Secretaria de Obras de Foz e o seu envolvimento direto com o tráfico de drogas
Por Tribuna Foz dia em Notícias

DENÚNCIA GRAVE
Secretaria de Obras de Foz e o seu envolvimento direto com o tráfico de drogas
Enrique Alliana - Jornalista
Foz do Iguaçu, cidade que já convive diariamente com a fama de ser rota do contrabando e do narcotráfico internacional, agora se vê mergulhada em mais um escândalo político que mistura poder público, tráfico de drogas e blindagem institucional. A denúncia recente envolvendo a Secretária de Obras, Thaís Escobar, e coloca a administração do prefeito General Silva e Luna diante de uma encruzilhada: aplicar a lei com rigor ou compactuar com a hipocrisia de um governo que se vende como militar e austero, mas que tolera práticas criminosas de sua cúpula.
A ironia começa pelo próprio sobrenome da secretária. Escobar. Coincidência ou não, a lembrança do narcotraficante mais famoso do mundo, Pablo Escobar, é inevitável. O seriado da Netflix fez questão de retratar sua trajetória, de contrabandista de quinquilharias a chefe de cartel bilionário. Thaís Escobar, engenheira civil, teria supostamente trilhado um caminho semelhante, mas em versão iguaçuense: gestora de obras no expediente e segundo denúncias uma traficante nas horas vagas. Um duplo papel que, segundo denúncia do jornalista Ed Queiroz, foi flagrada com provas concretas, desde a oferta da droga, mas a venda e até a movimentação de valores em contas pessoais.
O episódio não é apenas um caso isolado de desvio de conduta individual. Ele expõe a fragilidade de uma administração que insiste em vender a imagem de “governo militar”, mas que na prática fecha os olhos para crimes tipificados no artigo 33 da Lei 11.343/2006. Para quem não lembra, o artigo define como tráfico de drogas: vender, guardar, transportar, importar, exportar ou entregar drogas para consumo. Não há brechas para interpretações convenientes. O que foi denunciado, portanto, é materialidade de crime.
Mas em Foz do Iguaçu, ao que parece, o rigor da lei não chega ao topo da pirâmide administrativa. Recentemente, o próprio prefeito Silva e Luna anunciou com pompa e circunstância um novo código de conduta para os servidores municipais, ressaltando princípios como honestidade, eficiência, impessoalidade e urbanidade. No mesmo documento, estabeleceu-se a vedação a nepotismo, assédio, uso indevido de informações sigilosas e recebimento de vantagens ilícitas. Curiosamente, nenhuma linha fala em tráfico de drogas, talvez porque ninguém imaginasse que fosse necessário. Ou será que sabiam e preferiram o silêncio conveniente?
A pergunta que ecoa nas ruas é: isso pode, Juvenal? É aceitável que um governo que se vende como “linha dura” aceite em sua alta cúpula uma secretária acusada de vender o principio ativo maconha THC (Tetrahidrocanabinol) que é o principal componente psicoativo da Cannabis, responsável pelos efeitos eufóricos como se fosse bala de hortelã? Quando servidores de baixo escalão cometem deslizes, as punições são imediatas: suspensões, demissões, sindicâncias. Já quando o problema está entre os “generais, coronéis” da prefeitura, a blindagem política funciona como couraça impenetrável. A gestão tenta abafar o escândalo, empurrar para debaixo do tapete e esperar que a memória curta da opinião pública resolva o problema.
Esse duplo padrão é o que mais revolta. A lei deveria valer para todos, mas em Foz do Iguaçu parece ter duas categorias: uma rígida para os pequenos e uma flexível para os poderosos. O mesmo governo que persegue servidores por atrasos e falhas administrativas agora hesita diante de uma acusação gravíssima de tráfico. Não se trata de mera falta ética, mas de crime organizado infiltrado dentro da máquina pública. Será?
O caso Thaís Escobar expõe, mais do que a falha de uma gestora, a hipocrisia de um governo. O prefeito Silva e Luna, que ergueu sua candidatura sob o manto da austeridade militar, agora vê seu discurso desmoronar. O escândalo revela que por trás da farda e dos discursos de ordem, o que existe é a velha prática da blindagem política, onde os aliados são protegidos e os inimigos sacrificados.
Enquanto isso, a população segue pagando o preço. De um lado, convive com a precariedade dos serviços públicos e a lentidão das obras que deveriam ser prioridade da secretaria comandada por Thaís Escobar. Do outro, descobre que parte do tempo e dos recursos da gestora estavam sendo desviados para negócios ilícitos. E, mais uma vez, a fronteira vira notícia nacional não por suas belezas, mas pela promiscuidade entre poder público e crime.
Resta saber até quando a sociedade iguaçuense aceitará esse teatro. A lei existe, é clara e deve ser aplicada sem distinção. Se o governo insiste em relativizar, o que está em jogo não é apenas a reputação de uma secretária, mas a credibilidade inteira de uma gestão que se autoproclama militar, mas que se ajoelha diante da conveniência política ou até criminosa.
O caso da Secretaria de Obras não é apenas mais um escândalo local. Ele é um retrato fiel da degeneração política que assola Foz do Iguaçu: onde a austeridade é apenas slogan, a lei é seletiva e a moralidade pública se desfaz quando alcança os gabinetes da elite.