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Sem provas, Trump associa autismo ao uso de Tylenol e vacinas

Por Tribuna Foz dia em Notícias

Sem provas, Trump associa autismo ao uso de Tylenol e vacinas
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Sem provas, Trump associa autismo ao uso de Tylenol e vacinas

Sem apresentar provas, o presidente dos EUA, Donald Trump, associou hoje o uso de Tylenol na gravidez, nome comercial do paracetamol, com o desenvolvimento de autismo.

O que aconteceu

FDA (órgão equivalente à Anvisa nos EUA) enviará notificação aos médicos sobre o risco, segundo Trump. "Eles recomendam fortemente que as mulheres limitem o uso de Tylenol durante a gravidez, a menos que seja clinicamente necessário", disse o republicano.

Relação causal não foi comprovada, embora estudos identifiquem associação entre paracetamol e condições neurológicas, diz FDA. "Também é importante ressaltar que o paracetamol é o único medicamento de venda livre aprovado para uso no tratamento de febres durante a gravidez, e febres altas em gestantes podem representar um risco para seus filhos", informou a agência, em um comunicado divulgado durante o anúncio de Trump.

Porém, a FDA anunciou irá alterar a bula do paracetamol. "A FDA está tomando medidas para conscientizar pais e médicos sobre um conjunto considerável de evidências sobre os riscos potenciais associados ao paracetamol. [...] No entanto, continua sendo razoável que mulheres grávidas usem paracetamol em certos cenários", disse Marty Makary, comissário da agência.

Trump fez o anúncio ao lado do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Robert F. Kennedy Jr. Também estavam presentes o comissário da FDA, Marty Makary, o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, Jay Bhattacharya, e o administrador dos Centros de Serviços Medicare e Medicaid dos EUA, Mehmet Oz.

Presidente dos EUA afirmou que bebês são "carregados" com até 80 vacinas de uma só vez. "Eles injetam tanta coisa nos bebês que é uma vergonha", afirmou, associando a vacinação ao autismo. "Não tomem Tylenol durante a gravidez e não deem Tylenol para recém-nascidos", repetiu Trump ao longo da coletiva.

FDA aprova novo medicamento para tratamento de sintomas do autismo. O uso da leucovorina para minimizar os sintomas do autismo foi identificado pelo departamento de saúde, segundo Kennedy. O medicamento foi utilizado pela primeira vez na década de 1950 para tratar efeitos colaterais da quimioterapia, de acordo com o jornal New York Times.

Fabricante do Tylenol rebate afirmação do governo Trump. "A ciência sólida mostra claramente que tomar paracetamol não causa autismo", argumento a Kenvue em nota divulgada durante a coletiva de imprensa.

Especialistas rebatem associação

Até hoje, a administração de paracetamol em mulheres grávidas era considerada segura pela FDA. Alguns pesquisadores renomados, como David Mandell, especialista em autismo da Universidade da Pensilvânia, já afirmaram não entender como o remédio poderia ter ligação com o autismo.

Anúncio acontece meses após Kennedy Jr. prometer força-tarefa mundial para encontrar a causa do transtorno. Em abril, ele afirmou que o país tinha uma "epidemia de autismo" e disse que encontraria o motivo disso. "Lançamos testes e pesquisas massivas que envolverão centenas de cientistas", afirmou.

Prazo de cinco meses para apresentar um resultado levantou o alerta de cientistas. Segundo o jornal The Washington Post, alguns especialistas alertaram para o fato de que pesquisas do tipo precisam de um longo tempo para serem conduzidas.

Secretário da Saúde lançou Iniciativa de Ciência de Dados Sobre o Autismo, que vai selecionar 25 pesquisas para ter incentivo de R$ 50 milhões. Intuito é extrair dados e investigar o que pode contribuir para o transtorno.

Grupos antivacinas têm endossado o discurso de Kennedy contra o remédio. Ao longo de semanas, o Children's Health Defense, que já foi liderado pelo secretário, tem postado vídeos afirmando que esperavam o relatório do secretário sobre o Tylenol, mas "também sobre as vacinas e seus componentes".

Outras tentativas de ligar o remédio ao transtorno do espectro autista fracassaram por falta de evidências. Em dezembro de 2023, um juiz federal indeferiu centenas de processos judiciais que alegavam que o Tylenol poderia causar o autismo se consumido por mães durante a gravidez. Na ocasião, o magistrado não permitiu que testemunhas especializadas falassem no tribunal

Pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association em 2024 não encontrou ligação do paracetamol com o autismo. A pesquisa em questão analisou 2,4 milhões de crianças nascidas na Suécia e não encontrou qualquer evidência que ligasse o transtorno com o remédio.

Médicos alertam que o não tratamento da febre em mulheres grávidas pode levar a problemas fetais sérios. Entre os problemas estão os defeitos de tubo neural, problema na estrutura que forma o cérebro e a medula espinhal do bebê nos primeiros meses de gestação.

Kennedy é conhecido por seu histórico negacionista. Ele já foi denunciado por associações médicas após modificar recomendações de vacinas contra covid-19 para crianças.

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