordar seus cofres.
No mesmo local, Santiago disse que irá construir um cemitério destinado aos seguidores do Islamismo. Tribuna Popular vai apurar os motivos que levaram ao embargo da obra.
Plena Paz
Não é a primeira vez que Santiago participa de escaramuças envolvendo a coisa pública. Quando ele era secretário de Obras, usou seu poder de influencia para conseguir mercadorias apreendidas da Receita Federal para doar a ONG Plena Paz.O pastor responsável pela ONG fez o bazar, arrecadou uma fortuna e deu o pinote, deixando todo mundo a ver navios. A ONG foi fechada e a Receita Federal entrou com uma ação contra Santiago, que foi denunciado pelo Ministério Público e condenado em primeira instância. Ele tenta recorrer em instâncias superiores.
"Vou puxar a orelha do secretário"
Um dos assuntos tratados durante a entrevista foi a falta de um banheiro decente no terminal de transportes urbanos, o combalido TTU.
Os apresentadores atenderam reclamações de usuários e criticaram a ineficácia da Prefeitura em fechar o banheiro público do terminal e retirar o único banheiro químico existente.
As críticas foram bastante severas e Santiago defendeu seu amigo, o Prefeito Chico Brasileiro, dizendo que ele não tem tempo para ver essas coisas.
Acrescentou que durante o tempo em que foi secretário as coisas eram resolvidas rapidamente e disse que iria "dar um puxão de orelhas no secretário Luiz Cesar Furlan", pois este era seu amigo. Muy amigo!
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada no Jornal Tribuna Popular (Mídia Impressa) do Jornalista Enrique Alliana - Edição 362, páginas 10 e 11