Secretária do FOZTRANS pretende dobrar a "industria da multa" em Foz do Iguaçu
Por Tribuna Foz dia em Notícias

POPULAÇÃO PENALIZADA
Secretária do FOZTRANS pretende dobrar a "industria da multa" em Foz do Iguaçu
População penalizada mais uma vez: O plano de multar o cidadão iguaçuense até a exaustão
Em Foz do Iguaçu, a sensação de que o cidadão está sendo tratado como inimigo público cresce a cada dia. A frase popular "nada é tão ruim que não possa piorar" parece ter se tornado um lema da atual administração municipal, especialmente quando o assunto envolve o FOZTRANS - o Instituto de Transporte e Trânsito da cidade. A diretora-superintendente Aline Maicrovicz, ao que tudo indica, pretende dar um novo significado à expressão "indústria da multa", transformando-a em um verdadeiro sistema de arrecadação em massa às custas da população já penalizada por uma série de problemas urbanos não resolvidos.
Segundo informações que teriam vazado de dentro do próprio FOZTRANS, Aline Maicrovicz estaria articulando um projeto de alteração da Lei nº 2.290, de 28 de fevereiro de 2000, que trata da criação das carreiras do FOZTRANS, para ampliar o número de vagas de Agentes de Trânsito e Transporte de 24 para 44. À primeira vista, poderia parecer uma medida de reforço para melhorar o ordenamento e a fiscalização nas vias da cidade. No entanto, ao olhar com mais atenção, percebe-se que a justificativa de "organizar o trânsito" esconde o verdadeiro propósito: aumentar exponencialmente o número de autuações e, consequentemente, de multas.
Em um município onde o transporte coletivo é precário, as vias estão em mau estado e a sinalização é deficiente, a prioridade do poder público deveria ser investir em mobilidade, educação no trânsito e infraestrutura, não em ampliar o aparato punitivo. A população, que já convive com uma série de dificuldades diárias, buracos nas ruas, congestionamentos e transporte público caro e ineficiente, vê agora o fantasma da "fiscalização ampliada" se aproximando. E o que isso significa, na prática? Mais agentes, mais abordagens, mais autos de infração e, inevitavelmente, mais dinheiro saindo do bolso dos motoristas, motociclistas e até ciclistas.
A "minuta do golpe", como já vem sendo apelidada por servidores administrativos do FOZTRANS, parece ser um movimento calculado para reforçar o caixa da administração às custas da paciência e do suor do povo iguaçuense. O FOZTRANS, que deveria atuar como um órgão de gestão e planejamento de mobilidade urbana, se transforma, cada vez mais, em um instrumento arrecadatório. Aline Maicrovicz, ao que tudo indica, tem sede de punição e não de solução.
Ao dobrar o número de agentes, ela praticamente dobra o potencial de autuações diárias, o que pode representar milhões de reais a mais por ano em multas.
Mas há um ponto ainda mais grave nessa história: a clara ligação política da secretária com os chamados "barões do transporte escolar". Por isso é legítimo questionar se o verdadeiro objetivo do projeto é servir ao interesse público ou a grupos específicos que orbitam a estrutura de poder local. O cidadão comum, que precisa se deslocar todos os dias para trabalhar, levar os filhos à escola ou realizar suas tarefas básicas, acaba sendo a principal vítima dessa política punitiva.
Enquanto isso, o prefeito general Silva e Luna mantém silêncio sobre o assunto. Será que ele apoia essa ofensiva contra o bolso dos iguaçuenses? Ou está sendo conivente com uma estratégia que, além de impopular, pode minar ainda mais sua já combalida relação com a população? É difícil acreditar que um gestor com experiência em comando militar não perceba o impacto social e político de medidas como essa. A indiferença diante de uma iniciativa tão controversa só reforça a imagem de um governo desconectado da realidade e alheio às necessidades do povo.
O trânsito de Foz do Iguaçu não precisa de mais fiscais para punir; precisa de gestores para planejar. A cidade carece de investimento em engenharia viária, em campanhas educativas e em soluções inteligentes para o tráfego. Não em mais talões de multa. A verdadeira "ordenação" do trânsito começa com respeito, diálogo e planejamento, não com perseguição e punição.
Se a "minuta do golpe" avançar, o que se verá nas ruas será um exército de agentes empunhando tablets e câmeras, transformando a rotina dos motoristas em um campo minado de infrações. E, como sempre, quem pagará essa conta será o contribuinte, aquele mesmo que já sofre com impostos altos, serviços precários e promessas não cumpridas.
Foz do Iguaçu, cidade reconhecida mundialmente por suas belezas naturais e pelo acolhimento de seu povo, corre o risco de ganhar um novo título nada honroso: o de capital da multa. Uma cidade onde a gestão pública prefere punir em vez de educar, arrecadar em vez de servir, e transformar o trânsito o símbolo de movimento e progresso em mais uma ferramenta de opressão financeira.
Resta agora saber se os vereadores, ao receberem o projeto, terão coragem de enfrentar essa tentativa de golpe silencioso contra o cidadão. Porque se aprovada, a medida deixará claro que, em Foz do Iguaçu, a lei que mais vale é a do lucro fácil e quem paga a conta, mais uma vez, é o povo.
Esta é uma reprodução da matéria jornalística publicada pelo Jornal Tribuna Popular, Edição 423, Página 9, de autoria do Jornalista Enrique Alliana