Vereadora Valentina defende direito à moradia em audiência com ocupações em Foz do Iguaçu
Por Tribuna Foz dia em Notícias

COMPROMISSO
Vereadora Valentina defende direito à moradia em audiência com ocupações em Foz do Iguaçu
Parlamentar reuniu centenas de famílias no plenário e denunciou despejos sem alternativas habitacionais
A vereadora Valentina Rocha (PT) transformou o plenário da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu em palco da luta por moradia na última quinta-feira (21). Diante de centenas de moradores de mais de dez ocupações da cidade, ela conduziu uma audiência pública que expôs a realidade de famílias ameaçadas por despejos e criticou a ausência de políticas municipais para enfrentar o déficit habitacional.
Entre os presentes estavam representantes das ocupações Lagoa Dourada, Lagoa Azul, Pilarzinho, Unila, Vila Resistência II, Vila União e Paz, Bosque Bubas e várias outras. O espaço, conhecido como a Casa do Povo, foi tomado por trabalhadores, mães, idosos e crianças que relataram o cotidiano marcado pela insegurança, pela instabilidade e pela falta de resposta do poder público. Muitos afirmaram que vivem em condições precárias, em terrenos ocupados por necessidade, e não por escolha, como resultado de anos de ausência de alternativas de moradia popular.
Para Valentina, o encontro foi mais do que um ato formal da Câmara. "Foi um exercício de luta coletiva, um grito por clemência, um ato de coragem. Quem esteve no plenário se emocionou com a realidade do povo de Foz, que sente na pele os efeitos de uma especulação desleal, injusta e predatória", afirmou a parlamentar.
Ela denunciou a postura da gestão municipal, que segundo disse, tem priorizado a derrubada de casas e a execução de despejos sem oferecer alternativas dignas às famílias. "Nosso mandato está comprometido em ampliar o debate de forma participativa e construída por quem conhece a realidade das ocupações. Fingir que elas não existem não é uma opção", afirmou.
Em sua fala, Valentina destacou que muitas famílias aguardam solução há décadas. "Há pessoas que estão há 10, 15, até 20 anos em cadastros que não resultam em nada. Em vez de moradia, recebem ações judiciais que empurram mães, crianças e idosos para as ruas. Essa não pode ser a resposta de uma cidade que está entre os principais destinos turísticos do país", disse. Para a vereadora, há um contraste entre a imagem de Foz como polo turístico internacional e a invisibilidade das famílias que vivem sob constante ameaça de despejo.
A parlamentar lembrou ainda que a situação de Foz do Iguaçu não é isolada. Em várias cidades do Paraná, ocupações urbanas enfrentam dilemas semelhantes: despejos forçados sem alternativa habitacional, ausência de planejamento urbano e avanço da especulação imobiliária. "É o retrato de um modelo que coloca os interesses do mercado acima das pessoas", avaliou. Segundo ela, o desafio vai além da esfera local, exigindo políticas consistentes em nível estadual e nacional.
Nesse ponto, Valentina comparou a realidade local ao movimento adotado pelo governo federal. Desde 2023, o programa Minha Casa, Minha Vida retomou a contratação de unidades habitacionais, com mais de 200 mil novas moradias em todo o país, inclusive no Paraná. Em várias cidades do estado, canteiros de obras foram reativados, reacendendo a esperança de famílias em conseguir um lar. Para a vereadora, esse esforço mostra que "há outro caminho possível, que não passa pelo despejo, mas pela construção coletiva de soluções que devolvam dignidade às famílias".
A parlamentar também destacou a responsabilidade de Foz do Iguaçu em seguir esse exemplo, por ser uma cidade que cresce rapidamente e enfrenta forte pressão imobiliária. "Precisamos construir um futuro em que nenhuma família durma com medo de ser despejada. Onde morar não seja privilégio, mas um direito assegurado. Fingir que essas famílias não existem nunca foi solução", declarou.
Encerrando a audiência, Valentina reafirmou o compromisso de seguir ao lado das comunidades, reforçando que a mobilização popular será fundamental para mudar o cenário. "Moradia digna é um direito. Não abriremos mão dele. Seguiremos juntos, resistindo e lutando até que cada pessoa em Foz, no Paraná e no Brasil possa ter seu lar respeitado e sua dignidade assegurada.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 421, Página 9