O ABISMO FINANCEIRO

Redução do IPVA como gatilho para a "multa": Solução fácil, consequência grave

População penalizada mais uma vez: O plano de multar o cidadão iguaçuense até a exaustão

A crise no Foztrans não nasce do nada. Um dos gatilhos apontados foi a decisão do governador Ratinho Junior de reduzir o IPVA em 45% para automóveis, motocicletas e caminhonetes, a partir de 2026. Com a alíquota caindo de 3,5% para 1,9%, o Paraná passa a ter uma das menores taxas do Brasil, beneficiando milhões de proprietários de veículos.

Contudo, como metade da arrecadação do IPVA vai para os municípios onde os veículos são registrados, cidades como Foz do Iguaçu sentirão fortemente o impacto. Um carro de R$ 150 mil, que antes gerava R$ 5.250,00 em IPVA, agora contribuirá com apenas R$ 2.850,00. Essa diferença representa uma perda significativa de receita, especialmente para áreas que dependem diretamente desses recursos, como mobilidade urbana, pavimentação e manutenção das vias.

Somando a redução do IPVA ao aumento constante dos custos de contratos e operações do Foztrans, o cenário se desenha como um verdadeiro abismo fiscal. E, diante do rombo, a solução encontrada parece ter sido simples, rápida e perversa: multar.

A "indústria da multa": Solução fácil, consequência grave

Enquanto o orçamento desce ladeira abaixo, o número de multas sobe de maneira quase geométrica. A percepção dos motoristas é clara: a cidade virou um campo minado de fiscalizações, radares e agentes posicionados estrategicamente para flagrar infrações menores. A função educativa da multa se perdeu, virou fonte de receita.

E é esse ponto que faz a CPI estremecer a gestão do General Silva e Luna. A superintendente Aline Maicrovicz, que até então circulava com prestígio na administração, agora terá que explicar o que justifica tamanha ofensiva arrecadatória. Os vereadores querem saber se houve ordem política para aumentar notificações, se metas foram estipuladas e se a estrutura da Celepar e demais contratadas está apropriada ou apenas funcionando como máquina de transformação de infrações em dinheiro.

Se a CPI comprovar que a "Indústria da Multa" foi deliberadamente implantada para equilibrar as contas do Foztrans, estaremos diante de um dos maiores escândalos da gestão General Silva e Luna, revelando não apenas incapacidade administrativa, mas violação do interesse público.

A transformação do Foztrans em caixa eletrônico

A verdade é que a mobilidade urbana de Foz do Iguaçu precisa de planejamento, técnica, investimentos e transparência e não da transformação do trânsito em caixa eletrônico.

A CPI será decisiva para mostrar se houve incompetência, má gestão ou algo ainda mais grave. O que não se pode mais aceitar é o silêncio institucional diante de um modelo que pune o cidadão, sufoca quem trabalha e transforma falhas de gestão em negócio lucrativo.

Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 424, Página 9, de autoria do Jornalista Enrique Alliana