Fernando Duso teria feito promessas para dois santo? Um vai ser traído?
Por Tribuna Foz dia em Notícias

TRAIÇÃO NA CERTA
Fernando Duso teria feito promessas para dois santo? Um vai ser traído?
Se Judas traiu por 30 moedas, hoje alguns fazem isso por uma nomeação de gabinete. Dois patrões, duas promessas, duas chances de puxar o tapete. É a velha arte de rezar para dois santos, com a certeza de que, no mínimo, um deles acabará traído
A vida é feita de escolhas, algumas nos elevam, outras nos afundam. Desde sempre a humanidade convive com a sombra da traição. Não é novidade. Afinal até Jesus, símbolo maior da fé, foi traído por quem caminhava ao seu lado.
Se na esfera espiritual isso já escandaliza, no terreno político torna-se rotina banalizada. A política parece ter institucionalizado a infidelidade. Assessores, que deveriam ser a base de confiança de um líder, muitas vezes se transformam em inimigos silenciosos, prontos para vender informações, mudar de lado ou simplesmente abandonar o barco em troca de vantagens pessoais.
O poder, sedutor como moeda rara, revela fraquezas e expõe o pior dos vínculos humanos que é a incapacidade de ser leal.
Fernando Duso
No Partido dos Trabalhadores, a palavra "fidelidade" é repetida em discursos como se fosse um dogma, mas na prática vale menos que nota de três reais. A cada eleição, o "companheirismo" é colocado à prova , quase sempre acaba em fracasso.
O caso de Fernando Henrique Triches Duso é uma aula prática de como a política transforma a traição em esporte olímpico. Oficialmente, ele é Secretário Parlamentar (SP03) de Zeca Dirceu (PT), mas deu um jeitinho de emplacar seu ex-chefe de gabinete, José Nivaldo Donato, como assessor do deputado Elton Welter.
Dois patrões, duas promessas, duas chances de puxar o tapete. É a velha arte de rezar para dois santos, com a certeza de que, no mínimo, um deles acabará traído. Ou os dois.
Fernando Duso não é exceção: é apenas mais um exemplar de uma fauna política que vive de duplicidade. Se Judas traiu por 30 moedas, hoje alguns fazem isso por uma nomeação de gabinete. E a diferença é que Judas, ao menos, ficou para a história; já esses políticos de bastidor mal conseguem garantir uma nota de rodapé.
A lealdade virou mercadoria barata, e a traição, moeda corrente. O eleitor, claro, segue assistindo ao espetáculo como quem vê um circo decadente, pagando caro por um ingresso que só oferece palhaços repetidos.
Na prática, Fernando Duso encarna o papel do "equilibrista do oportunismo": um pé no gabinete de Zeca, outro no de Welter, e ambos em terreno escorregadio. A cena lembra um leilão: quem pagar mais em cargos e promessas, leva a fidelidade temporária. Mas cuidado: fidelidade em Brasília é como carro usado, sempre vem com vícios ocultos.
No fim, a política mostra sua essência podre: não é só o discurso vazio que enoja, mas a naturalização da traição como ferramenta de carreira. Fernando Duso pode até achar que está jogando xadrez, mas a história mostra que, nesse tabuleiro, os peões que tentam ser reis acabam esmagados. Afinal, a vida é feita de escolhas, e alguns escolhem ser Judas de luxo, especialistas em trair até o santo de barro mais devoto.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 422, Página 11, de autoria do Jornalista Enrique Alliana