Vereador Cabo Cassol, o "Líder" que não apita nada
Por Tribuna Foz dia em Notícias
LÍDER NA CÂMARA
Vereador Cabo Cassol, o "Líder" que não apita nada
Dos 15 vereadores, somente 6 formam a base do prefeito General Silva e Luna. Se fossem apenas minoria numérica, já seria motivo de atenção. Esses 6 comportam-se como cordeirinhos obedientes a um comandante que não aceita discordância
Algumas cenas da política de Foz do Iguaçu beiram o cômico, ou o trágico, dependendo do ponto de vista. E nada ilustra melhor esse espetáculo do que a peculiar composição da Câmara Municipal.
Dos 15 vereadores, somente 6 formam a base do prefeito General Silva e Luna. Se fossem apenas minoria numérica, já seria motivo de atenção. Mas o problema é mais profundo. Esses 6 (Bosco Foz, Cabo Cassol, Dr. Ranieri Marchioro, Paulo Debrito, Sidnei Prestes e Soldado Fruet) comportam-se como cordeirinhos obedientes a um comandante que não aceita discordância.
E pior, acreditam piamente que são os donos do poder dentro da casa de leis.
Enquanto isso, os 9 vereadores do grupo autodenominado "Independente" (Adnan El Sayed, Adriano Rorato, Anice Gazzaoui, Balbinot, Beni Rodrigues, Evandro Ferreira, Professora Marcia Bachixte, Valentina Rocha e Yasmin Hachem) ainda sustentam a velha máxima republicana. Onde os poderes são independentes, e o Executivo não manda no Legislativo. A frase militar "ordem dada é ordem cumprida" não encontra eco na casa de leis. Nem poderia quando as ordens vêm carregadas de interesses nebulosos e não atendem aos reais anseios da população.
E é aqui que entra a matemática, essa ciência ingrata para quem gosta de distorcer a realidade. Não existe interpretação possível em que 6 seja maior que 9. Ainda assim, a base do prefeito insiste em acreditar que domina a Câmara. Fica então o desafio: provem, nem que seja com malabarismos políticos, como 6 vereadores conseguem ser mais fortes que 9.
O "líder"
No papel, o líder do prefeito é o vereador Cabo Cassol, tendo Sidnei Prestes como vice-líder. Pelo menos no papel. Porque na prática, a liderança que Cassol acredita exercer derreteu mais rápido que a popularidade do prefeito que ele defende. Basta lembrar quando, no início do mandato, a base aliada contava com 13 vereadores. Hoje, depois de 11 meses de governo, restam apenas 6. Se isso é liderança, fica difícil imaginar o que seria fracasso.
A metáfora militar cai como uma luva. Eduardo Bolsonaro, em seu delírio antidemocrático, dizia que bastava "um soldado e um cabo" para fechar o STF. O resultado todos conhecem: os "soldados e cabos" estão presos na Papuda, e o pseudo mentor da frase foi condenado a 27 anos. Em Foz do Iguaçu, parece que o General Silva e Luna tentou replicar a fórmula: escolheu seu "soldado" e seu "cabo".
Mas diferentemente do Brasil, onde a Justiça cumpriu seu papel, em Foz o cabo sequer conseguiu organizar a tropa. Uma verdade permanece imutável tanto no quartel quanto na política, cabo nunca será líder de um general.
O desmoronamento
A queda da base aliada acompanha a queda vertiginosa da popularidade do prefeito. Quando assumiu, em janeiro de 2025, o General Silva e Luna ostentava 86% de aprovação. Hoje, 11 meses depois, amarga míseros 12%. E mesmo diante desse abismo político, o vereador Cabo Cassol demonstra uma tranquilidade quase desconectada da realidade. Segundo ele, 12% "ainda está bom". O motivo? Para se reeleger, Cassol calcula que precisa de apenas 1,5% de aprovação, o equivalente a 3.000 votos.
Ou seja: Enquanto a cidade afunda em problemas administrativos, a saúde se deteriora, o trânsito vira uma máquina de multas e a população perde a paciência com o autoritarismo incompetente da atual gestão, o "líder" do governo está preocupado apenas com sua própria sobrevivência eleitoral.
Talvez essa seja a única liderança que Cabo Cassol realmente exerça. A liderança de si mesmo. Porque, dentro da Câmara, o que se vê é claro, ele não apita nada.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 425, Página 3, de autoria do Jornalista Enrique Alliana
