PARCIALIDADE

Presidente da CPI do Transporte Coletivo direciona oitiva em favor do prefeito

Ex-líder de Chico Brasileiro na Câmara, Kalito Stoeckl ignora disputa de interesse com participação de vereadores e reforça questionamentos contra ex-secretário

É flagrante a parcialidade e o despreparo na condução da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo de Foz do Iguaçu. Basta assistir a íntegra da transmissão da oitiva feita com Dilto Vitorassi em 5 de julho passado e conferir com os próprios olhos.

Sob a presidência do vereador Kalito Stoeckl (PDT), ex-líder de Governo de Chico Brasileiro no Legislativo e atual pré-candidato a prefeito, a realização da primeira oitiva escancarou o direcionamento da investigação de acordo com os interesses do prefeito e do próprio parlamentar.

Ao ser questionado por Kalito sobre possível favorecimento do ex-secretário José Elias pela empresa Fênix no processo de licitação do transporte coletivo, Dilto Vitorassi afirmou que teria havido divergência de interesses entre José Elias, representantes do Foztrans e um grupo de vereadores.

"Houve divergência. O Zé Elias queria a Fênix. Inclusive aqui na Câmara queria a VISAC. Eu não sei porque de preferência por empresa quando se deveria mesmo era querer um transporte coletivo à altura que a população de Foz do Iguaçu precisa", criticou Vitorassi ao denunciar a situação.

Com atuação em Foz desde março de 2022 por meio de um contrato emergencial após José Elias determinar a caducidade do contrato com o Consórcio Sorriso, a Viação Santa Clara (VISAC) venceu o certame em fevereiro de 2023. Desde então, o serviço de transporte tem piorado a cada dia mais, o Foztrans não presta contas sobre a fiscalização e o prefeito Chico Brasileiro e sua base de vereadores agem para empurrar o problema para a nova gestão da Prefeitura.

Ao invés de buscar informações sobre o favorecimento para empresa que venceu a licitação, Kalito escolheu focar em José Elias, seu adversário na disputa pelo governo municipal.

Confira a condução de Kalito Stoeckl para direcionar a oitiva de Vitorassi:

Insistência do vereador em questionar sobre empresa que perdeu a licitação compromete CPI do Transporte Coletivo

Na reta final da oitiva, o presidente da CPI, Kalito Stoeckl, manifestou seu desejo por saber apenas questões relacionadas ao ex-secretário José Elias, em detrimento a participação do prefeito Chico Brasileiro e vereadores interessados na vitória da empresa VISAC.

Confira:

Kalito: O que leva o senhor a pensar, acreditar ou falar, inclusive que o senhor José Elias, à época secretário do Município, teria interesses ou teria puxado o gancho ou teria favorecido, gostaria de favorecer essa empresa Fênix? Da onde que a gente consegue tirar essa informação?

Vitorassi: Eu vi essa torcida que tinha claque pros dois lados. Tanto para Fênix como para Visac também.

Kalito: Mas se o senhor puder, por gentileza, essa questão do José Elias.

Vitorassi: Com a empresa Fênix seria leviano aqui estar fazendo acusações. Mas ele (José Elias) sempre expressou que a Fênix traria mais ônibus com ar condicionado, mais novos e o preço mais ou menos igual. Não era essa a tese de uma comissão formada por Licério e outros companheiros do Foztrans. E aí cabia o Chico bater o martelo qual opção ele ia fazer. A opção dele, me parece, está concretizado, ele fez pela Visac.

Kalito: Mas ainda a questão de que José Elias, à época secretário, com relação a essa empresa Fênix, o senhor tem conhecimento que ele teria ido ou foi até essa empresa visitar pegar algumas dicas?

Vitorassi: Várias pessoas fizeram turnê para São Paulo, para Curitiba e para outros lugares, conversar com a empresa. Mas eu não condeno não, porque nós precisávamos de um transporte que funcionasse.

Kalito: O senhor disse inclusive em um áudio que a empresa Fênix seria vencedora, ou seja o senhor suspeitava que ela já sabia a vencedora seria Fênix. Como, como que o senhor pode afirmar isso?

Vitorassi: Era um era um jogo de cartas marcadas já para essa empresa ganhar era um jogo de cartas. Conduzido provavelmente por quem tinha a obrigação de zelar pelo serviço público. Ao final do processo licitatório, a VISAC venceu, e José Elias deixou o governo Chico Brasileiro.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada no Jornal Tribuna Popular, Edição 383, página 6