Ian Vargas admite que só pediria cassação de vereadora se ganhasse cargo em troca
Por Tribuna Foz dia em Notícias

CASSAÇÃO SOB ENCOMENDA
Ian Vargas admite que só pediria cassação de vereadora se ganhasse cargo em troca
Em áudios, advogado petista revela critério político para agir contra mandato na Câmara Municipal de Foz do Iguaçu
Gravações vazadas revelam que Ian Vargas (PT), terceiro suplente da chapa petista em Foz do Iguaçu, condicionava sua participação em pedidos de cassação de vereadores a benefícios políticos e financeiros. Nos diálogos, ele admite que possuía provas contra a vereadora Márcia Bachixte (MDB) que poderiam levar à perda do mandato dela, mas não moveu ação porque não havia acordo para garantir a ele ou a aliados uma vaga de assessoria na Câmara.
"Eu tinha uma prova contra a Rosa (ex-primeira-dama) que cassaria a Márcia, por abuso de poder político. Uma ação que teria que ser apresentada logo após a diplomação. Mas eu não ganhava nada. Ajudar o Edinho, que é o suplente da Márcia, não ia nos dar a vaga. Nem mesmo para eu assumir ou colocar alguém. O Edinho não ia fazer isso", reclama Ian.
O raciocínio expõe um esquema no qual pedidos de cassação são normalizados e utilizados abertamente como moeda de troca para obtenção de cargos públicos. No caso da vereadora Anice Gazzaoui (PP), a trama seria a seguinte: havia um acordo para que Paulinho da Saúde (PP), primeiro suplente da coligação, distribuísse cargos entre os articuladores da cassação assim que assumisse a vaga.
"SÓ POR CARGO"
Ian Vargas deixa claro que só participaria do pedido de cassação se houvesse segurança política e financeira para ele e seus aliados. O objetivo era amarrar o acordo e garantir estabilidade até o fim do mandato. "A nossa preocupação é essa. Ser uma coisa bem certa, para a gente estar certo, que após a cassação da Anice, ficar até dezembro de 2028, até o final do mandato do Paulinho", afirma Ian Vargas.
Marcos Antônio da Silva, ex-assessor de Anice e delator da operação Cashback, reforça a promessa de cargo à advogada. "A única ressalva é ter alguém que irá dar o respaldo jurídico (ao Paulinho)." Para demonstrar a "vantagem" no esquema, Ian Vargas reafirma que sua adesão ao plano se deu porque havia segurança política e financeira no acordo. "Por isso ele (Paulinho) me procurou. Ele me procurou primeiro".
Nomeação vinculada a um esquema de rachadinha
Em outro momento Ian Vargas confirma que tratou sobre o assunto pessoalmente com Paulinho da Saúde. "Porque isso (a cassação da Anice) salvaria ele (Paulinho). O Marcos me apresentou o Paulinho, eu não co11 a 17 de fevereiro de 2025 nhecia ele, conhecia só de vista, a conversa foi bem firme", explica Ian.
Marcos complementa, detalhando como a cassação de Anice abriria espaço para nomeações planejadas: "Aí eu falei, o que nós poderíamos fazer? Como nós já tínhamos essa intenção de segurar essa vaga para alguém para trabalhar com a área jurídica no gabinete, faria essa proposta: A pessoa entraria com essa ação, pedindo a quebra de decoro, dando ok, a assessoria é (dessa pessoa)".
A advogada aliciada questiona se poderia indicar outra pessoa em seu lugar. Ian refuta imediatamente: "É que daí ficaria ruim pra gente, ficaria muito ruim para mim. Que é o meu caso, eu não iria assumir o cargo. Você será indicada por mim. Se eu fosse assumir o cargo, aí eu entraria [com a representação]", admite Ian.
Marcos Silva reforça a promessa de que Paulinho da Saúde manteria a nomeação até o fim do mandato. "O Paulinho mantém ela até o final?", pergunta Ian. "Mantém!", responde Marcos.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 406, página 7, de autoria do jornalista Enrique Alliana
Veja o Jornal Tribuna Popular, Edição 406: https://tribunafoz.com/uploads/files/2025/02/jornal-tribuna-popular-edicao-406-pdf.pdf