Silêncio da secretária da Mulher revela despreparo e omissão de uma pasta fantasmagórica
Por Tribuna Foz dia em Notícias

CADÊ A NOEMI
Silêncio da secretária da Mulher revela despreparo e omissão de uma pasta fantasmagórica
No tempo da Rosa Maria a secretaria não passava de um cabide de empregos; a nova secretária não sabe a que veio e continua lendo "A Bela e a Fera" ou "Branca de Neve e os Sete Anões". Pobres mulheres de Foz!
Desde sua criação, a Secretaria da Mulher de Foz do Iguaçu carregava consigo a expectativa de ser um espaço de luta e proteção para as mulheres da cidade. No entanto, três meses após sua nomeação, a secretária Noemi Giehl parece não ter mostrado a que veio - ou sequer demonstrado estar presente. Seu silêncio diante de episódios graves e sua ausência nos debates mais urgentes têm gerado críticas severas da imprensa e da população.
A mais recente tentativa de demonstrar serviço veio na forma de uma nota oficial. No entanto, o que era para ser um posicionamento em defesa das mulheres acabou sendo um verdadeiro desastre, aumentando ainda mais o descrédito da secretária.
A nota, que poderia ter sido uma manifestação firme contra a violência de gênero, foi tão branda e genérica que soou como um "passar de pano" para o caso que envolvia um de seus próprios parceiros de gestão. Ficou pior a emenda que o soneto.
A frase que mais revoltou a opinião pública foi:
"Julgamentos sumários e condenações prévias não devem ocorrer, sob pena de que a injustiça prevaleça e de que direitos fundamentais sejam violados."
A leitura que muitos fizeram foi clara: enquanto a vítima e sua dor eram ignoradas, a preocupação da secretária estava voltada para evitar qualquer "injustiça" contra o agressor. O problema é que a situação já estava amplamente esclarecida, com boletins de ocorrência e relatos de familiares confirmando um histórico de violência. Da a impressão que a nova secretaria pegou o cacoete da Rosa e defende os pobrezinhos presos.
A omissão da secretária diante disso não foi apenas um erro político, mas um desrespeito à luta de tantas mulheres que enfrentam diariamente esse tipo de violência.
O Desaparecimento de Noemi
Não é de hoje que a falta de ação da secretária tem sido motivo de críticas. Desde que assumiu o cargo, Noemi tem sido uma presença fantasmagórica. Enquanto os índices de violência contra mulheres crescem na cidade, ela não se pronuncia, não aparece em manifestações, não propõe medidas efetivas e não implementa políticas de proteção. Nem mesmo em situações emblemáticas, como a polêmica da anistia de uma mulher condenada a 14 anos por pichar uma estátua, a secretária fez questão de se posicionar.
Nos bastidores da política local, especula-se que a omissão de Noemi pode estar ligada às alianças políticas que sustentam sua permanência no cargo. Não são poucos os que acreditam que sua postura cautelosa seja resultado de "ordens superiores", de um governo que, ao longo da campanha, questionou a própria necessidade da Secretaria da Mulher. O ex-candidato General Silva e Luna, por exemplo, defendia que pastas de direitos humanos eram "cabides de emprego" e "frutos de ideologias de esquerda". Agora, a gestão da própria Noemi parece corroborar essa visão, já que a secretária se mostra tão ineficaz quanto aqueles que criticava.
Uma secretaria que existe apenas no papel?
A criação da Secretaria da Mulher foi celebrada como um avanço histórico para Foz do Iguaçu. No entanto, de nada adianta uma estrutura administrativa sem liderança e sem ações concretas. O silêncio da secretária não só frustra as expectativas da população, mas também reforça o descrédito nas instituições públicas.
O caso de Noemi não é isolado. Ele reflete uma tendência preocupante entre gestoras que assumem cargos de relevância política, mas que, na prática, preferem o silêncio conivente à defesa intransigente dos direitos femininos. Se a Secretaria da Mulher continuar existindo apenas no organograma da prefeitura, sem impacto real na vida das mulheres, a população de Foz do Iguaçu terá razão em questionar: Para que serve essa pasta? Para que serve Noemi Giehl? Será que continua lendo conto de fábulas?
A resposta, por enquanto, segue no vazio. Assim como a gestão da secretária.
Se ela quiser retribuir seu polpudo salário, deve trocar a leitura da "Branca de Neve e Os Sete Anões", "A bela Adormecida" por "Othelo", do Shakspeare. Ou começar pelo nativo "Dom Casmurro", do grande Machado de Assis.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 409, página 9