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Ponte da Integração: O monumento de concreto ao abandono dos caminhoneiros

Por Tribuna Foz dia em Notícias

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Ponte da Integração

O monumento de concreto ao abandono dos caminhoneiros

O SITROFI escancara o óbvio que muitos insistem em ignorar: motoristas retidos por dias em locais improvisados, inseguros, sem qualquer estrutura mínima. Homens obrigados a vigiar seus caminhões durante o dia e a noite e enfrentar jornadas noturnas exaustivas, colocando em risco a própria vida e a de terceiros. Tudo isso em nome de uma “integração” que não integra ninguém

Enrique Alliana - Jornalista

Se alguém ainda acreditava que a inauguração da chamada Ponte Internacional da Integração representaria, de fato, progresso, fluidez logística e respeito aos caminhoneiros, talvez seja hora de rever o conceito de “integração”. A ponte de R$ 712 milhões, financiada com dinheiro público via Itaipu Binacional, até impressiona nas fotos oficiais e nos discursos ensaiados. Na prática, virou um caro cenário para inaugurações, selfies presidenciais e discursos vazios, enquanto os verdadeiros protagonistas da fronteira seguem esquecidos no acostamento da história.

Por ora, a tão festejada segunda ponte serve apenas para caminhões… sem carga. Um feito notável. Enquanto isso, a Ponte da Amizade segue fiel à sua tradição: filas quilométricas, horas intermináveis de espera, motores ligados, nervos à flor da pele e dignidade desligada. A integração prometida parece ter ficado presa no papel timbrado dos acordos bilaterais.

Bastou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cortar a fita inaugural para que o caos ganhasse proporções ainda maiores. Coincidência ou não, do lado paraguaio, em pleno período natalino, os funcionários responsáveis pelo desembaraço fiscal na nova ponte simplesmente tiraram folga. Resultado? Milhares de caminhões empilhados nas rodovias paraguaias, formando um verdadeiro presépio do descaso: caminhoneiros dormindo em cabines, improvisando refeições e aguardando, com paciência forçada, a boa vontade estatal retornar do recesso.

Enquanto autoridades celebram o Natal em mesas fartas, os caminhoneiros comemoram a data dentro de seus caminhões, sem banheiro, sem local de descanso, sem segurança e sem qualquer resquício de respeito. Um contraste que dispensa comentários, mas que exige denúncia.

E aí surge a pergunta incômoda: quem manda nessa integração? Tudo indica que, na prática, quem dita as regras é o Paraguai. O Brasil, por sua vez, aceita, concorda, silencia e assina embaixo. Diz “amém” e segue o baile diplomático, enquanto seus trabalhadores pagam a conta. Quem sofre não são os ministros, nem os diplomatas, muito menos os gestores que aparecem nas fotos oficiais. Quem sofre é quem vive da estrada.

Nesse cenário de abandono institucional, um ator se recusa a fingir normalidade: o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Foz do Iguaçu e Região Oeste (SITROFI). Enquanto governos cruzam os braços e empurram responsabilidades, o sindicato acompanha de perto a rotina de humilhação imposta aos caminhoneiros, denunciando a afronta aos direitos básicos desses profissionais essenciais ao abastecimento do Brasil.

O SITROFI escancara o óbvio que muitos insistem em ignorar: motoristas retidos por dias em locais improvisados, inseguros, sem qualquer estrutura mínima. Homens obrigados a vigiar seus caminhões durante o dia e a noite e enfrentar jornadas noturnas exaustivas, colocando em risco a própria vida e a de terceiros. Tudo isso em nome de uma “integração” que não integra ninguém.

Para o presidente do sindicato, Rodrigo Andrade de Souza, o que se vê é um sofrimento diário institucionalizado. “São profissionais que passam grande parte de suas vidas na estrada, longe da família, e que hoje estão submetidos a condições incompatíveis com a dignidade humana”, afirma. Uma fala simples, direta e, infelizmente, verdadeira.

Toda a diretoria do SITROFI estiveram em Ciudad Del Este e Presidente Franco no Paraguai, sendo realizando diligências em campo e reuniões com autoridades paraguaias e após as reuniões, autoridades paraguaias emitiram uma nota informando que devido aos festejos de natal, a Ponte da Integração ficaria fechada por quatro dias.

Enquanto alguns inauguram pontes imaginárias entre discursos e promessas, o SITROFI constrói, no chão da realidade, a única ponte que realmente importa: a da defesa dos trabalhadores. Porque integração sem respeito é só concreto caro. E progresso que atropela gente tem outro nome, e esse nome é descaso.

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